A reciclagem, de maneira geral, é a transformação de um material que não teria mais nenhuma utilidade em algo novamente utilizável, mas é importante não confundir os conceitos de reciclagem e reutilização.
Enquanto na reciclagem o objeto precisa passar por alguma transformação em seu estado físico, químico ou biológico, na reutilização ele apenas é utilizado novamente, sem mudanças. Um vidro de geleia, por exemplo, que já foi usado, lavado e passou a servir para guardar molho de pimenta caseiro, é algo reutilizado, não reciclado. Para ser reciclado, o vidro teria que ser limpo, passar por um processo de moagem que o tornasse matéria-prima para a produção de outros potes ou de artigos diferentes.
No caso da reciclagem mecânica, tema desta nossa matéria, os materiais reciclados passam por um processo de alteração física.
Para haver a alteração física de maneira que um objeto possa ser utilizado novamente, ou seja, reciclado fisicamente, ele passa por uma série de etapas operacionais de reaproveitamento. Dentre essas etapas, estão a trituração, a lavagem e o reprocessamento do resíduo (alteração física através da mudança no formato pela temperatura conservando as propriedades químicas e/ou mudanças físicas através da trituração/moagem). Mas em geral, essas etapas podem variar de acordo com o tipo de material a ser reciclado.
A reciclagem mecânica é dividida em dois tipos: reciclagem primária e reciclagem secundária. Na primária os descartes possuem as mesmas características do produto original (material virgem) e têm origem na própria indústria. Os descartes desse tipo podem ser, por exemplo, as sobras de plástico do processo industrial (peças defeituosas, aparas, rebarbas da linha de produção, e são chamados de resíduos pós-industriais.
Na secundária, apesar de haver a vantagem da facilidade de obtenção dos resíduos sólidos, normalmente provenientes de origem urbana, eles apresentam características inferiores, pois vêm contaminados por alimentos e outros materiais e necessitam de seleção prévia. Os descartes desse tipo são chamados de resíduos pós-consumo, e são, por exemplo, os frascos de cosméticos, as garrafas de bebida, as latinhas de cerveja e chás, e por aí vai.
A reciclagem primária é vantajosa em relação à reciclagem secundária, pois os materiais primários não vêm contaminados, conservam melhor suas propriedades físicas, químicas e mecânicas, se adequando melhor ao processo de reciclagem.
Basicamente, é possível reciclar mecanicamente o plástico, os metais, a cerâmica e o vidro, sendo que em alguns casos é possível o reprocessamento de dois ou mais materiais, inclusive de classes diferentes.
No Brasil, podemos destacar três itens de grande importância no campo da reciclagem mecânica: o alumínio, o vidro e o plástico.
Em 2010, foram reciclados 953 mil toneladas de plástico (606 mil toneladas eram compostas de plástico pós-consumo). Desse total, 19,4% foram reciclados mecanicamente.
E dentre todos os tipos de plástico reciclados (PEAD 12.7%, PVC 15,1% ,PEBD/PELBD 13,2%, PP 10,8%, PS/XPS 14,3%, outros 8,1%), o PET com certeza foi o mais expressivo, representando 54% do total em 2010.
Em 2003, o Brasil já era campeão mundial de reciclagem mecânica das latas de alumínio, com índice de 89% de reciclagem de todas as latas consumidas.
Com relação ao vidro, em 2007, a reciclagem foi de 47% de todo vidro produzido no país.
Apesar de perderem qualidade a cada processo de reciclagem, os plásticos reciclados mecanicamente exigem menos investimento do que em instalações de reciclagem química.
Além do mais, na reciclagem mecânica dos plásticos não são liberados poluentes, pois a água utilizada para a limpeza, quando não é reutilizada, é pré-tratada para ser despejada.
A reciclagem mecânica dos plásticos produz lucros mais elevados para o produto final, pois o custo da matéria-prima de plástico é menor no caso de ser reutilizado do que ser gerado.
No processo de reciclagem mecânica do plástico, após a seleção (manual para retirada de outros tipos de plástico, componentes orgânicos e/ou por imãs para retirada de componentes ferromagnéticos), a trituração e a lavagem para descontaminação (retirada de materiais orgânicos principalmente), o material é reprocessado (moldado fisicamente em uma forma diferente da original, sem alterar suas propriedades químicas) e transforma-se em grânulos que servirão de matéria-prima para novos objetos de plástico.
No caso das latas de alumínio, a economia associada à reciclagem de 1 kg de alumínio representa uma redução de 95% no consumo de energia elétrica em relação à produção primária.
Além disso, a cada quilo de alumínio reciclado, são poupados 5 quilos de bauxita, o que evita o desmatamento para a extração do minério e permite a diminuição no volume dos resíduos dos aterros sanitários.
Outra vantagem é que o alumínio é 100% reciclável mecanicamente e pode ser reciclado infinitas vezes.
Na reciclagem mecânica do alumínio, após a seleção (manual para retirada de outros tipos de materiais, componentes orgânicos e/ou por imãs para retirada de componentes ferromagnéticos), a trituração e a lavagem para descontaminação (retirada de materiais orgânicos principalmente), o material é fundido e transformado em rolos de lâminas, que servirão de matéria-prima para novas embalagens e objetos.
Assim como o alumínio, o vidro também é 100% reciclável. E o seu processo de reciclagem demanda apenas 30% da energia que seria consumida na produção primária. Com a reciclagem mecânica do vidro a emissão de poluentes é reduzida em 20% e o uso da água diminui em 50%. Além disso, com a reciclagem do vidro é possível diminuir a pressão ambiental da mineração de areia (matéria-prima do vidro).
Na reciclagem mecânica do vidro, após a separação das garrafas de cores diferente (mecânica ou manual para selecionar garrafas verdes, transparentes ou âmbar) e a remoção de contaminantes (tampas, rótulos, rolhas, que podem causar defeitos nas futuras embalagens e/ou danos ao forno) é feita a moagem dos cacos, que servirão de matéria-prima para novas garrafas e/ou outros objetos de vidro.
A reciclagem mecânica traz uma série de benefícios. Com ela é possível diminuir o volume ocupado pelos resíduos sólidos no aterros sanitários e lixões, a pressão sobre o ambiente para a geração de matérias-primas, o desmatamento para a exploração da bauxita e da areia etc, a emissão de gases do efeito estufa e poluentes nos corpos hídricos.
No campo sócio-econômico, a reciclagem mecânica permite a geração de postos de emprego e a reutilização da matéria-prima.
Apesar de se tratar de uma atividade informal que precisa ser melhor reconhecida, a catação de resíduo reciclável muitas vezes consiste na única atividade de subsistência de pessoas que não encontram lugar no mercado de trabalho por conta da baixa escolaridade, idade avançada e outros problemas sociais. Segundo dados do Ipea, a população total do Brasil que se declara catadora como sua ocupação principal era de 387.910 em 2010. Entretanto, estima-se que esse número seja maior. Por isso, entende-se que a reciclagem também tem essa função social a ser levada em consideração.
A reciclagem mecânica está em consonância com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), baseada no princípio da precaução, que estabelece que a indústria de reciclagem deve ser incentivada e que a responsabilidade pela destinação correta dos resíduos sólidos é de todos (empresas fabricantes e fornecedoras, governos e consumidores).
Para descartar corretamente seus resíduos sólidos consulte quais são os postos de coleta mais próximos à sua residência no Portal eCycle.
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