Movimento NIMBY pode ser controverso, conheça o que ele significa
NIMBY é um acrônimo para a frase em inglês “Not In My Backyard”, que pode ser traduzida para “não em meu quintal”. O movimento conhecido nos Estados Unidos é um coloquialismo que indica a oposição de pessoas contra certos tipos de desenvolvimentos em seus bairros.
Acredita-se que o termo “NIMBY” tenha sido usado pela primeira vez durante a década de 70. No contexto da época, o fenômeno era conhecido como a oposição de um sistema de implantação de usinas nucleares que ocorreria principalmente em regiões como Seabrook, New Hampshire e Midland, em Michigan.
Desde então, o uso do termo foi expandido e pode ser utilizado em dois contextos.
Usos do NIMBY
Em certas circunstâncias, o NIMBY exemplifica a oposição às construções de larga escala desenvolvidas por grandes corporações, ou a oposição às entidades governamentais, que podem afetar a qualidade de vida e o valor das propriedades de residentes locais. Por outro lado, a frase também é comumente utilizada em contextos socioambientais, implicando a “ausência de consciência social expressa por uma oposição baseada em classe, raça ou deficiência à localização de serviços sociais nos bairros”. (1)
Por conta dessa distinção em significados e usos, o fenômeno do NIMBY pode ter duas visões opostas dependendo do contexto em que é utilizado. Portanto, acredita-se que o movimento e a sua discussão possam ser um pouco controversos dentro de contextos sociais.
O contexto positivo do NIMBY
Acredita-se que a visão positiva do NIMBY tenha sido extinta a partir de 1990, quando defensores da justiça ambiental e outros ativistas de justiça social começaram uma campanha reforçada através do classicismo e racismo existentes no movimento. Anteriormente a esse contexto, o movimento continuava ambíguo, mas com algumas conotações positivas.
Um exemplo disso é o seu contexto inicial, contra a expansão de usinas nucleares. A oposição à essa implantação era contra, principalmente, aos possíveis efeitos ambientais desses estabelecimentos na área.
Porém, por sua ambiguidade, também poderia ser visto como um aspecto negativo mesmo nesse contexto. Acredita-se, por outro lado, que a oposição ao desenvolvimento do bairro também prejudicava moradores de baixa renda, que seriam beneficiados pela implantação de novos empregos e oportunidades de carreira na área.
O contexto negativo do NIMBY
Em dias atuais, o NIMBY é majoritariamente visto como um problema em comunidades norte-americanas. Isso se dá, como já mencionado , ao fato de que boa parte dos ativistas em prol ao movimento se beneficiam do classicismo e racismo estrutural da sociedade.
Ele é impulsionado, muitas vezes, por proprietários de imóveis que buscam “proteger” o valor de suas propriedades. Ou seja, indivíduos privilegiados que tentam se distanciar de grupos de pessoas que necessitam de desenvolvimentos sociais.
Boa parte dos desenvolvimentos opostos pelo NIMBY são de cunho social, como a construção de abrigos, habitações acessíveis e casas de grupos.
De acordo com o site Homeless Hub, “a oposição à habitação acessível, de apoio ou de transição é geralmente baseada nas características assumidas da população que viverá no empreendimento. Argumentos comuns são de que haverá aumento de crimes, lixo, roubos, violência e que os impostos sobre a propriedade diminuirão.”
Desse modo, por trás de discursos sobre a gentrificação ou sobre os outros problemas listados, o movimento NIMBY toma força, contribuindo para a opressão de grupos marginalizados.
O maior problema do NIMBY
A Maytree Foundation dá a luz a outro aspecto dentro do NIMBY. De acordo com a fundação, o maior problema do movimento se dá a desigualdade estabelecida entre vozes ouvidas e vozes abafadas dentro do mesmo fenômeno.
“Em vez de tentar limitar a capacidade das pessoas de opinar sobre as decisões sobre sua comunidade, nossos líderes devem expandir seus esforços para incluir vozes de toda a comunidade”, disse em declaração em seu site.
Isso, por sua vez, evidencia a necessidade da colaboração governamental com o público, para debater, realmente, os aspectos positivos e negativos de certos tipos de desenvolvimentos locais. Essa discussão pública daria vozes às comunidades marginalizadas pelo movimento NIMBY, mas que também possuem uma visão diferente desses desenvolvimentos.