Por IPAM Amazônia – Causam preocupação as matérias veiculadas na imprensa sobre a desmobilização, por falta de verba, da equipe de monitoramento do Cerrado no Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Ressaltamos, em nome do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), a necessidade do trabalho de excelência do órgão e de seus pesquisadores, bem como sua contribuição científica para o Brasil e para o mundo com dados de desmatamento, focos de calor, queimadas e incêndios em território nacional.
“É uma péssima notícia para o Brasil, num momento em que o mundo pede mais transparência de dados ambientais. O Cerrado é nosso maior produtor de grãos e de carne, e quem compra quer transparência. É um tiro no pé, de fato, desmobilizar e não apoiar o Inpe para continuar fazendo o monitoramento do Cerrado”, diz a diretora de Ciência do IPAM e coordenadora para o bioma Cerrado na iniciativa MapBiomas, Ane Alencar. “O investimento [para manter o monitoramento do Cerrado] é mínimo, em troca de um retorno muito grande.”
O Cerrado está ameaçado e a transparência das séries históricas de monitoramento do órgão nos coloca à altura do desafio que é enfrentar as consequências provocadas por mudanças de uso do solo no bioma.
“É muito triste o que a gente tem visto no país, porque o papel da ciência tem sido cada vez mais enfraquecido. Os dados podem servir para planejamento e para priorizar áreas onde o desmatamento está acontecendo de forma ilegal, dando uma mensagem mais clara para investidores de que o Brasil está minimamente olhando para os problemas ambientais”, completou Alencar.
Os dados oficiais fornecidos pelo Inpe, além de base para a formulação de políticas públicas, amparam a tomada de decisão de setores da indústria, da economia e da produção agropecuária. Neste sentido, a atuação do órgão por meio de uma equipe especializada é fundamental e deve ser continuada para que conheçamos a realidade do Cerrado e para que tenhamos subsídios sólidos a ações de conservação, uso sustentável e controle do desmatamento desta que é a savana mais biodiversa do planeta
Segundo maior bioma do Brasil, berço das principais bacias hidrográficas do país, lar de um dos hotspots de biodiversidade mundiais, o Cerrado deve ser protegido. Reforçamos o caráter de referência nacional e internacional do Inpe em consonância com o rigor científico que nos auxilia a olhar para trás e reconhecer nosso presente para trilhar caminhos possíveis. Em um mundo impactado a cada dia pelas mudanças climáticas, precisamos, mais do que nunca, de ciência de qualidade, instituições fortalecidas e de esforços conjuntos.
Com a atenção do esperançar, apoiamos não só a manutenção como o fortalecimento da equipe de monitoramento do Cerrado. O Brasil precisa estar preparado para retomar sua posição de protagonista internacional e oferecer soluções à crise climática para proteger a nossa vida, a vida das florestas e a vida de toda a biodiversidade que nelas existem.
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