Técnica de aceleração do intemperismo é capaz de realizar a neutralização de carbono em larga escala.
Uma parte importante do ciclo do carbono é a transformação química das rochas que, pelo intemperismo químico, se tornam uma forma natural de remoção e fixação de CO2 (dióxido de carbono ou gás carbônico) da atmosfera. O intemperismo é o conjunto de alterações físicas e químicas de rochas expostas na superfície da Terra. Ele é causado pelo clima (chuvas, sol), relevo (alta declividade, baixadas), rocha-mãe (composição mineralógica), tempo (exposição), fauna e flora (fornecimento de matéria orgânica para reações químicas e remobilizando materiais). A parte do processo em questão – que é capaz de absorver CO2 – ocorre pela dissolução de silicatos minerais, que naturalmente demora milhares de anos para ocorrer. Como essa escala de tempo não é suficiente para compensar as emissões atuais e controlar o aquecimento global, especialistas criaram uma técnica que consiste em acelerar esse processo.
Aceleração do intemperismo
O princípio da técnica de aceleração do processo geológico natural é dissolver artificialmente silicatos minerais e espalhá-los por largas áreas proporcionando assim que a restauração geoquímica ocorra mais rápido, em uma taxa de dez a 100 vezes mais rápido. Esse processo é chamado de enhanced weathering (intemperismo melhorado) uma forma de fertilização mineral. O intemperismo é otimizado de duas maneiras: pelo aumento da área superficial dos grãos triturando o mineral, assim mais material ficaria exposto ao meio ambiente; e pela atividade biológica dos solos que naturalmente realiza a aceleração do intemperismo como uma forma de extrair nutrientes minerais.
Um exemplo de mineral eficiente para essa técnica é a olivina (um silicato). Esse mineral, após ser triturado, pode ser espalhado por áreas de agricultura onde reagirá com o CO2 atmosférico. Após a reação o CO2 é então convertido para a forma de carbonatos sólidos, removendo o CO2 da atmosfera. Do solo, seriam transportados naturalmente para rios e por fim chegariam ao oceano, onde seriam precipitados e armazenados no estoque de carbono dos oceanos. O silicato também pode ser lançado diretamente nos oceanos e em praias. O mineral ainda poderia ajudar no combate a acidificação do oceano já que é alcalino.
Carbonatação mineral
Outra versão da técnica é a carbonatação, também chamada de sequestro mineral de CO2, que pode ser aplicado diretamente na fonte poluidora, como em grandes indústrias. Nesse cenário, o processo se iniciaria do tradicional modo do CCS (captura e armazenamento de carbono), sequestrando o CO2 das emissões. Só que, em vez de injetar o CO2 em reservas geológicas, ele é transformado em matéria-prima para outros produtos. Como dito anteriormente, por meio do uso de minerais específicos, o CO2 pode ser convertido em carbonatos sólidos, esse material sólido seria reinserido na cadeia produtiva, podendo se tornar, por exemplo, cimento.
A aceleração do intemperismo de rochas e a carbonatação mineral podem remover e fixar significativas taxas de CO2 por períodos indeterminados nos oceanos e no solo ou transformá-lo em novos produtos representando uma promissora técnica para neutralização de carbono. Os silicatos poderiam ser amplamente espalhados, principalmente nos trópicos úmidos, onde as taxas de intemperismo são maiores. Este é um método de geoengenharia recente, e os estudos estão apenas começando. É bastante possível que esta seja uma tecnologia muito eficiente na redução permanente de CO2 atmosférico. Ao contrário do CCS, não há o risco de vazamento do gás das reservas geológicas, pois estes serão convertidos em material sólido.
Porém, como é uma técnica estudada por poucos e difícil de ser aplicada na prática, seus efeitos e riscos são incertos. Pode haver mudança do pH de solos, rios e oceanos. Também são levado em conta os altos gastos de energia para a mineração do silicato ou de outro mineral a ser aplicado, além dos impactos ambientais atrelados à atividade de mineração e à liberação de CO2. Para compensar 30% das emissões mundiais de CO2, seria necessário espalhar cinco gigatoneladas de silicato no ambiente anualmente!
Portanto, esse tipo de captura de CO2 para compensar e promover a neutralização de carbono tem capacidade de ser efetiva a longo prazo, mas ainda deve ser aprimorada para desenvolver métodos mais viáveis e entender todos os efeitos e riscos associados.
Como saber se produzo emissão de carbono? Preciso neutralizar?
A pegada de carbono (carbon footprint – em inglês) é uma metodologia criada para medir as emissões de gases estufa – todas elas, independente do tipo de gás emitido, são convertidas em carbono equivalente. Esses gases, incluindo o gás carbônico, são emitidos na atmosfera durante o ciclo de vida de um produto, de processos ou de serviços. São exemplos de atividades que geram emissões a queima de combustíveis fósseis como as viagens de avião e a colheita mecanizada, consumo de qualquer natureza (alimentação, vestimenta, entretenimento), produção de eventos, a criação de pastagem para gado, o desmatamento, a produção de cimento, entre outras. Atividades que emitem carbono podem ser realizadas tanto por pessoas, quanto por empresas, ONGs e governos – por isso, todas essas entidades podem realizar a neutralização de carbono.
Se você come um prato de arroz e feijão, saiba que houve uma pegada de carbono para essa refeição, se em seu prato contiver alimentos de origem animal, essa pegada é ainda maior (plantação, cultivo e transporte). Conhecer a emissão de carbono, direta ou indiretamente, é muito importante para reduzi-la com a finalidade de desacelerar o aquecimento global, melhorar a qualidade de vida do planeta, reduzir a pegada ecológica e evitar o overshoot, conhecido como a sobrecarga da Terra.
Reduzir o consumo supérfluo e optar por uma postura mais amigável ao meio ambiente, praticando o descarte correto e a compostagem, por exemplo, são formas de evitar a emissão de carbono. Já a emissão de carbono que não foi possível evitar, é preciso neutralizar.
Como posso fazer a neutralização de carbono?
Algumas empresas, como a Eccaplan, oferecem o serviço de cálculo e neutralização de carbono para indivíduos e empresas. As emissões inevitáveis podem ser compensadas em projetos ambientais certificados. Dessa forma, a mesma quantidade de CO2 emitida nas empresas, produtos, eventos ou no dia a dia de cada pessoa, é compensada com incentivo e uso de tecnologias limpas.
A compensação ou neutralização de carbono, além de viabilizar financeiramente projetos ambientais, melhora a qualidade de vida das pessoas e promove o uso sustentável de áreas verdes. Para saber como começar a fazer a neutralização do carbono emitido por você, sua empresa ou evento, assista ao vídeo e preencha o formulário a seguir: