O que é nível do mar e por que ele está aumentando?

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O nível do mar, ou nível médio do mar, corresponde à altitude média da superfície do mar. Atualmente, o aumento do nível do mar devido às mudanças climáticas tem sido pauta de diversos debates científicos. Isso porque milhões de pessoas — 60% da humanidade — vivem em regiões costeiras e serão diretamente afetadas por esse fenômeno. 

As projeções publicadas por órgãos especializados estão causando pânico. E, também, interferindo diretamente no desenvolvimento socioeconômico de diversos países, que precisam estar preparados para as consequências.

Mudanças climáticas e elevação do nível do mar

Mudanças climáticas são as variações climáticas na temperatura, precipitação e nebulosidade em escala global. Elas podem ser causadas por fatores naturais, como as alterações na radiação solar ou movimentos da órbita da Terra. Porém, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) afirma que existem estudos científicos que comprovam que a maior parte do aumento da temperatura no planeta foi provocado pela ação humana ao longo dos últimos 250 anos.

As mudanças climáticas já apresentam efeitos ambientais observáveis, incluindo: 

  • Derretimento de geleiras;
  • Gelos em rios e lagos quebram mais cedo;
  • Variedades de plantas e animais mudaram;
  • Árvores passaram a florescer mais cedo. 

Cientistas previram efeitos que seriam resultantes do aquecimento global em todo o mundo e que agora estão acontecendo. Como a perda do gelo nos oceanos, aumento acelerado do nível do mar, e ondas de frio e calor mais intensas.

Os cientistas acreditam também que as temperaturas globais continuarão a aumentar nas próximas décadas. Isso em grande parte devido aos gases do efeito estufa produzidos por atividades humanas. O IPCC, que inclui mais de 1.300 cientistas dos Estados Unidos e outros países, prevê um aumento de temperatura de 2,5 °C a 10 °C durante o próximo século.

De acordo com essa mesma instituição, os efeitos das alterações climáticas serão diferentes para cada região, dependendo da capacidade de cada sistema social e ambiental para mitigar ou se adaptar às mudanças. Apesar disso, pode-se dizer que o aumento do nível do mar trará sérias consequências globais, como inundações recorrentes e desaparecimento de ilhas e cidades litorâneas.

Imagem de YUCAR FotoGrafik no Unsplash

A elevação do nível do mar pode ser pior do que se temia, alertam pesquisadores

A elevação do nível do mar provavelmente será mais rápida e maior do que se pensava, de acordo com uma pesquisa que sugere que as previsões atuais são inconsistentes com os dados históricos. Em sua avaliação mais recente, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas concluiu que o nível do mar dificilmente aumentará além de 1,1 metro até 2100.

Mas pesquisadores do clima do Instituto Niels Bohr da Universidade de Copenhague acreditam que os níveis podem aumentar até 1,35 metros até 2100, no pior cenário de aquecimento. Quando eles usaram dados históricos sobre a elevação do nível do mar para validar vários modelos nos quais o IPCC fez sua avaliação, eles encontraram uma discrepância de cerca de 25 cm, disseram em um artigo publicado na revista Ocean Science.

Os pesquisadores afirmaram que os modelos usados ​​pelo IPCC não eram sensíveis o suficiente, com base no que eles descreveram como um teste de verificação da realidade.

“Não é uma boa notícia acreditarmos que as previsões anteriores são muito baixas”, disse o cientista da mudança climática Aslak Grinsted, coautor e professor associado do Instituto Niels Bohr.

Modelos insensíveis

“Os modelos usados ​​para basear as previsões do aumento do nível do mar no momento não são sensíveis o suficiente”, disse ele. “Para ser mais claro, eles não atingem o alvo quando os comparamos com a taxa de aumento do nível do mar que vemos quando confrontamos cenários futuros com observações voltando no tempo.”

No entanto, ele esperava que seu método de teste pudesse ser usado para restringir os modelos, torná-los mais confiáveis ​​e reduzir a incerteza. As previsões de aumento usadas pelo IPCC são baseadas em um “quebra-cabeça” de modelos para mantos de gelo, geleiras e expansão térmica ou aquecimento do mar. Quanto mais a temperatura subir, mais alto será o nível do mar.

Porém, apenas uma quantidade limitada de dados estava disponível para os modelos serem testados. Praticamente não havia dados sobre a taxa de derretimento da Antártica antes das observações de satélite na década de 1990. Grinsted descobriu que, embora os dados individuais, quando testados para trás no tempo, de 1850 a 2017, refletissem o aumento real do nível do mar, quando os dados foram combinados as previsões eram muito conservadoras.

A equipe de pesquisa do Instituto Niels Bohr afirma que possui melhores dados históricos para o aumento do nível do mar no total, o que permite um teste do quebra-cabeça combinado de modelos. Além disso, espera que seu método para validar cenários futuros olhando para o passado possa ganhar uma base em como a elevação do nível do oceano será analisada.

Por fim, uma outra pesquisa realizada pela Universidade de East Anglia sugeriu que as comunidades costeiras vivenciam um aumento do nível da água mar quatro vezes maior que a média global e que os impactos decorrentes desse fenômeno podem ser muito maiores do que os números globais relatados pelo IPCC.

Julia Azevedo

Sou graduanda em Gestão Ambiental pela Universidade de São Paulo e apaixonada por temas relacionados ao meio ambiente, sustentabilidade, energia, empreendedorismo e inovação.

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