Os desertos verdes são lugares que, por mais “verde” que pareçam, apresentam uma flora exótica, com baixa biodiversidade. Esses desertos estão muito presentes no Brasil, e causam variados danos socioambientais.
Viajando de carro entre os estados brasileiros, é possível notar, por exemplo, diversas plantações de eucalipto que abrangem uma vasta área. Por mais “verde” que sejam, essas florestas geralmente são compostas por espécies exóticas, e, em todos casos, abrigam um vazio de biodiversidade, apresentando baixa quantidade de fauna e de flora. Por isso, esses locais são conhecidos como desertos verdes, pois por mais parecidos que sejam com uma floresta, eles abrigam um baixo número de espécies.
Não se engane por essas plantações que muitas vezes são disseminadas como uma forma de reflorestamento e método ecologicamente correto. Entenda o que é o deserto verde e suas implicações para o meio ambiente:
O termo “deserto verde“ designa todas as áreas que compõem apenas uma cultura introduzida pelo ser humano. Um deserto verde pode ser formado por árvores de espécies exóticas ou plantações de commodities como a soja, geralmente destinada para a produção de ração para a atividade agropecuária. Muitas vezes, o reflorestamento com monoculturas é apresentado por empresas que praticam greenwashing como um método de recuperação de biodiversidade. Mas as monoculturas que normalmente são cultivadas para gerar lucro, não contribuem para a retomada da biodiversidade local.
Isso acontece porque o plantio de monocultura limita a consolidação de cadeias alimentares no local. Com uma baixa diversidade de produtores primários (flora), o deserto verde limita o desenvolvimento de diferentes espécies. Por isso a expansão do complexo agroindustrial, que normalmente usa monocultura em larga escala, vem sendo alvo de diversas críticas vindas de movimentos ambientais, sociais, e organizações não-governamentais.
Mesmo sendo relativamente uma forma de “reflorestamento”, essas monoculturas causam impactos socioambientais negativos. Além de impossibilitar o desenvolvimento da biodiversidade, os desertos verdes muitas vezes estão associados a impactos sociais, como a invasão de territórios pertencentes a povos indígenas.
No Brasil, os eucaliptos, pinus e acácia são as árvores exóticas mais utilizadas nos desertos verdes. Elas se adaptam bem ao meio ambiente do país, tendo um rápido crescimento também impulsionado pela mão de obra e infraestrutura. Essas árvores servem sobretudo para a indústria de papel, celulose, madeira e carvão vegetal.
As extensas lavouras de cana-de-açúcar também são exemplos de desertos verdes. Sua produção é destinada principalmente para a produção de etanol e biocombustíveis.
Outro exemplo comum de deserto verde é o cultivo da soja. Produzido no Brasil, esse produto é destinado para o mercado externo e para alimentação da pecuária. Mas gera diversas externalidades negativas (causadas pelo desmatamento, queima de combustíveis fósseis em maquinários, compactação do solo e amplo uso de agrotóxicos) para a população brasileira e para o meio ambiente, trazendo lucro para poucos.
Os impactos ambientais dos desertos verdes variam de acordo com a cultura plantada. Contudo, os principais impactos vistos em todos os desertos verdes são a perda da biodiversidade, desertificação, erosão, deterioração do solo, além de uma intensa mudança no ecossistema da região.
No caso das plantações de eucaliptos, há um grande consumo de água em comparação com a vegetação nativa, o que pode gerar desertificação dos cursos d’água da região. Essas plantações de eucaliptos, normalmente, ocupam uma vasta área, desregulando o balanço hídrico local e provocando severas alterações no ecossistema.
Vale ressaltar que muitas empresas defendem o plantio de árvores como o eucalipto e pinus como uma forma ambientalmente amigável de fazer sequestro carbono e reflorestar áreas degradadas. Já os ambientalistas defendem que esses desertos verdes não podem ser chamados de florestas, pois possuem baixa biodiversidade e geram impactos negativos para o ecossistema e populações locais.
Além disso, os ambientalistas alertam que as monoculturas em larga escala, como normalmente são as plantações de soja e cana-de-açúcar no Brasil, provocam o desgaste dos solos, esgotamento de nutrientes, perda de biodiversidade e uma maior taxa de erosão.
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