Número de mortes por colisão de pássaros com prédios pode superar 1 bilhão por ano nos EUA, alerta relatório

O impacto de pássaros em janelas de edifícios nos Estados Unidos pode estar provocando uma catástrofe ambiental subestimada. Pesquisas recentes apontam que menos da metade das aves que colidem com vidros sobrevive, sugerindo que mais de 1 bilhão de aves podem morrer anualmente nesses incidentes, uma cifra muito superior ao que se acreditava.

O estudo, publicado no Plos One, revela que estimativas anteriores subestimavam a gravidade do problema. Enquanto se pensava que a maioria das aves atordoadas sobrevivia, novos dados mostram que cerca de 60% delas não resistem às lesões. Essa descoberta desafia a ideia comum de que a maioria dos pássaros que colidem com janelas consegue se recuperar.

Durante a primavera e o outono, as taxas de colisão aumentam drasticamente, coincidindo com as épocas de migração e reprodução. Cientistas acreditam que o comportamento territorial, especialmente durante a reprodução, amplifica o problema, já que aves reagem aos reflexos nas janelas como se fossem ameaças.

O vidro dos prédios e a iluminação artificial são apontados como os principais responsáveis por essa mortandade nas áreas urbanas. Mesmo que muitas aves recebam tratamento em centros de reabilitação, a taxa de recuperação ainda é alarmantemente baixa. A maioria das aves que sobrevive à colisão ainda enfrenta sérios desafios após a reabilitação, como predadores e novos choques.

Brendon Samuels, pesquisador da Universidade de Western Ontario, destacou que o sub-registro dos casos é uma preocupação, já que pássaros que não morrem imediatamente após o impacto não deixam evidências claras do ocorrido. Essa invisibilidade agrava a percepção do problema, mas não reduz sua gravidade.

Para enfrentar essa tragédia, a solução pode estar na arquitetura. Projetos de edifícios que minimizem os riscos para as aves são essenciais. Recomenda-se a instalação de marcadores visuais nas superfícies externas das janelas, como murais de vidro ou adesivos específicos, para reduzir a incidência de colisões. Em Chicago, por exemplo, apagar as luzes à noite resultou em uma redução significativa no número de colisões.

O pesquisador Ar Kornreich, da Universidade Fordham, um dos autores do estudo, destacou que o fato de apenas 40% das aves sobreviverem, mesmo com cuidados intensivos, é um sinal da gravidade do problema. Ele enfatizou a importância de levar pássaros atordoados para centros de reabilitação, destacando que, embora a taxa de mortalidade seja alta, ainda há esperança para muitas aves.

A pesquisa também defende que políticas públicas sejam adotadas para tornar os edifícios mais seguros para as aves, principalmente em áreas urbanas densas. Kornreich sugere que, quanto mais pessoas se conscientizarem sobre a seriedade do problema, maior será a mobilização para encontrar soluções eficazes.

Stella Legnaioli

Jornalista, gestora ambiental, ecofeminista, vegana e livre de glúten. Aceito convites para morar em uma ecovila :)

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