Você sabia que existem tintas à base de óleo de soja? A tinta de soja foi criada pela Associação Americana de Jornais (Newspaper Association of America) como reação à crise do petróleo na década de 1970. Com a necessidade de uma base estável e barata, além da oscilação do preço do barril, os mandatários da indústria de comunicação decidiram procurar alternativas à tinta do recurso não-renovável.
Hoje, 95% dos jornais americanos e um quarto das impressões comerciais utiliza esse tipo de tinta. No entanto, apesar de ser um produto sustentável, a tinta à base de óleo de soja tem seus prós e contras, e cabe a cada um decidir se vale a pena usá-la ou não. A seguir, uma lista com algumas dessas vantagens e suas contrapartidas:
A soja, diferente do petróleo, é um recurso renovável e um dos produtos mais exportados pelo Brasil. E a soja não é o único produto capaz de fazer tinta vegetal; milho, dendê, óleo de linhaça e outros também podem ser usados como uma das bases para produção de tinta.
Durante a reciclagem, o papel é submetido a um processo de branqueamento. A tinta é removida com mais facilidade e eficiência, e resulta em menos danos à fibra de papel, resultando em uma folha mais limpa e branca.
Inicialmente usado para impressão de jornais, tende a não manchar tão facilmente ou borrar os dedos.
As cores impressas com a tinta de soja tendem a ser mais vivas, já que o óleo de soja é naturalmente mais claro que o de petróleo.
Mantém uma estabilidade litográfica durante a impressão uma vez que a tinta de soja é mais estável do que a de petróleo, o que leva o impressor a interferir menos nos ajustes durante a impressão, diminuindo o número de folhas rejeitadas.
A tinta vegetal se propaga 15% mais facilmente que a tinta à base de petróleo, diminuindo o uso de tinta e o custo de limpeza, por utilizar menos solventes.
Compostos Orgânicos Voláteis (VOCs, na sigla em inglês), quando liberados na atmosfera, podem causar danos à saúde. A tinta de soja emite cerca de 26% menos VOCs do que as tintas à base de petróleo.
Um problema com tinta de soja é que ela demora mais tempo para secar do que tintas à base de petróleo, devido à falta de solventes evaporativos, na forma de VOCs, e por absorver mais água durante o processo de impressão.
O cultivo da soja é responsável por grande parte do desmatamento na Amazônia e do Cerrado, além das consequências do efeito arrasto (estímulo de investimento privado como resultado de uma despesa pública em um projeto), que acompanha a sojicultura e inclui a perda de biodiversidade, erosão do solo e evasão populacional.
A tinta possui três componentes: o óleo, o solvente e o componente de ligação. Por mais que o óleo seja biodegradável, o solvente e o componente de ligação muitas vezes não são. Atualmente, empresas como a HP pesquisam maneiras de criar uma tinta 100% biodegradável.
Um estudo sobre problemas sócio-ambientais ligados ao cultivo da soja foi divulgado pelo Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis (CMA), da ONG Repórter Brasil. O relatório “Os impactos da soja na safra 2009/2010” revela que o cultivo do grão continua relacionado ao desmatamento e aos trabalhadores encontrados em situação análoga à de escravidão.
A tinta à base de soja tem como vantagem ser um recurso renovável com melhor qualidade do produto final e praticidade, porém possui desvantagens socioambientais que pesam em sua decisão. Gary Jones, vice-presidente do setor de Relações da Saúde, Segurança e Meio Ambiente da Printing Industries of America, aconselha: “Use tintas com maior conteúdo de recursos renováveis e entenda a fonte desses recursos. Do aspecto de sustentabilidade global, quanto mais renovável o conteúdo incorporado, melhor, porque você está indo na direção certa”.
Saiba mais sobre como fazer uma embalagem ecológica e onde encontrar tinta de soja.
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