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Ondas de calor extremas desafiam previsões climáticas e alarmam cientistas

Com temperaturas recordes e eventos climáticos extremos marcando a última década, cientistas começam a identificar padrões perturbadores: ondas de calor em regiões específicas estão rompendo recordes de maneira tão intensa que desafiam as previsões dos modelos climáticos mais avançados. A questão transcende o aquecimento global esperado e coloca em xeque a capacidade de prever e mitigar esses eventos, que já ceifaram vidas, destruíram ecossistemas e comprometeram a agricultura global.

Regiões como a Europa Ocidental têm se destacado pela intensidade desses eventos. Estudos mostram que, apenas em 2022 e 2023, ondas de calor contribuíram para dezenas de milhares de mortes no continente, com países como França, Alemanha e Reino Unido sofrendo com temperaturas que dobraram o ritmo de aumento em relação às médias sazonais. A vulnerabilidade estrutural, como a falta de ar-condicionado em muitas residências, agravou as consequências.

No noroeste do Pacífico dos Estados Unidos e sudoeste do Canadá, junho de 2021 marcou um dos episódios mais extremos: uma onda de calor que elevou os termômetros a 121,3°F em Lytton, na Colúmbia Britânica. No dia seguinte, incêndios devastaram a cidade, alimentados por uma vegetação já seca pelo calor. Enquanto centenas de pessoas morreram de insolação, esse evento destacou a complexidade de fatores, incluindo alterações na corrente de jato e um solo cada vez menos capaz de mitigar temperaturas.

O estudo publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences mapeia essas áreas de calor extremo em todos os continentes, exceto na Antártida, revelando como os extremos de temperatura estão se acelerando mais rapidamente do que o aumento médio global. Esses “pontos quentes” incluem, além da Europa e América do Norte, regiões da Ásia Oriental, África, Austrália e América do Sul.

Fenômenos como a ampliação de ondas de Rossby, variações na corrente de jato e o aumento da temperatura no Ártico têm sido apontados como responsáveis por essas anomalias. A instabilidade da corrente de jato permite que massas de ar quente estacionem sobre áreas temperadas, ampliando o impacto do calor. Essa interação complexa evidencia lacunas na compreensão de interações climáticas regionais e globais.

Além dos impactos imediatos, como perdas agrícolas, destruição de florestas e pressão sobre a saúde pública, essas ondas de calor são um alerta para a insuficiência das estratégias de mitigação climática. Enquanto o aumento médio da temperatura global já preocupa, os extremos superam expectativas e colocam desafios adicionais.

A proposta de nomear ondas de calor, semelhante ao que ocorre com furacões, ganha força como uma estratégia para conscientização pública e ações governamentais mais robustas. Com as temperaturas globais atingindo níveis sem precedentes, adaptar-se a esses extremos e implementar medidas preventivas deixou de ser uma opção e tornou-se uma necessidade urgente para preservar vidas e ecossistemas.


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