Nós já sabemos que milhares de produtores rurais, iniciativas empresariais, organizações da sociedade civil, governos e instituições de pesquisa estão recuperando áreas degradadas e florestas, promovendo a restauração ecológica, a silvicultura e o reflorestamento de espécies nativas e exóticas para produção de madeira, papel, celulose, serviços ambientais e muitos outros produtos não madeireiros. Esses atores têm um papel fundamental para acelerar e dar escala à recuperação dos nossos ecossistemas, permitindo que o Brasil cumpra seus compromissos nacionais e internacionais de restauração florestal.
Apesar desse grande esforço, ainda há pouco reconhecimento no Brasil e no mundo dos resultados já alcançados. É preciso dar visibilidade para essas iniciativas e projetos, apresentando os resultados de forma sistemática, transparente e confiável.
Para atender a essa necessidade a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, com o apoio de WRI Brasil, Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Pacto pela Restauração da Mata Atlântica (Pacto) e The Nature Conservancy (TNC), lançam nesta semana o Observatório da Restauração e Reflorestamento. Trata-se de uma iniciativa pioneira e inédita para unir dados de iniciativas e projetos de restauração em andamento no Brasil com dados de monitoramento via satélite.
Veja o webinar de lançamento do Observatório, com apresentação sobre a ferramenta, contextualização dos dados e dos números mapeados:
A plataforma conta com duas principais interfaces. A primeira, voltada para um público mais técnico, apresenta os dados em um mapa do Brasil e disponibiliza ferramentas para que os usuários possam fazer análises espaciais com as informações. Isso é crucial para dar transparência e ajudar a contabilizar os avanços dos compromissos nacionais e internacionais de restauração.
A segunda interface consolida os números e apresenta os dados principais da plataforma de forma simples. Ela pode ser uma importante ferramenta na tomada de decisões ao mensurar pela primeira vez o avanço da restauração e do reflorestamento no país.
Gestores públicos, sejam federais, estaduais e municipais, podem identificar a localização das áreas em restauração e reflorestamento. Isso pode ser crucial para acompanhar a permanência e o sucesso dos investimentos nessas áreas, assim como planejar novos programas e projetos de restauração. Empresas privadas também podem monitorar suas áreas de restauração para fins de adequação ambiental, rastrear suas cadeias de produtos florestais, ou verificar o cumprimento de suas políticas de sustentabilidade. Assim como o setor financeiro e o mercado podem monitorar suas metas ESG (Ambiental, Social e Governança).
Antes de apresentar os números já mapeados pelo Observatório, é importante ressaltar que trata-se de um processo contínuo de busca de informações das iniciativas de restauração. A plataforma apresenta os dados que já estão disponíveis, acessíveis e compartilhados publicamente até o momento do lançamento. Sabe-se que muitas iniciativas e projetos importantes ainda não estão contabilizados, mas o Observatório convida a todos – produtores, empresas, sociedade civil, instituições de pesquisa e governos – a entrar em contato para disponibilizar seus dados, num processo contínuo de melhoria e monitoramento das áreas em processo de restauração no Brasil.
Para melhor apresentar os dados coletados, o Observatório os dividiu em três categorias: restauração, regeneração natural e reflorestamento. Não se recomenda somar os dados das três categorias, que poderiam apresentar um panorama diferente do que se encontra na realidade. Eis os dados identificados em cada uma delas:
Uma das mais importantes características do Observatório da Restauração e Reflorestamento é dar visibilidade para os produtores e organizações que estão restaurando na ponta. Essa visibilidade é crucial para dar transparência e reconhecer o importante trabalho desenvolvido por produtores rurais que estão fazendo a restauração se tornar realidade. Facilitar esse reconhecimento pode melhorar o acesso a recursos e ao financiamento necessário para acelerar e aumentar a escala da restauração.
O papel de movimentos de restauração, produtores, empresas, governos, organizações da sociedade civil e instituições de pesquisas engajadas em restauração foi crucial em disponibilizar os dados para o Observatório. Por exemplo, o Observatório conta com os dados do Pacto e da Aliança pela Restauração na Amazônia. No Pacto, são mais de 300 organizações-membro restaurando a Mata Atlântica, o bioma mais ameaçado do Brasil, resultando em ganhos ambientais e econômicos. Na Aliança, embora nem todas as áreas estejam já totalizadas na plataforma, sabemos que existem cerca de 2,7 mil iniciativas de restauração que mostram grandes oportunidades para acelerar e aumentar a escala. As mesmas incluem projetos de restauração ecológica, Sistemas Agroflorestais (SAFs) e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF).
Também é importante dar visibilidade para políticas públicas que promovem e incentivam a restauração. O Observatório permite que o usuário faça buscas por município, tornando possível ver onde a restauração está acontecendo, como por exemplo o trabalho da prefeitura de Extrema (MG) e do programa Conservador da Mantiqueira. Na esfera estadual, duas importantes bases de dados já foram incluídas: as dos estados de São Paulo e Espírito Santo. Gestores públicos de outros estados são encorajados a disponibilizar seus números e disseminar suas boas práticas governamentais.
A restauração de paisagens e florestas tem se destacado no debate público e privado no Brasil e no mundo por ser uma das melhores soluções para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e, assim, combater as mudanças climáticas. Ao mesmo tempo, a restauração gera emprego e renda e assegura uma agricultura mais resiliente e sustentável. Não por acaso as Nações Unidas definiram o período de 2021 a 2030 como a Década da Restauração dos Ecossistemas. Para que os benefícios da restauração sejam disseminados e percebidos pela sociedade, é crucial reunir e atualizar as iniciativas de restauração e reflorestamento e apresentá-las com transparência e confiabilidade à sociedade, tanto no Brasil quando no exterior.
O Observatório da Restauração e Reflorestamento está dando um primeiro passo nesse sentido. Para isso, ele precisa ser uma plataforma viva e dinâmica, sempre adicionando novos dados e atualizando as informações para retratar o cenário da restauração no Brasil de forma fidedigna. WRI Brasil, Imazon, TNC e Pacto, junto com a Coalizão Brasil e parceiros, convida os produtores rurais, gestores públicos, gerentes de projetos e empresas e sociedade civil engajados na agenda da restauração a disponibilizar e compartilhar seus dados, mostrando para o mundo que o Brasil é o país da restauração.
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