A New Plastics Economy – Nova Economia dos Plásticos, é uma abordagem diferente sobre a cadeia de produção e o descarte dos plásticos. A iniciativa teve início em 2016, com a publicação do relatório “The New Plastics Economy” pela Ellen Macarthur Foundation, pelo Fórum Econômico Mundial e pela McKinsey & Company.
Lançada em maio de 2016, The New Plastics Economy é resultado de uma parceria entre a Fundação Ellen MacArthur e Amcor, Coca-Cola, Danone, MARS, Novamont, Unilever, Veolia e uma série de outras empresas, cidades e governos.
A proposta é repensar o futuro dos plásticos, incluindo os princípios da economia circular. Para saber mais sobre economia circular, confira a matéria:
A iniciativa New Plastics Economy propõe três ideias principais para uma nova economia circular do plástico: redesenho fundamental e inovação; reuso; e reciclagem radicalmente melhorada em termos econômicos e qualitativos.
A New Plastics Economy tem como principais tópicos:
A iniciativa reúne empresas globais de bens de consumo, varejistas, produtores plásticos e fabricantes de embalagens, cidades e empresas envolvidas na coleta, triagem e reprocessamento, para impulsionar projetos colaborativos. Um conselho consultivo de empresas filantrópicas supervisiona a iniciativa de assegurar a inclusão de um amplo conjunto de considerações sociais, ambientais e comerciais.
A ineficaz economia de plásticos de hoje é resultado de décadas de inovação altamente fragmentada, não coordenada e incremental, que não conseguiu evitar a perda de valor econômico e externalidades negativas. Ao repensar fundamentalmente o sistema, o Global Plastics Protocol (protocolo global dos plásticos) permite a criação de mercados eficazes.
A New Plastics Economy acredita que o mundo está num momento de revolução econômica, social e tecnológica disruptiva, sendo religado por intermédio da digitalização, automação e inteligência artificial, um momento propício para criar projetos de tecnologia que solucionam problemas imensos.
Uma base sólida de evidências informa a direção da mudança. Avaliações econômicas orientam a priorização de melhorias potenciais. Criar transparência sobre as realidades e as melhores práticas do sistema de hoje informa o debate global.
Empresas, decisores políticos, estudantes, educadores, acadêmicos, designers, cidadãos, ONGs, associações industriais e outros desempenham um papel na transição para um novo sistema. A iniciativa aprende, informa, e envolve todas essas partes interessadas.
Confira outros tópicos importantes:
O crescimento projetado para a produção de plásticos é crescente. Para se ter ideia, se continuarmos produzindo e consumindo plástico nos moldes atuais, estima-se que o oceano poderá conter mais peso em plásticos do que peixes até 2050. Isso porque a maioria dos plásticos é utilizada apenas uma vez e 95% do seu valor, estimado em 80 a 120 bilhões de dólares por ano, é perdido.
Além disso, as embalagens de plástico, que são particularmente propensas a escapar para o meio ambiente, geram externalidades negativas: degradação de sistemas naturais e emissões de gases de efeito estufa. Essas externalidades negativas são valorizadas pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) em torno de 40 bilhões de dólares.
Para melhorar esse cenário, a economia do plástico propõe três metas:
Sem inovar o design das embalagens plásticas, cerca de 30% desse material nunca será reutilizado ou reciclado.
Apenas 20% das embalagens plásticas têm a reutilização como uma alternativa economicamente viável. Por outro lado, com melhorias nos sistemas de design e pós-uso, a reciclagem seria economicamente atraente para os 50% restantes das embalagens plásticas.
A inovação do design e a melhoria do pós-uso devem se concentrar em quatro segmentos:
Representando cerca de 10% do mercado de plástico (em peso), e 35% a 50% em número de itens, a embalagem de pequeno formato é formada por tampas, invólucros de doces e potes pequenos que tendem a escapar dos sistemas de coleta ou triagem, que não têm reutilização econômica ou reciclagem.
Por serem muito pequenos, esses itens possuem baixo valor pós-uso. E o pior é que depois de escaparem para o ambiente dificilmente são resgatados. Mas todos esses fatores podem ser melhorados com a otimização do design desse segmento do plástico.
A embalagem multimaterial (cerca de 13% do mercado, em peso) atualmente não possui reciclagem economicamente viável. Isso porque, apesar de apresentarem características vantajosas (proteção contra umidade, peso e custos reduzidos), as embalagens multimateriais são compostas por diferentes tipos de materiais (plástico e alumínio, por exemplo) em camadas muito finas, o que inviabiliza sua separação.
Para algumas aplicações, existem tecnologias que, em teoria, podem capturar parte do valor do material através do downcycling, ou seja, do processo de conversão de materiais em novos materiais de menor qualidade, valor econômico e/ou funcionalidade reduzida.
Plásticos PVC, PS e EPS se destacam como materiais de embalagem incomuns. Eles representam 85% dos materiais incomuns de embalagens plásticas. Seus baixos volumes conduzem a resultados ruins: menos de 5% das embalagens de PVC são recicladas na Europa, e PS e EPS raramente são reciclados (embora haja exceções ocasionais, incluindo algumas instalações de grande escala na Alemanha). Entretanto, mesmo que os volumes de reciclagem fossem maiores, outros problemas permaneceriam.
No caso das embalagens de alimentos, principalmente daquelas que embalam comida fast-food, um dos problemas é a dificuldade em higienizá-las para destiná-las à reciclagem.
Outra desvantagem é que os materiais utilizados nessas embalagens têm potencial de causar câncer e, após o descarte, prejudicar animais e o meio ambiente.
A New Plastics Economy apresenta uma série de soluções para melhorar o design das embalagens e viabilizar seu pós-uso.
Exemplos nesse sentido são as embalagens cosméticas que evitam tampas soltas e no lugar destas utilizam as tampas flip-top, que conectam o fechamento à embalagem principal. Garrafas no estilo nepenthes também diminuem perdas de pequenos itens para o ambiente.
Para outros itens menores que ainda não têm um design viável, a alternativa apontada pela New Plastics Economy é confeccioná-los com plástico compostável.
Saiba mais sobre plásticos compostáveis nas matérias:
Para embalagens multimateriais, a inovação se daria na composição dos materiais, que, dentro da proposta New Plastics Economy, deveriam ser substituídos por materiais de composição semelhante ou também por materiais compostáveis.
Outra solução para os itens não recicláveis é a pirólise, que trata o resíduo por meio do aquecimento, dando origem à matéria-prima para fabricação de novos plásticos.
A desmontagem é uma alternativa a se pensar no caso dos materiais que possuem várias camadas de distintas composições, chamados de laminados ou multimateriais. Um exemplo desse tipo de embalagem é o plástico BOPP. Para saber mais sobre esse tema, confira a matéria:
Empresas como Saperatec, Cadel Deinking, e AP estão desenvolvendo ou ampliando tecnologias que separam materiais após o uso.
Para os plásticos incomuns, algumas soluções já estão em vigor: o uso desses materiais que prejudicam a saúde está em declínio. Mas a substituição destes por outros representa apenas uma evolução, e não uma revolução. Quando feitas de materiais compostáveis, as embalagens fast-food, por exemplo, podem ser descartadas juntamente de restos alimentares.
Entretanto, apenas a troca por materiais compostáveis não é a solução. É preciso também uma evolução na infraestrutura que seja capaz de efetivar a compostagem.
Inovar nas embalagens de produtos de limpeza e cosméticos pode gerar uma economia de 80% a 90% de material plástico.
A ideia é eliminar a água desses produtos – que é a maior parte da composição – e embalar apenas os compostos ativos, para que, em casa, sejam dissolvidos em água.
Todas embalagens de cosméticos e produtos de limpeza redesenhadas representariam uma economia de três milhões de toneladas de plástico, o que equivaleria a uma economia de oito bilhões de dólares; de 85% a 95% dos custos com transporte e uma redução de 80% a 85% nas emissões de gases de efeito estufa.
Cerca de 330 bilhões de sacolas plásticas são produzidas por ano, o que equivale a 10.000 sacolas por segundo! E a maioria delas não é utilizada mais do que algumas horas. Muitas vezes elas escapam para o ambiente, prejudicam animais e quase nenhuma é reciclada.
De acordo com relatório da iniciativa The New Plastics Economy, a solução é evitar a distribuição gratuita de sacolas.
De acordo com o mesmo relatório, em lugares onde foi implementada essa ideia houve queda instantânea de 80% a 95% no uso de sacolas plásticas de uso único e uma redução de mais de 90% na participação de sacos de plástico no total do lixo no primeiro ano após essa intervenção. Esses números representam mais de dois milhões de toneladas de poupança de material e uma economia de 0,9 bilhão de dólares.
As embalagens de bebidas representam 16% (em peso) de todo mercado de embalagens plásticas.
Apesar de serem frequentemente recicladas, acabam perdendo valor de uso após a primeira reciclagem.
A proposta da New Plastics Economy é incentivar o mercado de retornáveis ou recarregáveis, uma alternativa atrativa, mais barata e com uma pegada de carbono consideravelmente menor.
Para saber mais sobre o tema “pegada de carbono”, confira a matéria:
Os envoltórios de paletes (ou pallets), normalmente utilizados para manter produtos seguros durante o transporte, são utilizados na maioria das vezes apenas uma vez. E a produção deste tipo de embalagem chega a seis milhões de toneladas por ano.
Para evitar a perda significativa dessas embalagens a New Plastics Economy propõe a modularização e padronização das embalagens entregues de empresa a empresa. Um passo adiante é o desenvolvimento de contêineres que podem ser interligados, formando uma unidade, o que evita a necessidade de envoltórios plásticos.
Ao lado dos exemplos acima, existem outras alternativas de reutilização. O repack, ou re-empacotamento, é um exemplo nesse sentido. Nesse modelo, as embalagens de transporte utilizadas no comércio eletrônico, por exemplo, podem ser dobradas após o uso e enviadas de volta para reutilização. Isso tudo gratuitamente pelo correio.
Para efetivar as melhorias no pós-uso é preciso uma abordagem global de cadeia cruzada. Muitas iniciativas, muitas vezes locais e de pequena escala, visam essas melhorias, demonstrando a ampla consciência e o apetite pela mudança. No entanto, coletivamente, não aumentam a escala, conforme demonstrado pela atual taxa de reciclagem global de 14%.
Conforme descrito em The New Plastics Economy, um protocolo global fornece um objetivo comum para inovar, que supera a fragmentação existente e possibilita a criação de mercados efetivos. Isso guiaria a convergência do design de embalagens (materiais e formatos) e sistemas pós-uso (coleta, triagem e reprocessamento) para as melhores práticas, ao mesmo tempo que permite diferenças regionais e inovação, melhorando assim a economia de reciclagem.
Atualmente, os sistemas de coleta e classificação são altamente fragmentados, impactando negativamente a economia de reciclagem. Conforme discutido em mais detalhes na New Plastics Economy, os sistemas pós-uso geralmente operam em pequena escala e com abordagens muito diferentes, mesmo dentro de um determinado país ou cidade. Essa disparidade não só causa confusão para o público em geral, mas também dificulta a concepção de embalagens para um sistema alvo e impede a criação de economias de escala no sistema pós-uso.
Essa fragmentação também dificulta a entrega de fluxos de materiais de alta qualidade para os recicladores, que frequentemente fornecem materiais de diferentes sistemas de coleta e classificação. Isso complica as operações e aumenta os custos. A convergência dos sistemas de coleta e triagem pós-uso pode melhorar a economia de reciclagem de embalagens plásticas em cerca de 80 a 110 dólares por tonelada coletada (0,8 a 1,3 bilhões na OCDE).
Essa estimativa de melhoria pressupõe que 75% do potencial total de harmonização bem-sucedida seria capturado, incluindo uma série de boas práticas, como uma estrutura de custos em linha com as instalações de classificação em grande escala. Entretanto, dada a natureza fragmentada dos sistemas existentes, tal esforço de harmonização levaria tempo.
Em contrapartida, vários países e regiões reconhecem os benefícios desta abordagem e já começaram a implementar uma agenda de convergência. O que conclui o relatório da New Plastics Economy é que um protocolo global de plásticos poderia desempenhar um papel importante na orientação dessa convergência em todo o mundo.
Se você quer descartar seus objetos plásticos corretamente, procure um posto de reciclagem mais próximo de você e deixe sua pegada mais leve.
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