O perigo escondido nas roupas: tecidos inflamáveis que colocam vidas em risco

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No mercado têxtil, tecidos inflamáveis têm se tornado uma preocupação crescente, expondo lacunas regulatórias e colocando em risco a segurança de crianças, adultos e idosos. Produtos acessíveis e atrativos, como flanelas, suéteres de acrílico e fantasias infantis, escondem perigos que vão muito além de sua aparência aconchegante.

No ano passado, pelo menos nove produtos foram retirados do mercado australiano por não atenderem às exigências mínimas de segurança. Um desses casos resultou em queimaduras graves em uma menina de 8 anos, após seu suéter, comprado em um site popular, pegar fogo. Apesar dos alertas, fabricantes continuam a produzir tecidos inflamáveis, colocando a responsabilidade de interpretação dos avisos inteiramente nas mãos dos consumidores.

Tecidos como poliéster e, especialmente, acrílico são extremamente inflamáveis, e itens com superfícies felpudas ou escovadas, como flanelas e fleeces, aumentam ainda mais o risco. Materiais sintéticos, ao queimarem, podem derreter e causar ferimentos graves ao aderirem à pele. Embora algumas fibras, como lã e seda, apresentem maior resistência ao fogo, elas não são amplamente utilizadas devido ao custo mais elevado.

O problema é agravado pela ausência de regulamentações robustas. Desde 2019, a rotulagem obrigatória do conteúdo de fibras foi retirada na Austrália, deixando os consumidores menos informados. Enquanto isso, itens como fantasias infantis — frequentemente confeccionados com materiais inflamáveis e designs soltos — continuam fora do escopo das regras de segurança.

A proteção do consumidor exige uma abordagem mais rigorosa. É essencial reintroduzir exigências de rotulagem que informem sobre a composição das fibras e os riscos associados, alinhando-se a padrões internacionais mais rigorosos. Além disso, proibir a produção e comercialização de tecidos perigosos pode evitar tragédias.

Enquanto mudanças estruturais não acontecem, é fundamental que consumidores tomem precauções. Produtos com selos de “aviso de incêndio” devem ser avaliados com cuidado, especialmente no caso de roupas largas ou felpudas usadas por crianças ou adultos próximos a chamas abertas. Evitar a compra desses itens também pressiona as marcas a reverem suas práticas.

A ausência de regulamentações mais severas deixa a Austrália vulnerável a se tornar um depósito de produtos rejeitados por mercados que adotam políticas mais rígidas. É hora de questionar os interesses por trás dessa permissividade e exigir mais responsabilidade das empresas e do governo na proteção dos consumidores.

Produtos perigosos podem ser denunciados às autoridades responsáveis, como a ACCC, para prevenir novas ocorrências. O fortalecimento de políticas públicas e maior conscientização sobre os riscos de tecidos inflamáveis são passos urgentes para garantir segurança e qualidade na indústria têxtil.

Stella Legnaioli

Jornalista, gestora ambiental, ecofeminista, vegana e livre de glúten. Aceito convites para morar em uma ecovila :)

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