O que é narguile e seus riscos para a saúde?

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O narguile, também conhecido como arguile, narguilé ou shisha, é um tipo de cachimbo de água originário do Oriente Médio, mais especificamente do norte da África e sul da Ásia.

Recentemente, ele se tornou popular no ocidente. Mas, é verdade que o narguile é pior do que o cigarro?

Um estudo revelou que quase um terço dos jovens acredita que fumar narguilé é menos prejudicial que fumar cigarros. Porém, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer, uma hora de uso do dispositivo equivale à fumaça de 100 a 200 cigarros.

Qual é a origem do narguilé?

Apesar de haver discordâncias, o narguilé, possivelmente originado na Índia e Paquistão no século XVII, foi criado por Hakim Abul Fath, médico que buscava purificar o fumo. A palavra “narguile” provém do persa, significando coco, material do recipiente de fumar da época.

Na Turquia, o hábito se difundiu mundialmente, gerando cafés especializados e um polo cultural há cerca de 500 anos. Em alguns lugares, fumar narguilé é associado a paz, rituais e repouso. Reuniões de fumo costumam ser acompanhadas por chás, cafés e petiscos leves.

Em nações árabes, ele pode ser usado como decoração em casa, e presentear alguém com este objeto é um gesto hospitaleiro.

Narguile faz mal?

Uma pesquisa da University of Pittsburgh School of Medicine revelou que o narguilé é muito mais prejudicial que o cigarro, com 25 vezes mais alcatrão, 125 vezes mais fumaça, 2,5 vezes mais nicotina e 10 vezes mais monóxido de carbono. Essas substâncias são altamente tóxicas e cancerígenas para o corpo humano.

Outros estudos indicam riscos para fumantes passivos e trabalhadores na produção do aparelho. Mesmo uso esporádico pode causar danos significativos. Segundo o Centers for Disease Control and Prevention, uma sessão de narguilé de uma hora expõe o fumante a 90 mil ml de fumaça, comparado a 600 ml de um cigarro.

Foto de Awesome Sauce Creative na Unsplash
Bituca de cigarro: uma grande vilã ambiental

Entretanto, não está claro se os fumantes de narguilé estão mais ou menos expostos a substâncias tóxicas, pois isso depende também dos hábitos de cada um. Porém, um estudo envolvendo 1.671 adolescentes descobriu que fumar durante a adolescência está relacionado ao uso futuro do cigarro.

Riscos a longo prazo

Fumar cigarro ou narguilé traz riscos similares, uma vez que a água não filtra toxinas. Com o tempo, o risco de doenças relacionadas ao fumo aumenta, incluindo:

  • Problemas pulmonares como DPOC e bronquite;
  • Aumento do risco de doenças do coração e ataques cardíacos;
  • Maior probabilidade de câncer, especialmente de pulmão, garganta e boca;
  • Envelhecimento precoce devido à redução de oxigênio na pele;
  • Aumento de infecções como mononucleose e herpes oral;
  • Asma;
  • Infertilidade;
  • Osteoporose;
  • Gengivite;
  • Outros cânceres graves.

Muitas universidades vêm ampliando a conscientização sobre riscos do narguilé, pois jovens podem carecer de informação para escolhas conscientes. Educação é responsabilidade coletiva. Compará-lo com cigarro depende da frequência e profundidade da inalação, mas essências mais aromatizadas tendem a ser mais tóxicas.

O problema dos jovens 

Aparelhos de nicotina diferentes do cigarro convencional vem atraindo, cada vez mais, a população jovem. Assim como o vape, o narguile pode ser fumado com inúmeros sabores que disfarçam o gosto de tabaco — e, consequentemente, atraem os jovens. 

De fato, um estudo coordenado pela professora Deborah Carvalho Malta, da Escola de Enfermagem, revela que 22,6% dos adolescentes já experimentaram cigarro alguma vez.

Uso de narguilé e cigarro eletrônico aumenta entre adolescentes brasileiros

 Entre os métodos usados para o fumo, o estudo evidenciou que a experimentação de narguilé (26,9%), cigarro eletrônico (16,8%) e outros produtos do tabaco (9,3%) também se mostra elevada entre os adolescentes, especialmente os do sexo masculino de 16 a 17 anos.

Quer parar de fumar?

Devido aos riscos associados ao narguile, tentar parar de fumar pode ser uma boa opção. Porém, a verdade é que parar de fumar é difícil, pode demandar energia e você não se sentirá em suas melhores condições físicas.

Por ser um vício, parar de fumar subitamente vai trazer inúmeros efeitos colaterais — e a abstinência. 

No início, os sintomas mais recorrentes são:

  • mais fome do que o habitual (o que leva ao ganho de peso);
  • mal-humor;
  • depressão;
  • inquietude;
  • insônia;
  • dificuldades para se concentrar.

Mas tenha em mente que esses sintomas de abstinência são temporários e desaparecem em alguns dias.

Métodos

Há vários métodos farmacêuticos para parar de fumar, como o uso de vareniclina, adesivos de nicotina, chicletes, pastilhas, enzimas e sprays nasais.

Tais métodos são mais eficazes estatisticamente, já que pessoas que fazem uso deles têm maior tendência a não voltar a fumar. Também há métodos não farmacêuticos, para aqueles que não querem abandonar o vício utilizando outras “drogas”, preferindo estratégias naturais.

Para isso, os próximos itens podem ser muito úteis para controlar a vontade de fumar! Lembrando que não há problema em sobrepor métodos naturais; na verdade, isso pode até ser bom! O ideal é, afinal, parar de fumar. Alguns métodos incluem:

  • Prática de exercícios físicos: cinco minutos de atividade física de intensidade moderada (subir e descer alguns lances de escadas, caminhar pelo quarteirão e fazer yoga, por exemplo) diminui a vontade de fumar e os sintomas de abstinência. 
  • Meditação: a meditação pode ser muito útil no processo de parar de fumar. Isso porque a prática reduz o desejo pelo narguile e ajuda a treinar o autocontrole. Dessa forma, é possível mudar a forma como você responde a esses impulsos quando eles surgem.
  • Uso de plantas: fazer uso de plantas herbáceas em alimentos ou mascando-as pode te ajudar a relaxar nos momentos de tensão que você sentirá quando começar a parar de fumar. Alguns exemplos incluem a erva-de-são-joão (também conhecida como hipérico) ou a lobélia.
  • Acupuntura: fazer acupuntura tem eficácia semelhante aos substitutos da nicotina. Ela ajuda bastante nos estágios iniciais, mas, após um ano, assim como os adesivos de nicotina e pílulas, surte um efeito placebo.
  • Mudar hábitos: sair de férias ou fazer qualquer outra alteração em seus horários e hábitos é mais uma das dicas para parar de fumar. Estar fora do seu ambiente natural e respirando novos ares pode facilitar a superação dos primeiros dias sem cigarro, que são os mais desafiadores.
Stella Legnaioli

Jornalista, gestora ambiental, ecofeminista, vegana e livre de glúten. Aceito convites para morar em uma ecovila :)

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