Nomofobia é um termo usado para descrever o medo intenso que algumas pessoas sentem ao não ter o celular por perto - uma sensação persistente e que afeta a vida diária
O termo nomofobia ainda é pouco conhecido, mas seus sintomas atingem um número cada vez mais de pessoas. A palavra é uma abreviação do inglês “no mobile phone phobia”, que significada “medo de ficar sem o celular”, em tradução livre. A nomofobia é um medo intenso e persistente, que traz sintomas graves e que afetam a vida cotidiana, tais como pânico ou ansiedade, dificuldade para respeirar e tremores.
Vários estudos sugerem que a nomofobia está se tornando mais disseminada. Uma pesquisa de 2019 constatou que quase 53% dos entrevistados ficavam ansiosos quando não tinham seus telefones por perto, quando a bateria descarregava ou se não tinham serviço. Outro estudo examinou 145 estudantes de medicina e encontrou evidências que sugerem que 17,9% deles tinham nomofobia leve, 60% tinham sintomas moderados e 22,1% demonstraram ter sintomas de nomofobia graves.
A nomofobia ainda não está listada no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), já que os especialistas em saúde mental ainda não decidiram sobre os critérios formais necessários para diagnosticar essa condição. No entanto, é geralmente aceito que a nomofobia representa uma preocupação para a saúde mental, sendo apontada por alguns especialistas como um tipo de dependência ou vício relacionado ao celular.
Assim como outros tipos de fobia, a nomofobia é um tipo de ansiedade. Essas condições provocam uma resposta significativa de medo quando você pensa sobre o assunto do qual tem medo (ficar sem o celular, nesse caso) e muitas vezes há sintomas emocionais e físicos, como os já citados ataques de pânico, e também aperto no peito, suor frio e sensação de desmaio.
Um novo estudo descobriu que esse medo de ficar longe do celular é extremamente comum entre estudantes universitários e está associado a problemas de saúde do sono. Os resultados preliminares mostram que 89% de uma amostra de estudantes universitários apresentaram nomofobia moderada ou grave. Uma maior nomofobia foi significativamente relacionada a maior sonolência diurna e mais comportamentos associados à má qualidade do sono.
“Descobrimos que os estudantes universitários que experimentam mais ‘nomofobia‘ também eram mais propensos a experimentar sonolência e pior qualidade do sono, como cochilos longos e horários inconsistentes para dormir e acordar”, disse a autora principal Jennifer Peszka, professora de psicologia da Hendrix College em Conway, Arkansas.
Embora Peszka tenha antecipado que a nomofobia seria comum entre os participantes do estudo, ela ficou surpresa com sua alta prevalência. “Como nosso estudo sugere uma conexão entre a nomofobia e um sono mais pobre, é interessante considerar quais serão as implicações se a gravidade da nomofobia continuar a aumentar”, disse ela.
O estudo envolveu 327 estudantes universitários com idade média de 20 anos. Os participantes responderam a vários questionários, incluindo o Questionário de Nomofobia, a Escala de Sonolência de Epworth e o Índice de Qualidade do Sono.
Peszka também observou que uma recomendação comum para melhorar os hábitos de sono é limitar o uso do telefone antes e durante a hora de dormir. No entanto, ela disse que, para pessoas com nomofobia, essa recomendação pode exacerbar a ansiedade na hora de dormir e interromper o sono, em vez de melhorá-la. “A recomendação de reduzir o uso do telefone na hora de dormir, que visa melhorar o sono e parece bastante direta, pode precisar de ajustes ou consideração por esses indivíduos”, disse ela.