Neutralização de carbono em eventos é uma forma de celebração sustentável
A neutralização de carbono em eventos é uma forma de compensação ambiental aos impactos gerados em celebrações como festas, corridas, shows e outros tipos de eventos sociais. Ela é feita como um método de amenizar a pegada de carbono, ou pegada ecológica de instituições organizadoras de eventos, ou de pessoas que partilham da vontade de viver de um jeito sustentável.
Ao todo, os eventos, embora parte da experiência humana, são uma grande fonte de emissões de gases do efeito estufa. Um exemplo disso foi a realização da Conferência de Mudanças Climáticas da ONU de 2018, que foi responsável pela emissão de 55 mil toneladas de CO2 na atmosfera, sem contar as emissões provenientes da viagem dos mais de 30 mil participantes.
No entanto, é possível diminuir o impacto ambiental dos eventos. Pensando nisso, muitas pessoas com interesse às causas ambientais contribuem para a realização de eventos sustentáveis que podem, ou não, contar com a neutralização de carbono.
Contabilização das emissões de gases do efeito estufa
O primeiro passo para a neutralização de carbono em eventos é a contabilização das emissões de CO2 provenientes dessas celebrações. De acordo com o Climate Trade, existem quatro áreas principais a ter em conta no cálculo das emissões associadas a um evento: viagens, alojamento, local e alimentação.
- Viagem: para calcular as emissões de gases do efeito estufa dos participantes de um evento, é necessário dividi-los em quatro categorias: voo de longa distância, voo curto, ônibus, trem ou carro. A partir disso, é possível contabilizar as emissões com base no número de quilômetros percorridos. Acredita-se que as emissões derivadas das viagens representam três quartos de todas as emissões de um evento.
- Alojamento: quando os participantes de um evento precisam viajar para chegar ao local, geralmente se hospedam em hotéis. No entanto, existem diferenças em emissões de carbono em função da classificação dos hotéis — hotéis de cinco estrelas, por exemplo, são responsáveis por mais emissões.
- Local: as emissões do local dependem de diversos fatores, como consumo de energia e tipo de eletricidade usado.
- Alimentação: em geral, alimentos de origem animal possuem uma maior pegada de carbono do que aqueles de origem vegetal. Tudo isso deve ser considerado na contabilização das emissões.
Inventário de gases do efeito estufa
Normalmente, essa contabilização das emissões de um evento são feitas através de um inventário de gases do efeito estufa. Esse documento reúne todas as informações sobre as emissões provenientes do evento, incluindo os três escopos de emissões.
De acordo com o GHG Protocol, as emissões de gases do efeito estufa podem ser categorizadas em três escopos, os escopos 1, 2 e 3. Cada um representa a origem de cada emissão atmosférica de uma entidade. São esses escopos:
Escopo 1: emissões diretas
As emissões diretas referem-se àquelas de recursos de propriedade e controladas pelos seus emissores. Ou seja, o uso de combustíveis fósseis para o transporte.
Escopo 2: emissões indiretas
Essas emissões são geradas através do consumo, como a compra de eletricidade ou refrigeração de um estabelecimento ou empresa.
Escopo 3: emissões indiretas – não próprias
Referem-se às emissões de gases do efeito estufa resultantes da prestação de serviços, compra de bens e serviços e distribuição de itens.
A partir disso, o inventário é feito convertendo todos os gases em carbono equivalente, uma fórmula desenvolvida a partir da criação do Potencial de Aquecimento Global (Global Warming Potencial, ou GWP), que facilita a criação de técnicas de neutralização de carbono.
O que é a neutralização de carbono em eventos?
Por outro lado, também é possível fazer a neutralização de carbono em eventos, que compensa todas as emissões em projetos ambientais com a mesma proporção.
As técnicas de neutralização de carbono são comumente utilizadas como ações ambientais produzidas após a geração do inventário de gases do efeito estufa. Após a contabilização das emissões geradas, ações como o plantio de árvores, investimento em energias renováveis e captura e armazenamento de carbono são feitas para compensar danos ambientais.
Isso também impulsionou, por sua vez, o mercado de crédito de carbono — uma resposta à criação da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (United Nations Framework Convention on Climate Change ou UNFCCC). Em uma das reuniões do projeto, conhecida como Protocolo de Kyoto de 1997, um acordo internacional foi criado com o objetivo de estabelecer metas de emissões de CO2 entre os países.
O crédito de carbono é uma unidade de medida que corresponde, cada uma, a uma tonelada de carbono equivalente. Colocando um preço nas emissões de carbono, essa unidade de medida tem o objetivo de facilitar, com base em dados, a penalização das nações responsáveis por maiores emissões, contribuir para aquelas que têm menos emissões e financiar projetos ambientais.
O problema da neutralização de carbono em eventos
Embora o financiamento de projetos ambientais promovido pelo mercado de crédito de carbono seja visto majoritariamente como uma boa iniciativa, ele possui desvantagens. Muitos ativistas e organizações ambientais reforçam que os métodos de esforço para a neutralização e captura de carbono não são eficazes na diminuição de suas emissões. Assim, criam uma oportunidade para o incentivo de greenwashing de muitas empresas.
De fato, uma pesquisa da Universidade de Utah comprovou que as mudanças climáticas podem inviabilizar diversos projetos de captura de carbono, como o plantio de árvores. O estudo evidenciou que muitas florestas utilizadas nesses métodos podem perder mais carbono através de consequências do aquecimento global, como incêndios, estresse climático ou danos causados por insetos.
Portanto, muitos ambientalistas dão preferência a metodologias baseadas na diminuição dessas emissões, e não de sua neutralização ou compensação.
Como realizar a neutralização de carbono em eventos?
A partir das descobertas sobre o mercado de crédito de carbono e do que ocorre a partir de técnicas de neutralização de carbono, a escolha de uma organização que realiza essas ações de forma transparente e responsável pode ser difícil. Em geral, cabe à responsabilidade de cada entidade que procura esses serviços uma investigação fiel e rígida dentro desse mercado, para que suas emissões sejam mesmo reduzidas.
Para saber como começar a fazer a neutralização do carbono, preencha o formulário a seguir:
Reduzir a pegada de carbono do evento
Pensando nos pontos negativos da neutralização de carbono em eventos, é possível pensar em outros métodos ambientalmente viáveis que possam ajudar a diminuir a pegada de carbono desse meio. Essa redução pode ser feita de diversas maneiras, como a criação de um evento híbrido — que reúne pessoas pelo meio digital e reduz as emissões provenientes da viagem —, ou a escolha de um menu inteiramente vegano para as suas celebrações e reuniões.