Pesquisa evidencia o ciclo de nanoplásticos no meio ambiente
Uma pesquisa realizada na Universidade da Finlândia Oriental foi responsável pela descoberta de um dos ciclos dos nano e microplásticos no meio ambiente na cadeia alimentar. Enquanto a presença desses materiais nos peixes já havia sido comprovada pela abundância do plástico na água, o estudo evidenciou uma nova rota que também pode ser responsável pela contaminação dessas espécies.
No estudo, especialistas cultivaram ramos de alface em um solo contaminado com cerca de 250 partículas minúsculas de nanoplásticos de poliestireno e cloreto de polivinila — os plásticos mais presentes no meio ambiente. Após 14 dias, o vegetal foi colhido e dado como alimento para larvas de moscas-soldado, que por sua vez, foram consumidas por peixes de água doce.
Ao dissecar e analisar todos os fatores de pesquisa, foi possível observar que, embora as raízes do alface que tiveram um contato maior com o plástico, a maioria do material ficou armazenado em suas folhas. Portanto, consequentemente, as larvas e os peixes também foram contaminados com os resíduos.
Os especialistas também divulgaram outras informações que ajudam a evidenciar o papel do plástico no organismo dessas espécies. No organismo das larvas, o material continuava presente mesmo após a evacuação. Já nos peixes, as partículas foram encontradas majoritariamente no fígado dos animais, mas também estavam em suas guelras e tecido intestinal.
Por conta do curto período estabelecido pelo estudo, os cientistas não observaram nenhuma reação adversa do plástico no organismo desses animais. No entanto, outros estudos já evidenciaram que o material pode ser responsável pelo transporte de patógenos de áreas poluídas para essas espécies.
Além disso, os estudos sobre os efeitos dos nanoplásticos no organismo dos seres vivos ainda é escassa. Diversas outras pesquisas já comprovaram a sua presença em órgãos humanos, como na placenta e nos pulmões, porém, seus efeitos são desconhecidos até hoje.
Por outro lado, uma outra pesquisa sobre os nanoplásticos também evidenciou a contaminação de outras espécies de plantas. Feito por especialistas da Universidade de Presov, na Eslováquia, o estudo confirmou a presença do material em cardas do gênero Dipsacus — um tipo de planta que possui estruturas coletoras de água chamadas de fitotelmos.
De acordo com representantes da pesquisa, os fitotelmos são “microcosmos aquáticos relativamente comuns, mas negligenciados, com uma ocorrência de muito curto prazo de apenas 3 a 4 meses”. Portanto, ficaram surpresos ao encontrar partículas de nanoplástico nessas formações.
Em uma análise da área, eles não encontraram sinais do material, o que indica que essa contaminação foi derivada da poluição atmosférica ou de lesmas e outros organismos que entraram em contato com as partículas e as transportaram para as plantas estudadas.
Ambos os estudos evidenciam o problema crescente dos micro e nanoplásticos no meio ambiente. Quase impossíveis de remover, essas partículas podem ser encontradas nos cantos mais remotos do planeta, contribuindo para a poluição e para seus problemas subsequentes.