Se você quiser sobreviver a um eventual colapso global – ou ao Apocalipse, como preferir chamar –, vá preparando as malas. Segundo um novo estudo, publicado quarta-feira passada (21) na revista Sustainability, a Nova Zelândia é o país “mais resistente a ameaças futuras”, seguido por Islândia, Reino Unido, Tasmânia e Irlanda.
Os especialistas chamam essas cinco regiões de “botes salva-vidas”, porque todas elas oferecem recursos favoráveis à sobrevivência em caso de enchentes fatais, secas e perda de alimentos.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores da Universidade de Anglia Ruskin, na Grã-Bretanha, avaliaram diversos critérios que revelam a capacidade de 177 países de resistir a uma série de eventos desastrosos, incluindo calor extremo, inundações e uma pandemia viral ainda pior do que a Covid-19.
Estar cercado por água era uma das características desejáveis para sobreviver a um colapso global, uma vez que o isolamento poderia proteger as fronteiras da migração em massa de outras nações afetadas pelo desastre.
Para os pesquisadores, a Terra está passando por um momento delicado. Riscos e ameaças à sobrevivência do planeta, desencadeados sobretudo pelas mudanças climáticas, colocam os cientistas em estado de alerta. Por isso, é importante que estejamos preparados para um perigo iminente.
No estudo, a equipe examinou o nível de autossuficiência dos países (que inclui infraestrutura de energia e manufatura) e sua “capacidade de suporte” (terra disponível para agricultura arável e produção de alimentos para a população em geral). Além disso, também foi considerado o nível de isolamento das nações – a distância de outras grandes populações que possam estar sujeitas a “eventos de deslocamento desastrosos”.
A análise foi baseada nos dados dos vinte principais países identificados no Índice de Adaptação Global da Notre Dame, que avalia as condições de 180 países para lidar com os efeitos das mudanças climáticas. O índice foi elaborado pela Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos.
Nova Zelândia, Islândia, Reino Unido, Tasmânia e Irlanda foram considerados os cinco lugares mais bem preparados para manter níveis altos de “complexidade” social, tecnológica e organizacional dentro de suas próprias fronteiras, caso um colapso global ocorresse.
Vale lembrar que todos são ilhas ou países insulares, o que os separa de grandes populações que dominam os grandes continentes vizinhos.
Eles também contam com baixas temperaturas e, portanto, têm maior probabilidade de experimentar condições climáticas relativamente estáveis, apesar dos efeitos das mudanças climáticas.
Em comparação com as outras quatro, a Nova Zelândia se destaca, graças à sua maior capacidade de produção de energia geotérmica e hidrelétrica, suas abundantes terras agrícolas e sua baixa população.
Islândia, Tasmânia e Irlanda também têm características favoráveis nesse sentido, enquanto o Reino Unido apresenta um quadro mais complexo, por causa de sua complicada matriz energética e alta densidade populacional.
O Reino Unido dispõe de solos férteis e boa variedade de produção agrícola, mas apresenta baixa disponibilidade per capita de terras agrícolas, o que levanta questões sobre sua autossuficiência futura.
A equipe concluiu que um colapso social poderia acontecer a qualquer momento, sem nenhum alerta – daqui a décadas ou daqui a um ano.
E a pandemia Covid-19 é um triste exemplo do despreparo dos governos globais para lidar com desastres que têm potencial para se tornarem catastróficos de forma relativamente repentina.
Mas a humanidade ainda pode cultivar esperanças para evitar um potencial colapso do planeta, segundo os pesquisadores, dependendo das respostas futuras dos líderes mundiais.
De acordo com eles, é possível promover mudanças significativas nos próximos anos ou décadas, com esforços conjuntos. No entanto, essas ações devem ser pensadas e implementadas com urgência.
Isso porque os impactos das alterações climáticas, incluindo o aumento da frequência e da intensidade de secas e inundações, temperaturas extremas e maior movimento da população, já são uma realidade – e eles podem ditar a gravidade dessas mudanças.
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