Exame mede 46 metabólitos, ajudando profissionais da saúde a encontrar a melhor estratégia alimentar para cada paciente
Um teste recém-desenvolvido mede vários metabólitos na urina e pode determinar com eficiência não apenas a qualidade da ingestão nutricional de uma pessoa, mas também se ela está na dieta certa para o seu metabolismo. O teste demora apenas cinco minutos e cria uma espécie de “impressão digital da urina”, o que pode ajudar os profissionais da saúde a fornecerem aconselhamento dietético personalizado, adaptado as indicações de acordo com as características específicas de cada paciente.
“A dieta é um dos principais contribuintes para a saúde e as doenças humanas, embora seja notoriamente difícil medir com precisão porque depende da capacidade de um indivíduo de lembrar o que e quanto comeu”, diz Joram Posma, autor da nova pesquisa, feita pelo Imperial College de Londres. “Por exemplo, pedir às pessoas para rastrearem suas dietas por meio de aplicativos ou diários muitas vezes pode levar a relatórios imprecisos sobre o que eles realmente comem”.
A pesquisa, abrangendo dois novos estudos publicados na revista Nature Food, começou com a coleta de amostras de urina de quase 2.000 indivíduos. As descobertas foram realizadas em 46 metabólitos detectáveis que foram associados a várias condições alimentares diferentes.
“Através da medição cuidadosa da dieta das pessoas e da coleta de urina excretada ao longo de dois períodos de 24 horas, conseguimos estabelecer ligações entre os aportes alimentares e a produção urinária de metabólitos que podem ajudar a melhorar a compreensão de como nossas dietas afetam a saúde”, explica Paul Elliot, outro pesquisador que trabalha no projeto. “Dietas saudáveis têm um padrão diferente de metabólitos na urina do que aquelas associadas a piores resultados para a saúde”.
O próximo estágio foi transformar esses achados em um teste clinicamente útil. Foi criada então uma métrica de “impressão digital” chamada Dietary Metabotype Score (DMS), que oferece um número único para medir a qualidade da dieta de uma pessoa com base nos marcadores metabólicos medidos em uma amostra de urina.
Com base nas recomendações de dieta balanceada da Organização Mundial da Saúde, quatro dietas variando de muito saudáveis a muito pouco saudáveis foram testadas em 19 voluntários. Todo voluntário passou pelo menos três dias em cada dieta, fornecendo amostras de urina a partir das quais foi calculada uma nota de metabolismo dietético.
Um alto DMS correlacionou-se efetivamente com a dieta mais saudável, no entanto, nem todas as pessoas que seguiram a mesma dieta obtiveram a mesma nota final. Variações notáveis nas pontuações entre os indivíduos que seguiram uma mesma dieta sugerem que pessoas diferentes podem exigir intervenções alimentares mais específicas para alcançar uma saúde ideal.
“Mostramos aqui como diferentes pessoas metabolizam os mesmos alimentos de maneiras altamente individuais“, explica o pesquisador John Mathers, da Universidade de Newcastle. “Isso tem implicações para a compreensão do desenvolvimento de doenças relacionadas à nutrição e serve para pensarmos na necessidade de se fornecer conselhos dietéticos mais personalizados para melhorar a saúde pública.”
Essa nova forma de perfil metabólico urinário oferece aos profissionais da saúde uma maneira de medir objetivamente o efeito de intervenções dietéticas específicas em cada paciente. Mais do que simplesmente permitir o monitoramento de adesão de uma pessoa a determinada dieta, o novo teste pode identificar como os mesmos alimentos podem ser processados de maneira diferente de pessoa para pessoa.
“Esta pesquisa revela que essa tecnologia pode ajudar a fornecer informações detalhadas sobre a qualidade da dieta de uma pessoa e se é o tipo certo de dieta para sua composição biológica individual”, observa Posma. Os dois novos estudos foram publicados na revista Nature Food.