As bacias sedimentares são regiões de depressão que acumulam, durante milhões de anos, os sedimentos erodidos vindo de relevos em altitudes mais altas
Bacias sedimentares são regiões onde há depressões que, com a erosão de milhões de anos, acumulam sedimentos orgânicos e rochosos deslocados de relevos acima. Elas apresentam uma grande importância econômica, pois abrigam minérios e combustíveis fósseis.
Ao tomar banho de rio, normalmente é possível ver diversas pedras e restos de plantas que irão ser depositadas em algum ponto do rio ou no deságue do mar. Em uma escala de milhões de anos, essa deposição é responsável pela criação das bacias sedimentares.
O que são bacias sedimentares e como se formam?
A formação das bacias sedimentares começa na interação entre as placas tectônicas. Assim são criados os relevos, como planaltos, depressões e montanhas. Todo esse processo, que ocorre em diferentes eras geológicas, resulta em uma configuração onde as montanhas e planaltos serão fortemente erodidos e seus sedimentos serão transportados para áreas de menor altitude (abaixo das montanhas e planaltos).
As bacias sedimentares se originam a partir de duas estruturas geológicas: os escudos cristalinos e uma depressão. Os escudos cristalinos são as rochas mais rígidas localizadas no solo. A parte acima da depressão é lentamente desgastada por diferentes agentes erosivos e transportada, por efeito da gravidade, para as regiões de depressão. Essas regiões de depressão acumulam, durante milhões de anos, os sedimentos erodidos, dando origem a uma bacia sedimentar.
Por se tratar de um evento que acontece em diferentes eras geológicas, as bacias sedimentares acumulam os sedimentos de forma desigual, já que a intensidade da erosão muda de acordo com o tempo. Essa diferença de intensidade gera várias camadas de sedimentos, que carregam em si informações importantes para o estudo da história do planeta Terra e a evolução do relevo local.
Esse processo fica nítido na imagem abaixo, onde é possível visualizar camadas de rochas com diferentes cores, que mostram o diferente acúmulo do relevo ao longo do tempo.
Quais são os tipos e características das bacias sedimentares?
Elas são classificadas em quatro grandes grupos, que se diferenciam pela localização em relação às placas tectônicas: a bacia sedimentar extensional (localizada nas margens divergentes); bacia sedimentar colisional (presentes nas bordas convergentes);bacia sedimentar transtensional (nas bordas transformantes da placa tectônica e bacia sedimentar intra-cratônica (localizada no interior das placas tectônicas).
As bacias sedimentares também podem ser separadas de acordo com sua formação, evolução e localização, sendo divididas em:
Fossas de afundamento: são formadas a partir do afastamento de placas tectônicas, gerando duas áreas distintas de horst (relevos mais altos) e gráben (relevos mais baixos). Elas se diferem das bacias oceânicas, pois não se localizam nos fundo do oceano (como as fossas marianas), além das bacias oceânicas serem mais instáveis e profundas.
Bacias intracratónicas: situam-se longe das bordas tectônicas, em áreas estáveis, com depressões ovais ou arredondadas que recebem sedimentos de feições geológicas que as rodeiam. A Bacia do Paraná é um exemplo desse tipo de bacia no Brasil.
Margens continentais: são as bacias localizadas nas margens continentais. Elas podem ser passivas (associadas à expansão do assoalho oceânico, movimento de separação de placas) ou ativas (associada aos processos de convergência e subducção das placas).
Bacias frontais: estão localizadas entre a fossa oceânica e o arco insular vulcânico, nas regiões de convergência de placas, onde os sedimentos vem em sua maioria do arco insular vulcânico, e se localizam entre a fossa oceânica e o arco insular. Com o passar de milhões de anos, essa bacia se afasta dos arcos insulares vulcânicos, dando origem às bacias de retroarco.
Bacias intramontanhosas: são formadas pela deposição de sedimentos entre duas montanhas ou cordilheiras.
Bacias de pull-apart: são formadas nos limites de falhas transcorrentes, onde há o deslocamento horizontal entre os dois blocos.
Quais são as bacias sedimentares brasileiras?
As bacias sedimentares brasileiras são responsáveis por ocupar cerca de 60% do território nacional, podendo ser separadas entre bacia sedimentar de grande extensão, bacia sedimentar de menor extensão e bacia sedimentar muito pequena. Elas foram formadas a partir das eras Paleozoica, Mesozoica e do Cenozoica.
No Brasil, há 11 principais bacias sedimentares, sendo elas: a Bacia Amazonas, Plataforma Pará, Barreirinhas, Mundaú, Potiguar, Sergipe/Alagoas, Recôncavo/Tucano Sul, Jequitinhonha, Espírito Santo, Campos e Santos. Para saber mais sobre a classificação dessas bacias, acesse o pdf.
Importância das bacias sedimentares
Como visto anteriormente, a bacia sedimentar é um acúmulo de sedimentos rochosos (partes de rochas que vem da erosão) e orgânicos (como restos de animais e plantas). Por isso, as bacias sedimentares acumulam sedimentos que possibilitam estudos sobre o desenvolvimento do relevo local, revelando os momentos de maior ou menor erosão de um relevo.
Além disso, o acúmulo de sedimentos é importante pois, quando é dado por rochas sedimentares, gera um agregado de recursos minerais. Já quando os sedimentos “enterrados” são orgânicos, eles podem gerar, dependendo das condições de temperatura e pressão, os fósseis. Se esse processo for muito intenso, esses restos de organismos se litificam, tornando-se combustíveis fósseis como o petróleo, gás natural e carvão mineral.
No Brasil, existem nove bacias sedimentares produtoras de petróleo, são elas: Campos, Espírito Santo, Tucano, Recôncavo, Santos, Sergipe-Alagoas, Potiguar, Ceará e Solimões. Contudo, é importante salientar que esses combustíveis de origem fóssil são extremamente danosos ao meio ambiente, sendo responsáveis por grande parte da emissão de carbono para a atmosfera. No último relatório do IPCC, foi alertado sobre os perigos da emissão de gases do efeito estufa por essa matriz energética, que retira o carbono que está armazenado no solo, que demoraria milhões de anos para retornar à atmosfera.