O que eu posso fazer contra as mudanças climáticas?

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As consequências das mudanças climáticas podem atingir a sociedade de diversas formas, impactando as áreas social, cultural e ambiental. Só para você ter uma ideia, a saúde humana, a infraestrutura das comunidades, os sistemas de transporte, os suprimentos de água e a comida são exemplos de áreas que podem ser prejudicadas por esse fenômeno. No entanto, desafios maiores podem afetar alguns grupos sociais, como pessoas que vivem em áreas mais pobres e vulneráveis ou idosos e comunidades de imigrantes. Por isso, descubra o que você pode fazer contra as mudanças climáticas.

O que são mudanças climáticas?

Mudanças climáticas são as variações climáticas na temperatura, precipitação e nebulosidade em escala global. Elas podem ser causadas por fatores naturais, como as alterações na radiação solar ou movimentos da órbita da Terra.

Porém, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) afirma que existem estudos científicos que comprovam que o aumento da temperatura no planeta está sendo provocado pela ação do homem ao longo dos últimos 250 anos.

Atitudes que podem ajudar a combater as mudanças climáticas

O sexto relatório do Grupo de Trabalho I do IPCC mostra que o mundo provavelmente atingirá ou excederá 1,5 °C de aquecimento nas próximas duas décadas – mais cedo do que em avaliações anteriores. Limitar o aquecimento a este nível e evitar os impactos climáticos mais severos depende de ações nesta década.

Somente cortes ambiciosos nas emissões permitirão manter o aumento da temperatura global em 1,5°C, o limite que os cientistas dizem ser necessário para prevenir os piores impactos climáticos. Em um cenário de altas emissões, o IPCC constata que o mundo pode aquecer até 5,7°C até 2100 – com resultados catastróficos.

Conscientização e mudanças de atitude são muito importantes quando o assunto envolve mudanças climáticas. Confira o que você pode fazer para ajudar:

Reduza o uso de carro

O dióxido de carbono, um dos principais gases do efeito estufa, é encontrado principalmente na queima de combustíveis fósseis como a gasolina, o diesel e o carvão. Para evitar esse tipo de poluição, a redução do uso deliberado do automóvel é um bom caminho!

Que tal usar bicicleta, transporte público ou coletivo?

Bicicletas são boas opções para deslocamentos de curta e longa distâncias. Além disso, caronas e transporte público de qualidade, sobretudo trens e metrô – que utilizam fontes renováveis de energia – são ótimas alternativas. Quando o local é bem próximo, ir a pé também é uma boa saída.

Seja vegano

O uso maciço de fertilizantes nitrogenados na agricultura para a ração do gado também é um forte amplificador das mudanças climáticas, uma vez que além de exigirem grandes quantidades de energia em sua produção, quando aplicados ao solo, desprendem nitrogênio na atmosfera. O gás, combinado ao oxigênio, dá origem ao óxido nitroso (N2O), um poderoso GEE, cujo potencial de retenção de calor na atmosfera é de ordem 300 vezes superior à do dióxido de carbono (CO2).

Já o metano, GEE cerca de 20 vezes mais potente que o dióxido de carbono na retenção de calor na atmosfera, a ela chega de diversas formas: emanação via vulcões de lama e falhas geológicas, decomposição de resíduos orgânicos, fontes naturais (ex: pântanos), na extração de combustível mineral (a exemplo do gás de folhelho via fraturamento hidráulico extraído do folhelho negro), fermentação entérica de animais (herbívoros, carnívoros e onívoros), bactérias e aquecimento ou combustão de biomassa anaeróbica.

A agropecuária é fortemente uma atividade amplificadora das mudanças climáticas; isso porque no processo são emitidas quantidades significativas de GEE. Um estudo feito pela Universidade de Leeds, no Reino Unido, mostrou que reduzir consumo de carne vermelha é mais efetivo contra gases-estufa do que deixar de andar de carro. De acordo com outra pesquisa, da Universidade de Oxford, se todos fossem veganos, oito milhões de mortes anuais seriam evitadas e a poluição diminuiria em dois terços. Saiba mais sobre o veganismo na matéria:

Compostagem é uma boa!

Com relação à decomposição de resíduos orgânicos, a biodigestão e a compostagem são consideradas tecnologias mitigadoras por reduzirem as emissões de GEE por tonelada de resíduo tratado; a primeira tem a vantagem de gerar energia como subproduto e a segunda, o adubo natural. 

Plante árvores

Imagem de Matthew Smith no Unsplash

As árvores são incríveis. Elas retiram dióxido de carbono da atmosfera e o armazenam por séculos, ao mesmo tempo que oferecem habitats para inúmeras espécies. Por isso, plante árvores!

Minimize o desperdício

Grande parte do desperdício de alimentos está na própria produção. Mas o consumidor pode contribuir de alguma forma para mudar esse quadro. A primeira dica seria, sempre que possível, optar por alimentos produzidos localmente, uma vez que estes não sofrem (ou sofrem menos) as perdas do transporte e da degradação, tornando-se, quem sabe, um locávoro.

Outra forma de evitar desperdício é optar por consumir Pancs (Plantas alimentícias não-convencionais) ruderais, pois essas são uma alternativa às monoculturas e muitas vezes nascem naturalmente em casa ou nas proximidades, podendo ser colhidas na hora do uso, ou pouco tempo antes, evitando também perdas de transporte a longa distância e degradação pelo armazenamento.

Você também evita o desperdício de alimentos aprendendo a fazer receitas com cascas, raízes e sementes. Você já pensou em comer casca de banana, por exemplo? Já conhece nossas 18 diferentes formas de reaproveitar a casca do limão? Ou ainda os sete benefícios da semente de abóbora para a saúde?

Você também pode contatar os produtores de alimentos mais próximos e formar grupos de consumo com seus vizinhos, pois fazendo compras coletivas o preço fica mais em conta e o produtor pode produzir de acordo com a demanda, evitando desperdício.

Outra alternativa aliada a essas é compostar seus resíduos orgânicos. Assim, em vez de virar “lixo” e ocupar espaço em aterros e lixões, ele vira húmus e servirá de insumo, inclusive, para você doar ou começar a plantar localmente em algum espaço compartilhado com vizinhos.

Seja ecoeficiente

Segundo a definição do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável, o termo ecoeficiência pode ser entendido como uma forma de produzir e fornecer serviços e bens competitivos no mercado com menor consumo de recursos naturais e menor geração de poluentes. O objetivo é satisfazer as necessidades humanas e manter a qualidade de vida com um mínimo de alterações negativas ao meio ambiente.

A ecoeficiência pode ser aplicada em nossas atitudes diárias. Para isso, devemos levar em conta as questões socioambientais no momento da aquisição de bens, assim como ao contratar serviços, procurando sempre avaliar os impactos causados.

No contexto de preservação do meio ambiente, o melhor sistema é aquele que consegue minimizar seu impacto na natureza, desde o desenvolvimento até o momento do descarte final do produto. Com isso, busca-se entregar ao mercado serviços e bens que satisfaçam as necessidades humanas de maneira qualificada. As marcas que conseguem ser eficientes tornam-se competitivas no mercado e não desperdiçam matéria-prima, contribuindo para um futuro sustentável.

Existem oito aspectos fundamentais para se avaliar a ecoeficiência de algum item ou serviço. São eles:

  1. Diminuir o consumo de materiais com bens e serviços;
  2. Diminuir o consumo energético com bens e serviços;
  3. Minimizar a liberação de substâncias tóxicas;
  4. Ampliar a utilização sustentável de recursos renováveis;
  5. Promover a reciclagem dos materiais usados;
  6. Maximizar a utilização consciente dos recursos renováveis, fomentando a sustentabilidade;
  7. Estender a vida útil dos itens;
  8. Auxiliar na educação do público sobre a gestão de recursos naturais e energéticos.

Repense a crise

Um artigo de 2015 do filósofo Roman Krznaric explica como a empatia pelos outros “está começando a ser vista como uma das forças fundamentais para enfrentar os desafios globais que vão desde emergências humanitárias e conflitos políticos violentos até a crise climática e a perda de biodiversidade”.

No artigo, Krznaric argumenta que a empatia pode transformar nossa estrutura mental subjacente e levar as pessoas a priorizar o “interesse comum” ao invés do “interesse próprio”.

Embora a hiper individualidade do mercado livre capitalista seja a ideologia dominante dos dias atuais, ao aumentar os níveis de empatia podemos ir além das limitações de nossos próprios egos e tentar nos imaginar na posição de minorias oprimidas, gerações futuras ou mesmo outras espécies.

Por meio desse processo, podemos iniciar uma mudança cultural de “comprar” para “pertencer”. Krznaric acrescenta: “Alimentar as pessoas com uma enxurrada de fatos e informações sobre a extensão da desigualdade global ou degradação ambiental não é suficiente para motivar a ação e pode exacerbar os níveis de negação. Portanto, é vital trabalhar em um nível mais profundo de usar a empatia para mudar nossos quadros mentais. ”

Quanto menos CFCs, melhor

Embora o consumo de CFCs (clorofluorcarbonetos) tenha sido eliminado no País de forma regulamentar, ainda estão em operação equipamentos de refrigeração e ar-condicionados que operam à base desses gases nocivos. Alternativamente aos CFCs, sob o argumento de serem 50% menos destrutivos à camada de ozônio, surgiram os HCFCs (hidroclorofluorcarbonos). Por outro lado, a nova solução, baseada nos gases chamados fluorados, representa grande contribuição para o aquecimento global. Isso porque essa tecnologia alternativa pode ser milhares de vezes mais prejudicial do que o dióxido de carbono, o que levou a União Européia a pressionar por seu banimento em favor de alternativas naturais não sintéticas, como a amônia ou o próprio dióxido de carbono, que têm altas propriedades de resfriamento.

Por fim, ainda há ações importantes a serem tomadas e que dizem respeito ao caráter político de nossa vida em sociedade. Um cidadão consciente e ambientalmente educado reúne a argumentação e as condições necessárias para, além de tomar as melhores escolhas em relação ao consumo, pressionar governos, empresas e representantes da sociedade a tomarem decisões e posturas mais viáveis socioambientalmente e, consequentemente, combativas às mudanças climáticas. Exemplos dessas ações são a capacidade de articulação em sociedade e o apoio a representantes que mostram preocupação com mobilidade urbana, com o aquecimento global e com todos os outros temas ligados à sustentabilidade.

Julia Azevedo

Sou graduanda em Gestão Ambiental pela Universidade de São Paulo e apaixonada por temas relacionados ao meio ambiente, sustentabilidade, energia, empreendedorismo e inovação.

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