No fim de julho de 2013, a empresa taiwanesa Miniwiz utilizou 5,5 mil latas de refrigerante, 2 mil garrafas de água PET e 50 mil CDs e DVDs antigos para erguer uma loja da empresa Nike em Xangai, na China. Todo o material usado veio do lixo descartado pela população. Além disso, a construção também é reciclável, porque a matéria-prima das estruturas foi montada mecanicamente, sem a utilização de colas, o que garante sua separação para uso posterior.
Na parte de dentro da loja, encontram-se um painel de teto translúcido feito com os 50 mil DVDs, fortalecidos com cascas de arroz e sílica, quase dois quilômetros de cabos de tensão feitos com as garrafas de água recicladas e mil juntas de conexão feitas com mais de 5,2 mil latas de alumínio.
Todos esses materiais também permitem grande mobilidade de elementos no espaço da loja, que pode abrigar diversos tipos de exposições de produtos.
Em 2010, a empresa taiwanesa construiu o que talvez seja o maior prédio feito com plástico reciclado no mundo, o EcoArk, feito para sediar a feira internacional de Flora de Taipei. O edifício possui nove andares e suas paredes contêm 1,5 milhão de garrafas PET recicladas.
A empresa se tornou uma especialista no mercado de reutilização de polímeros para melhorar a pegada ecológica na construção civil, mas deve muito do seu sucesso ao país, Taiwan, e a rede de fornecimento na qual opera. A malha de produtos e serviços encontrados inclui fabricantes de moldes, recicladores e processadores de moldes e extrusoras. De acordo com um relatório da ONU, prédios são responsáveis por 40% das emissões de gás estufa no mundo. Isso faz com que projetos de construção civil que tenham uma perspectiva sustentável sejam uma boa aposta para o futuro.
No Brasil, 21,7% dos plásticos foram reciclados em 2011. O principal destino desse material é a sua reutilização como matéria-prima para produtos como sacos de lixo, garrafas de água sanitária, conduítes, cabides e acessórios de automóveis. Existem três tipos de reciclagem de plástico (veja mais em “Reciclagem de plásticos: como se dá e no que se transformam?“). A primária, a mais praticada no Brasil, que reaproveita resíduos industriais não contaminados. A secundária, em crescimento no país, utilizando polímeros de mais de 40 origens diferentes, misturados ou isoladamente. E a terciária, ainda não praticada no Brasil. Nesse terceiro tipo, os resíduos plásticos são transformados em produtos químicos para serem utilizados em processos industriais. A indústria no exterior parece ser mais diversificada, a Miniwiz, por exemplo, fabrica os produtos que usa nas construções ecológicas, como o Polli-Bricks, um sistema de paredes feito totalmente com garrafas PET, e o Natrilon, uma fibra também feita de garrafas PET e sílica originária de flocos de arroz com aplicações em projetos de arquitetura e industriais.
A indústria de plásticos em Taiwan é grande e começou entre as décadas de 50 e 60. A taxa de reciclagem de garrafas PET no país é de 90%. Por isso, a falta de uma infraestrutura similar em outros países tornaria a implantação de modelos de negócios sustentáveis, como o Miniwiz, um empreendimento complicado.
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