A palavra paisagem apresenta diversos significados diferentes e gera debates relevantes
O debate em torno do conceito de paisagem é bastante antigo. Desde a sistematização da Geografia como ciência no século XIX, ele vem sendo discutido para a efetiva compreensão das relações sociais e naturais de um determinado espaço geográfico. O conceito vem sendo utilizado em diferentes regiões do planeta, divergindo dentro de múltiplas abordagens.
Na atualidade, a noção de paisagem é o ponto de partida para o entendimento das relações entre o ser humano e a natureza. Assim buscando por meio dela uma compreensão global da natureza. Bem como possibilita projeções de uso, gestão de espaço, planejamento territorial e processo de modificação de elementos culturais.
De acordo com essa premissa, a paisagem é composta por um conjunto de formas que exprimem as heranças que representam as sucessivas relações localizadas entre o ser humano e a natureza. Ou ainda, elase dá como o conjunto de objetos concretos.
Nesse sentido pode-se conceber que a paisagem constitui-se como resultado do estabelecimento de uma inter-relação entre a esfera natural e a humana, à medida em que a natureza é percebida e apropriada pelo ser humano, que historicamente constitui o reflexo dessa organização.
As paisagens podem ser classificadas como naturais, que tiveram pouca ou nenhuma intervenção humana, e culturais, resultantes da transformação da atividade humana.
O que é a paisagem na geografia?
Em primeiro lugar, a palavra “paisagem” pode ser associada a tudo aquilo que nos é aprazível aos olhos. Entretanto, quando incluímos o viés geográfico, esse termo também considera a percepção por meio dos sentidos, mas adquire um significado mais abrangente. A paisagem geográfica pode ser definida como todos os elementos do espaço – é tudo que os nossos sentidos conseguem perceber e interpretar.
Embora, para os que a observam, a paisagem representa o presente, ela se modifica ao longo do tempo e carrega em si a materialização dessa passagem temporal. A maneira como a sociedade interage com os elementos a sua volta, as diversas formas de trabalho e as técnicas que representam um determinado período: todos esses aspectos se encontram expressos nas paisagens, onde presente e passado podem coexistir.
Um exemplo são os centros urbanos, cuja paisagem humanizada preserva estruturas de épocas anteriores junto de elementos atuais, representantes do período técnico recente.
Diretamente relacionada aos sentidos, a paisagem não é idêntica para todos, já que a percepção dos lugares varia conforme o observador. Sendo assim, duas pessoas em um mesmo determinado local podem descrever a natureza do espaço e paisagem que estão vendo e sentindo de formas distintas.
Representação da paisagem
Dois fatos marcaram o início da observação e representação consciente da paisagem a partir do concreto no mundo ocidental:
- Escritos de Montaigne, relatando sua viagem à Itália no século XVII;
- Aquarelas do holandês Albrecht Dürer, produzidas em sua viagem aos Alpes áustria-italianos, de 1495 a 1505.
Há importância nestes acontecimentos porque ocorreram em uma sociedade ocidental até então culturalmente afastada da natureza. O registro da paisagem ocorreu primeiro na pintura, sob o olhar mais atento e minucioso de pintores tanto ocidentais como orientais. No século XV, em pinturas de Fra Angélico, de Toscana, Jérôme Bosch, da Holanda, e, ainda antes, nas aquarelas de Dürer, depois nos esboços de Da Vinci, a paisagem daria lugar às figurações simbólicas, alegóricas, ou às paisagens decorativas, apenas servindo de pano de fundo ao tema cultural antropomórfico.
Diferenças entre paisagens naturais e culturais
Existem dois tipos de paisagem: natural ou cultural. Esses conceitos se atrelam a abordagens filosóficas e a uma questão de método de análise.
A paisagem natural é caracterizada como a combinação dos elementos de geologia, geomorfologia, vegetação, rios e lagos e outros elementos naturais. A floresta amazônica é um exemplo de paisagem natural.
Já o conceito de paisagem cultural é visto com todas as modificações feitas pelo ser humano em conta, como nos espaços urbano e rural. Por exemplo, o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, pode ser tanto um dos patrimônios culturais, bem como um exemplo de paisagem cultural brasileira.
Exemplos
Florestas, reservas naturais e cadeias montanhosas são alguns exemplos de paisagens naturais. Por outro lado, cidades, aglomerados urbanos e plantações agrícolas nas zonas rurais podem ser citados como exemplos de paisagens culturais, já que sofreram intervenções humanas de forma mais significativa.