A neutralidade de gênero abrange aspectos de linguagem e outras instituições sociais na ideia de evitar o uso do gênero e sexo na classificação de coisas. Evitar a distinção de papéis de acordo com o gênero, além de ajudar contra a discriminação, também é uma ferramenta para acabar com os papéis de gênero.
O termo é comumente usado dentro de pautas da comunidade LGBTQI+ e do feminismo, que também luta para a neutralidade de gênero dentro da linguagem e de outros aspectos da vida em sociedade.
A linguagem neutra, por exemplo, além de se ajustar para as preferências de pessoas não-binárias, também evita a exclusão das mulheres. A pluralidade no masculino, mesmo que envolva todos os gêneros, é um exemplo da língua portuguesa como uma linguagem binária que pode ser, muitas vezes, excludente de grupos sociais.
Dessa forma, a neutralidade de gênero é um ajuste positivo, também, dentro das questões da igualdade de gênero. Homens e mulheres cis também podem participar do movimento da neutralidade de gênero para serem mais inclusivos.
Na moda, a neutralidade de gênero já é comum. Embora existam temporadas de menswear e womenswear, muitas marcas contratam modelos de todos os gêneros para a mostra de suas coleções.
É comum dizer, também, que a moda não tem gênero. Muitos artistas e pessoas da comunidade em geral já utilizam dessa neutralidade para experimentar com roupas. O cantor britânico Harry Styles, por exemplo, foi o primeiro homem a posar para a capa da revista Vogue usando um vestido — vestimenta inicialmente considerada apenas para mulheres. O vestido usado era da Gucci, uma marca que é conhecida na indústria por suas peças chamativas e isentas de gênero.
Além disso, a androginia também sempre foi explorada pela indústria, principalmente dentro dos modelos contratados por casas de costura.
Dentro da neutralidade de gênero, é possível encontrar a linguagem neutra, que é isenta de qualquer indicação de gênero. Mais comumente utilizada entre pessoas não-binárias, essa linguagem é uma forma de inclusão e validação de pessoas dentro da comunidade LGBTQI+.
Ao invés de se referir a uma pessoa não binária com pronomes indicativos de gênero como “ele” ou “dele”, é preferível usar os termos “elu/delu”. Nesses casos, as letras que indicam os gêneros podem ser substituídas pela letra U.
O uso do E é mais válido para a linguagem neutra no geral, substituindo indicativos de gênero em adjetivos, por exemplo. Ao invés de dizer que tal pessoa não binária é “bonita”, diga “elu é bonite”.
Também é necessário evitar o uso de x, @ e qualquer outro símbolo ilegível na escrita, para se ajustar à linguagem inclusiva. O X no final das palavras as tornam ilegíveis por alguns mecanismos de leitura on-line, o que impossibilita sua leitura por pessoas com deficiência visual. Mesmo na linguagem falada, o X não tem pronúncia, principalmente quando sucede alguma consoante.
Para alguns exemplos de como e porque aplicar o uso da linguagem neutra e o pronome neutro leia nossas matérias aqui:
Dentro da comunidade LGBTQI+, a neutralidade de gênero pode ser aplicada dentro de diversas comunidades que se isentam da categoria assimilada pelo gênero. Isso inclui pessoas não-binárias (pessoas que não se identificam em nenhum gênero), gênero não-conformistas, gênero neutro, genderqueers e até mesmo pessoas trans que não querem se prender à identidade de gênero para serem vistas.
Porém, como já mencionado, pessoas fora da comunidade LGBTQI+ também podem abraçar a neutralidade de gênero, não apenas por sua importância social, mas também para impulsionar as vozes das minorias.
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