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Essa foi a maior revisão da seção de antibióticos em 40 anos de história da lista

Imagem: ONU

A Organização Mundial da Saúde (OMS) atualizou suas recomendações sobre quais antibióticos devem ser usados para infecções comuns e quais devem ser utilizados apenas em situações mais graves. A atualização faz parte da “Lista Modelo de Medicamentos Essenciais” da OMS para 2017, que também adiciona medicamentos para HIV, hepatite C, tuberculose e leucemia.

A lista atualizada acrescenta 30 medicamentos para adultos e 25 para crianças, além de especificar novos usos para nove produtos já listados, alcançando um total de 433 medicamentos considerados essenciais para atender às necessidades de saúde pública mais importantes.

A “Lista de Medicamentos Essenciais” da OMS é utilizada por muitos países para aumentar o acesso aos medicamentos e orientar decisões sobre quais produtos garantir disponibilidade para suas populações.

“Medicamentos seguros e eficazes são uma parte essencial de qualquer sistema de saúde”, disse Marie-Paule Kieny, subdiretora geral de sistemas de saúde e inovação da OMS. “Certificar-se de que todas as pessoas possam ter acesso aos remédios que precisam, quando e onde precisam, é vital para o progresso dos países em direção à cobertura de saúde universal”.

Na maior revisão da seção de antibióticos em 40 anos de história da lista, especialistas da OMS agruparam antibióticos em três categorias – ACCESS, WATCH e RESERVE (acesse, observe e reserve, em inglês) – com recomendações sobre quando cada categoria deveria ser usada.

Inicialmente, as novas categorias se aplicam apenas aos antibióticos utilizados para tratar 21 das infecções gerais mais comuns. Se essa inciativa se mostrar útil, pode ser ampliada em versões futuras da lista, sendo aplicada também em drogas usadas para tratar outras infecções.

A mudança visa a assegurar que os antibióticos estejam disponíveis quando necessário e que os antibióticos certos sejam prescritos para as infecções certas. O objetivo é que melhore os resultados do tratamento, reduza o desenvolvimento de bactérias resistentes a medicamentos e preserve a eficácia dos antibióticos de “último recurso”, que são necessários quando todos os outros falham.

As mudanças apoiam o Plano de Ação Global da OMS sobre a resistência antimicrobiana, que visa a combater o desenvolvimento da resistência a medicamentos, garantindo o melhor uso de antibióticos.

A OMS recomenda que os antibióticos no grupo ACCESS estejam disponíveis em todos os momentos como forma de tratar uma ampla gama de infecções comuns. Por exemplo, amoxicilina, um antibiótico amplamente usado para tratar infecções como pneumonia.

O grupo WATCH inclui antibióticos que são recomendados como tratamentos de primeira ou segunda escolha para um pequeno número de infecções. Por exemplo, a ciprofloxacina, usada para tratar a cistite (um tipo de infecção do trato urinário) e infecções do trato respiratório superior (como sinusite bacteriana e bronquite bacteriana), deve ter sua utilização dramaticamente reduzida para evitar um desenvolvimento maior da resistência.

O terceiro grupo, RESERVE, inclui antibióticos como a colistina e certas cefalosporinas que devem ser consideradas opções de último recurso e usadas apenas nas circunstâncias mais severas, quando todas as alternativas falharam, como casos de infecções que ameaçam a vida devido a bactérias multirresistentes.

Especialistas da OMS adicionaram 10 antibióticos à lista para adultos e 12 para crianças.

“O aumento da resistência aos antibióticos decorre da forma como estamos usando — usando mal — esses medicamentos”, disse Suzanne Hill, diretora de Medicamentos Essenciais e Produtos de Saúde. “A nova lista da OMS deve ajudar os planejadores e prescritores do sistema de saúde a garantir que as pessoas que precisam de antibióticos tenham acesso a eles e assegurar que elas obtenham o correto, de modo que o problema da resistência não piore”.

Outros acréscimos

A lista atualizada também inclui vários novos medicamentos, como dois tratamentos orais contra o câncer, uma nova pílula para a hepatite C que combina dois medicamentos, um tratamento mais eficaz para o HIV, bem como um medicamento mais antigo que pode ser tomado para prevenir a infecção pelo HIV em pessoas em alto risco, novas formulações pediátricas de medicamentos para tuberculose e analgésicos.

O documento inclui dois medicamentos orais contra câncer (dasatinibe e nilotinibe) para o tratamento da leucemia mielóide crônica que se tornou resistente ao tratamento padrão. Em ensaios clínicos, um em cada dois pacientes que tomaram estes medicamentos conseguiu uma remissão completa e duradoura da doença.

Outros remédios adicionados foram sofosbuvir + velpatasvir como a primeira terapia de combinação para tratar os seis tipos de hepatite C (a OMS está atualmente atualizando suas recomendações de tratamento para a hepatite C). A lista também incluiu o dolutegravir para o tratamento da infecção pelo HIV, em resposta à evidência mais recente que mostra a segurança, eficácia e alta barreira à resistência do medicamento.

A profilaxia pré-exposição (PrEP) com tenofovir sozinho, ou em combinação com emtricitabina ou lamivudina, também foi adicionada para prevenir a infecção pelo HIV. Outras inclusões foram delamanídeo para o tratamento de crianças e adolescentes com tuberculose multidroga resistente (TB-MDR) e clofazimina para crianças e adultos com TB-MDR.

O documento incluiu formulações de combinação de dose fixa amigáveis para crianças de isoniazida, rifampicina, etambutol e pirazinamida para tratamento de TB pediátrica; manchas de pele de fentanil e metadona para alívio da dor em pacientes com câncer com o objetivo de aumentar o acesso aos medicamentos para cuidados de fim de vida. Outra inclusão foi a fentanila transdérmica e metadona para alívio da dor em pacientes com câncer, com o objetivo de aumentar o acesso aos medicamentos para cuidados de fim da vida.

Sobre a lista

A “Lista Modelo de Medicamentos Essenciais” da OMS foi lançada em 1977, coincidindo com o endosso dos governos na Assembleia Mundial da Saúde de “Saúde para todos” como o princípio orientador das políticas de saúde da OMS e dos países.

Muitos países adotaram o conceito de medicamentos essenciais e desenvolveram listas próprias, usando a lista como um guia. O documento é atualizado e revisado a cada dois anos pelo Comitê de Peritos da OMS sobre a Seleção e Uso de Medicamentos Essenciais.

A reunião do 21º Comitê de Peritos foi realizada de 27 a 31 de março de 2017 na sede da OMS. O Comitê considerou 92 pedidos para cerca de 100 medicamentos e adicionou 55 à Lista Modelo (30 para a lista geral e 25 para a lista infantil).

Acesse a lista atualizada e a lista dos membros do Comitê de Peritos.


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