Região com abundantes recursos minerais, quadrilátero ferrífero concentra maior produção de ferro bruto do Brasil
O quadrilátero ferrífero é a região com grandes quantidades de recursos minerais no estado de Minas Gerais. Ele é responsável por ser o maior fornecedor de ferro bruto do país, sendo muito importante para a economia local desde o século XVII. Contudo, alguns problemas socioambientais estão bastante presentes nessa região.
História e formação do quadrilátero ferrífero
O estado de Minas Gerais carrega esse nome pela sua grande riqueza em recursos naturais. No século XVII, essa região foi ocupada por bandeirantes, que almejavam coletar esmeraldas. Contudo, essa busca foi “frustrada”, e, no lugar de esmeraldas, os bandeirantes encontraram o ouro preto, que foi alvo de intensa exploração durante décadas.
Com o passar do tempo, foram descobertas novas minas repletas de minérios de ferro em uma mesma região do estado de Minas Gerais. Por esse grande contingente de ferro, essa região foi designada de quadrilátero ferrífero, ganhando ainda mais importância durante a Segunda Guerra Mundial. Saiba mais sobre o quadrilátero ferrífero , como se formou e suas principais características:
O que é o quadrilátero ferrífero?
O quadrilátero ferrífero é uma região no centro-sul do estado de Minas Gerais onde está localizada a maior produção de ferro bruto do Brasil. Ele abriga cidades históricas como Mariana, Ouro Preto, Congonhas, Santa Bárbara, Rio Piracicaba, Belo Horizonte, Itabira, Brumadinho, e Casa Branca. Os minérios retirados do quadrilátero ferrífero foram fundamentais para a colonização dessas cidades, tendo sido a mineração a principal razão para a ocupação portuguesa no final do século XVIII. Nos dias atuais, ela corresponde a província mineral mais importante do país.
Essa região possui cerca de 7000 km² e é o limite ocidental da Mata Atlântica no centro de Minas Gerais. Estimativas apontaram que, no início do século, foram exploradas cerca de 55 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. Em conjunto com a Serra dos Carajás, o quadrilátero ferrífero é um dos principais produtores de minérios do Brasil.
Seus municípios abrigam cerca de 22% da população e 26,8% da produção de Minas Gerais, sendo responsável por comportar a maior concentração urbana do estado. No mapa abaixo, é possível localizá-lo dentro do estado mineiro.
Como se formou o quadrilátero ferrífero?
Os minérios extraídos do quadrilátero ferrífero surgiram há cerca de de 3,2 a 2,6 bilhões de anos, com a formação de suas primeiras crostas continentais (camada de rocha que formam os continentes). Nessa crosta, foram depositadas rochas vulcânicas e sedimentares.
Essa crosta passou por diversos processos distensivos entre 2,6 a 2,1 bilhões de anos atrás, que resultaram na formação de uma bacia sedimentar que, pelo perfil do relevo, acumulou diversos sedimentos das áreas circundantes.
A bacia foi então preenchida por areias, que posteriormente foram integradas com água, permitindo uma deposição química com formações ferríferas e carbonáticas. Em seguida, as áreas no entorno da bacia foram soerguidas, permitindo uma maior deposição de sedimentos de areia e argila, gerando um rico depósito de minérios.
Quais são as principais características do quadrilátero ferrífero?
Há mais de 150 minerais no quadrilátero ferrífero, sendo o plagioclásio, feldspato alcalino e quartzo, os mais comuns; e cinábrio, estaurolita e cianita, os mais raros. Além disso, ela guarda pedras preciosas, como ouro e topázio.
Suas minas fornecem importantes subsídios para as indústrias. As minas de ferro e manganês servem como fornecedoras de matérias-primas para a indústria siderúrgica. Já os minérios de bauxita, calcário e as rochas fosfáticas, servem para a produção de alumínio, cimento e fertilizantes, respectivamente. Outras rochas também abastecem setores como o da construção civil.
Além disso, essa região contém uma grande quantidade de gemas. Os pegmatitos (tipo de rocha ígnea) encontrados nesta região fornecem vários minerais, como a turmalina, água-marinha, morganita e amazonita. Já a cidade de Ouro Preto, além de abrigar a exploração do ouro, abriga minérios de topázios imperiais e esmeraldas.
Por conter grandes riquezas minerais, o quadrilátero ferrífero é um objeto de intensa exploração e estudo, tendo sido analisado por órgãos como a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) e explorado por empresas como a Vale.
É importante salientar que essa exploração dos recursos minerais traz consigo diversos problemas socioambientais, como a falta de saneamento básico dos trabalhadores das minas. A exploração de ouro causa diversos eventos erosivos que, além de dificultar o restabelecimento da vegetação degradada, colocam em risco as famílias que moram ao redor dessa região de exploração aurífera.
O mercúrio também é um produto que, por mais que seja proibido oficialmente, ainda é usado nos garimpos após a lavagem na bateia. O uso deste produto químico contamina tanto quem o manuseia, quanto o ecossistema local.
Outro problema encontrado principalmente nas minas de ouro, é a drenagem de materiais ácidos, que podem parar em lençóis freáticos e serem conduzidos para os rios, prejudicando a biodiversidade da região. Os principais rios que estão presentes na região do quadrilátero ferrífero são o Rio das Velhas e o Rio Doce.
Nos últimos anos, ainda conseguimos ver também poluição de grandes áreas causadas por acidentes de barragens de rejeitos, que foram responsáveis não só pela morte de centenas de pessoas das cidades de Brumadinho e Mariana, como também por sérios danos ambientais para o ecossistema em sua volta.