O óleo de licuri é extraído da amêndoa da planta de mesmo nome, da espécie Syagrus coronata. Pertencente da família Arecaceae, é uma palmeira nativa das regiões secas e áridas da caatinga, no nordeste do Brasil. Sua cultura é de extrema importância para o desenvolvimento socioeconômico das comunidades da região – como existem limitações do solo e do clima para a agricultura, a exploração do licuri pode ser uma boa fonte de geração de renda.
O fruto é uma ótima fonte nutricional. Segundo uma pesquisa do Ministério da Educação, ele contém nutrientes como cobre, ferro, manganês, zinco, cálcio e magnésio. Com tais propriedades, o óleo pode garantir o bom funcionamento do sistema nervoso e imunológico, prevenir a osteoporose e fortalecer os ossos, além de prevenir aterosclerose, problemas cardíacos, artrite reumatoide, infecções, hipoglicemia, inflamações, lúpus, etc. Ele pode agir também contra a diabetes graças a presença de manganês, que ajuda na liberação da insulina e no metabolismo da glicose. Também auxilia na síntese de ácidos graxos essenciais ao organismo e na liberação de hormônios da tireoide e hormônios sexuais. O ferro é essencial para a dieta das crianças, já que sua deficiência pode causar distúrbios de aprendizagem, decréscimo na produção de energia e alterações do aparelho digestivo. Além disso, o ferro previne a anemia e ajuda no desenvolvimento mental.
A exploração não se resume simplesmente ao fruto para a alimentação, muito consumido nas comunidades produtoras. O licuri é uma planta altamente aproveitada e pode proporcionar vários tipos de atividade às comunidades extrativistas: as folhas podem ser usadas para fazer artesanato; a cera das folhas é usada na produção de papel carbono, graxa para sapatos, móveis e pintura de automóveis; a casca do tronco pode se tornar combustível para fornos em fábricas de cerâmicas ou até mesmo para uso doméstico; da amêndoa, é possível extrair o óleo e o leite de licuri, consumir in natura e ainda utilizar as sobras para alimentação animal e produção de barrinhas de cereal para complemento alimentar para crianças, pelo seu alto teor de proteínas (cerca de 11%).
Apesar do potencial nutritivo e de todas essas outras aplicações do liculizeiro, o subproduto de maior valor para os produtores é o óleo extraído da amêndoa. A amêndoa contém por volta de 40% a 50% de óleo, extraído por solvente ou prensagem a frio (este último processo tendo melhor rendimento).
Pesquisadores do Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia (Cefet-BA) verificaram um alto teor de ácidos graxos saturados de cadeia média no óleo, compostos com boas características para a indústria cosmética. O extrato já é considerado o melhor óleo brasileiro para a produção de sabão. No entanto, outras propriedades do óleo são raramente exploradas e existem poucos estudos que valorizam suas possíveis aplicações cosméticas.
Sua composição de ácidos graxos é similar à do óleo de coco, e os dois, portanto, possuem benefícios parecidos. Com propriedade emoliente, o óleo promove boa espalhabilidade e alta penetração na pele para emulsões, e também age na prevenção de feridas e melhora a elasticidade dérmica; apresenta baixa acidez e alta estabilidade, garantindo ampla aplicabilidade. Pode ser usado na preparação de emulsões e formulações cosméticas, como aerossois, cremes, loções, batons, entre outros, ou pode ser usado diretamente na pele ou cabelos.
Segundo o estudo publicado no Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences, da USP, as emulsões com concentração de 10% a 20% de óleo e 10% a 15% de tensoativos – usados como conciliadores de fases imiscíveis (exemplo: água/óleo) para preparação de emulsões, entre outros – promovem hidratação significante devido à característica de retenção de água, e são altamente estáveis. Portanto, suas ações na pele são hidratantes e suavizantes, além de possuírem antioxidantes que agem contra os radicais livres, evitando o envelhecimento precoce da pele e diminuindo as rugas.
No tratamento dos cabelos – que podem ser lisos ou cacheados – o óleo nutre e hidrata os fios e o couro cabeludo, além de dar brilho e acabar com o frizz. Também pode agir como antiqueda e anticaspa.
Embora ele seja usado muito na culinária, segundo o estudo Extração e Caracterização do Óleo da Amêndoa do Licuri para a Sociedade Brasileira de Química, ele é muito apropriado para uso na indústria de cosméticos e produtos de higiene biodegradáveis ou ainda pode ser utilizado na produção de biocombustíveis. Pesquisadores do IFBA, na Bahia, concluíram que o óleo de licuri é altamente viável para a produção de biodiesel, por exemplo.
O óleo de licuri apresenta diversos benefícios à nossa saúde devido aos ácidos graxos de cadeia média (AGCM) nele presentes, que são gorduras saturadas de fácil digestão. Os três principais ácidos graxos presentes no óleo são o ácido láurico (36%), o ácido caprílico (24%) e o ácido cáprico (14%). Esses ácidos graxos podem ser utilizados como suplementos alimentares já que ajudam a reduzir o acúmulo de gordura, promovem saciedade, liberam energia e auxiliam no funcionamento do metabolismo e da tireoide. Essas propriedades podem auxiliar no processo de perda de peso.
O ácido láurico tem ação antibacteriana, antiviral e antiprotozoária. Previne organismos como citomegalovirus, Chlamydia trachomatis (clamídia), Streptococcus (diversas doenças, entre elas a meningite e a faringite estreptocócica), giárdia (giardíase), Helicabacter pylori (gastrite e úlcera), Herpes simplex (herpes), etc.
O ácido caprílico, com sua ação antifúngica, previne a candidíase de repetição (causado pela Candida albicans) e age contra os seus sintomas. Além disso, age também contra salmonella, micose, gastroenterite e staphylococcus.
O ácido cáprico tem papel fundamental no metabolismo da glicose e dos lipídeos. Já existem estudos que ligam o ácido cáprico ao tratamento da diabetes, como este, publicado na Journal of Biological Chemistry.
Não se esqueça de consultar seu médico antes de utilizar o óleo de licuri e consuma somente óleos 100% naturais, livres de químicas nocivas para o corpo ou compostos que alterem alguma propriedade do óleo.
Qualquer tipo de óleo pode contaminar águas e solos e causar riscos ambientais, portanto coloque os resíduos em um recipiente plástico e os leve a um local adequado. Para descartar corretamente, consulte locais.
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