Natto é um alimento tradicional japonês feito de soja fermentada. As suas duas principais características são a viscosidade e o cheiro, que algumas pessoas consideram desagradável. No entanto, o natto é um alimento rico em nutrientes e probióticos, propiciando diversos benefícios para a saúde de quem o consome.
O natto normalmente é acompanhado de arroz branco cozido no vapor e temperado com negi (uma espécie de cebolinha japonesa) e ovo cru.
Embora mais comumente usado como um alimento do café da manhã, é possível encontrar, no Japão, variações desse alimento, como macarrão, pizza e até mesmo sorvete de natto.
Segundo o professor Samuel Yamashita, professor de história japonesa na Pomona College em Claremont, na Califórnia, o natto foi exportado para o Japão da China durante o período Nara (710-784). Porém, ele só foi se tornar popular no período Kamakura (1192-1333) quando começou a ser consumido por aristocratas e guerreiros, que gostaram do sabor dessa “soja viscosa”
Foi no período Edo (1603-1867) que o natto passou a ser um elemento fundamental na dieta japonesa, aparecendo em livros de receita e fazendo parte da culinária diária.
O natto costumava ser preparado enrolando soja cozida em palha de arroz. A palha de arroz contém a bactéria Bacillus subtilis, que ocasionava a fermentação. No entanto, no século 20, cientistas conseguiram isolar essa bactéria, o que modernizou a produção do natto e fez com que a palha de arroz não fosse mais necessária.
Hoje em dia, seu preparo envolve menos processos e o alimento pode ser encontrado em mercados por todo o Japão.
Embora o natto seja um alimento de características pouco agradáveis, ele é considerado um superalimento pelos japoneses. Isso porque ele é rico em proteínas, vitaminas e minerais. O processo de fermentação do natto também diminui seus antinutrientes, o que auxilia o corpo na absorção dos nutrientes e evita sensação de indigestão.
Confira abaixo alguns dos principais benefícios.
O natto é rico em vitamina B6 e vitamina E, que estimulam a renovação celular e retardam o envelhecimento da pele.
O natto fornece 22% do valor recomendado de cálcio a ser consumido diariamente. Além disso, ele é uma importante fonte de vitamina K2, responsável por levar o cálcio até os ossos e mantê-lo lá. Além disso, estudos mostram que a suplementação dessa vitamina pode desacelerar o processo de perda de densidade mineral óssea (DMO) e reduzir o risco de fraturas.
Os probióticos contidos no natto contribuem para uma flora intestinal saudável, que previne o crescimento de bactérias perigosas e estimula a produção de anticorpos naturais. Além disso, estudos (1 e 2) mostram que esses probióticos reduzem a sensação de gases, constipação, diarreia e inchaço.
Mesmo que a soja contenha antinutrientes, que possam dificultar a digestão e causar náusea, o processo de fermentação pelo qual passa o natto reduz consideravelmente os níveis dessas substâncias.
O natto é rico em fibras e probióticos, o que auxilia na diminuição dos níveis de colesterol. Além disso, a fermentação da soja produz uma enzima chamada nattokinase, que auxilia na dissolução de coágulos de sangue e ainda reduz a pressão sanguínea.
Outro dado importante é que os alimentos fermentados à base de soja costumam perder menos nutrientes durante seu preparo. Esses nutrientes, como os já mencionados e a vitamina K2, diminuem o risco de doenças cardiovasculares.
Os probióticos reduzem o risco de infecção e promovem uma recuperação mais rápida em caso de doença. Um estudo com minhocas mostrou a eficácia do consumo de natto contra bactérias gram-positivas.
Outros componentes do natto, como o zinco, selênio, vitamina C e ferro, também ajudam a fortalecer o sistema imunológico.
Estudos (1, 2 e 3) mostraram que as isoflavonas de soja, como as presentes no natto, podem ajudar na prevenção do câncer de mama, gastrointestinal e de próstata. Além disso, outros estudos (4 e 5) relacionam a vitamina K2 à diminuição do risco de câncer no fígado e na próstata.
Os probióticos auxiliam na redução de estresse, melhoram a memória e reduzem sintomas de ansiedade e depressão. Além disso, eles podem ser eficazes no controle do transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).
Com todos esses benefícios, a aparência pouco convidativa do natto fica em segundo plano. Para quem deseja experimentar e incluir o natto à dieta, é possível prepará-lo em casa. Confira:
Embora conte com uma variedade de benefícios, alguns aspectos devem ser levados em consideração na hora de incluir a soja fermentada na dieta.
O natto contém vitamina K1, responsável por impedir coágulos de sangue. Por isso, é recomendável que pessoas que já fazem uso de medicamentos anticoagulantes consultem um médico antes de incluir esse alimento na dieta.
Além disso, a soja é um goitrogênico. Isto é, ela possui substâncias que dificultam a absorção de iodo pelo corpo e pode prejudicar o funcionamento da tireoide. Por isso, pessoas que já têm algum problema relacionado à tireoide devem atentar para o consumo excessivo de natto.
Para pessoas saudáveis, o natto não apresenta riscos e ainda conta com diversos benefícios para a saúde. Devido às propriedades benéficas desse superalimento, foram desenvolvidos suplementos de nattokinase, a enzima presente no natto. As suas contraindicações são iguais às do consumo do alimento in natura, incluindo a preocupação com a sua possível ação na pressão arterial.
De qualquer forma, o consumo do natto in natura ainda é encorajado devido às suas propriedades benéficas. E, quem sabe, você pode até acabar criando um gosto pela iguaria!
Se for difícil, muitos argumentam que o segredo para adquirir o hábito de comer esse superalimento está nos acompanhamentos. Sugere-se começar com pequenas porções de natto bem temperadas e acompanhadas de outros ingredientes e condimentos, como o molho de soja (shoyu).
Entre veganos e vegetarianos, a soja pode ser considerada um alimento problemático devido aos seus impactos ambientais. De fato, por conta da demanda, a produção da soja pode contribuir significativamente para a degradação do meio ambiente.
O mais comum é derivado do desmatamento para abertura de campos de plantio. Esse desmatamento de áreas verdes, além de contribuir para a perda do ecossistema florestal, também é um grande agente na emissão de CO2 na atmosfera.
O Brasil é o maior produtor de soja do mundo, portanto, é estimado que a Amazônia já tenha perdido cerca de 20% de sua vegetação original para abrir espaço para o plantio do feijão.
Contudo, acredita-se que os alimentos oriundos da soja, como o natto, não são responsáveis por grande parte dessa devastação. Cerca de 80-90% da soja produzida é plantada como alimento do gado, enquanto apenas 6% é destinado para o consumo humano.
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