Atingir as metas do Acordo de Paris para o clima poderia salvar cerca de 1 milhão de vidas por ano no mundo até 2050 com a redução da poluição do ar. As últimas estimativas dos principais especialistas também indicam que o valor dos ganhos em saúde decorrentes da ação climática seria aproximadamente o dobro do custo das políticas de mitigação em nível global, e que a relação custo-benefício é ainda maior em países como China e Índia.
Um relatório da OMS lançado nesta quarta-feira (5) na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP24) em Katowice, na Polônia, destaca por que as considerações de saúde são essenciais para o avanço da ação climática e delineia as principais recomendações aos formuladores de políticas.
A exposição à poluição do ar provoca 7 milhões de mortes em todo o mundo a cada ano, e custa cerca de 5,11 trilhões de dólares em perdas de bem-estar no mundo. Nos 15 países que mais emitem gases de efeito estufa, estima-se que os impactos da poluição do ar na saúde custem mais de 4% de seu Produto Interno Bruto (PIB). Ações para atingir as metas de Paris custariam cerca de 1% do PIB global.
“O Acordo de Paris é potencialmente o mais forte acordo de saúde deste século”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. “A evidência é clara de que a mudança climática já está tendo um impacto sério na vida e na saúde humana. Ameaça os elementos básicos que todos nós precisamos para uma boa saúde – ar limpo, água potável segura, estoque nutritivo de alimentos e abrigo seguro – e vai minar décadas de progresso na saúde global. Não podemos mais atrasar as ações”.
As mesmas atividades humanas que estão desestabilizando o clima da Terra também contribuem diretamente para a precariedade da saúde. O principal motor da mudança climática é a combustão de combustíveis fósseis, que também é um dos principais contribuintes para a poluição do ar.
“O verdadeiro custo da mudança climática é sentido em nossos hospitais e em nossos pulmões. O ônus da saúde das fontes poluidoras de energia é agora tão alto que mudar para escolhas mais limpas e sustentáveis para o fornecimento de energia, transporte e sistemas alimentares efetivamente se paga”, diz Maria Neira, diretora de Saúde Pública, Determinantes Ambientais e Sociais de Saúde da OMS. “Quando a saúde é levada em conta, a mitigação das mudanças climáticas é uma oportunidade, não um custo”.
Mudar para fontes de energia com baixo teor de carbono não só melhorará a qualidade do ar, mas também proporcionará oportunidades adicionais para benefícios imediatos à saúde. Por exemplo, a introdução de opções ativas de transporte, como o ciclismo, ajudará a aumentar a atividade física que pode ajudar a prevenir doenças como diabetes, câncer e doenças cardíacas.
O Relatório Especial da COP-24: saúde e mudança climática da OMS fornece recomendações para os governos sobre como maximizar os benefícios de saúde para enfrentar as mudanças climáticas e evitar os piores impactos sobre a saúde desse desafio global.
O documento descreve como países do mundo inteiro estão agora tomando medidas para proteger vidas dos impactos da mudança climática, mas aponta que a escala de apoio permanece totalmente inadequada, particularmente para os pequenos estados insulares em desenvolvimento e os países menos desenvolvidos. Foram alocados a projetos de saúde apenas 0,5% dos fundos multilaterais para o clima dispersos para a adaptação às mudanças climáticas.
Os países da Ilha do Pacífico contribuem com 0,03% das emissões de gases de efeito estufa, mas estão entre os mais profundamente afetados por seus impactos. Para os países insulares do Pacífico, ações urgentes para lidar com a mudança climática – incluindo o resultado da COP24 nesta semana – são cruciais para a saúde de seu povo e sua própria existência.
“Agora temos uma compreensão clara do que precisa ser feito para proteger a saúde das mudanças climáticas – desde instalações de saúde mais resilientes e sustentáveis a sistemas de alerta aprimorados para clima extremo e surtos de doenças infecciosas. Mas a falta de investimento está deixando os mais vulneráveis para trás”, disse Joy St John, assistente da diretora-geral para Clima e Outros Determinantes de Saúde.
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