A onça-pintada (Panthera onca) é o maior felino das américas e o terceiro maior do mundo, depois apenas dos tigres e leões. Espécie bandeira do Brasil pertencente à família Felidae e ao gênero Panthera, a onça é importante para as ações de conservação de diversas fitofisionomias brasileiras (Mata Atlântica, Floresta Amazônica, Cerrado e Pantanal) e está quase ameaçada de extinção.
A onça-pintada é um animal carnívoro e predador, de corpo robusto, dotado de agilidade e grande força muscular. A potência de sua mordida é considerada a maior dentre todos os felinos existentes.
Assim como leões, tigres e leopardos, ela emite uma série de roncos fortes, chamados de esturros, que podem ser ouvidos por quilômetros. A espécie possui pelagem amarelo-dourada com pintas pretas na cabeça, pescoço e patas. Nos ombros, costas e flancos, tem pintas formando rosetas que, em seu interior, possuem um ou mais pontos.
As onças-pintadas possuem hábitos solitários e, além disso, são territorialistas. Isso quer dizer que elas demarcam seu território com urina, excrementos e marcas de garras nas árvores.
A família dos felinos, de nome científico Felidae, abrange animais mamíferos que andam sobre as pontas dos dedos e que são carnívoros. Ela se divide, ainda, em duas subfamílias: a Pantherinae (que inclui tigres, leões, onças-pintadas, leopardo-das-neves e leopardos) e Felinae (que inclui guepardos, suçuaranas, linces, jaguatiricas e gatos domésticos).
Apesar de pertencerem à mesma família e gênero, e de apresentarem características físicas parecidas, onças-pintadas e leopardos são de subfamílias distintas e possuem diferenças no desenho do pelo e no porte. Além disso, os dois animais habitam regiões diferentes no planeta.
As onças são encontradas na América do Sul enquanto os leopardos vivem na África e na Ásia. As onças pesam aproximadamente 110 kg, sendo maiores que os leopardos, com 80 kg. Elas também possuem grandes dentes e músculos no maxilar. Em relação à pelagem, os leopardos possuem rosetas menores e menos complexas, agrupadas mais próximas umas das outras.
Como as onças-pintadas são animais predadores, localizados no topo da cadeia alimentar, e necessitam de grandes áreas preservadas para sobreviver, são consideradas indicadores biológicos de qualidade ambiental. A ocorrência desses felinos em uma região indica que ela oferece condições que permitam a sua sobrevivência.
Existem registros da ocorrência de onças desde o sudoeste dos Estados Unidos até o norte da Argentina, mas atualmente essa onça está extinta nesses territórios. A espécie ainda pode ser encontrada na América Latina, incluindo o Brasil, em florestas Amazônica e na Mata Atlântica e em ambientes abertos como o Pantanal e o Cerrado.
As presas naturais da onça pintada podem consistir em animais silvestres como catetos, capivaras, queixadas, veados e tatus. No entanto, quando o número de presas naturais diminui em função das atividades antrópicas, por exemplo, as onças se alimentam de outros animais, como rãs. Elas atacam geralmente a cabeça e o pescoço do animal, que pode morrer por lesões cerebrais ou sufocamento, considerando a força e eficácia de sua dentada.
As crescentes alterações ambientais provocadas pelo ser humano, como o desmatamento e a caça de presas silvestres e das próprias onças, são as principais causas da diminuição da população de onças-pintadas no Brasil. Reduzir a ameaça de extinção é fundamental para garantir sua sobrevivência e a integridade dos ecossistemas. Além disso, por auxiliar no equilíbrio das populações de outros animais, a onça pintada desempenha uma função ecológica muito importante.
Como são solitárias, as onças-pintadas só interagem com outros indivíduos da espécie durante a época de acasalamento. As fêmeas atingem a maturidade sexual por volta dos dois anos de idade, podendo ter sua primeira cria com três anos. Já os machos atingem sua maturidade com aproximadamente três anos, e são atraídos pelo odor e vocalização das fêmeas durante o período reprodutivo.
O tempo de gestação da onça-pintada varia de 93 a 105 dias e podem nascer de um a quatro filhotes por ninhada. Em média, os filhotes recém-nascidos pesam de 700 a 900 g, abrem os olhos a partir da segunda semana, mamam até os seis meses de idade e acompanham a mãe até um ano e meio.
A ocorrência de indivíduos negros é outra curiosidade interessante das onças-pintadas. Também chamada de onça-preta, esse tipo de onça pintada demonstra uma variação de melanina causada por genes dominantes. Sendo assim, elas possuem uma quantidade maior de melanina no corpo em relação às outras. Apesar de não serem muito evidentes, as onças-pretas também apresentam pintas e rosetas pelo corpo todo.
Diferente das onças-pretas, as panteras negras ou leopardos-negros não possuem pintas e rosetas pelo corpo.
A destruição de habitats e a caça predatória são as principais causas da redução severa na população dessas espécies. De fato, a onça-pintada está classificada pela IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza) e pelo IBAMA como espécie vulnerável e integram o apêndice I do CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção), que lista espécies ameaçadas de extinção, cujo comércio somente será permitido em circunstâncias excepcionais.
Estima-se que as queimadas na Amazônia desde o começo de 2019 mataram, feriram ou desalojaram entre 400 e 1500 onças-pintadas. Atualmente, a Amazônia concentra cerca de ⅔ da população mundial de onças-pintadas. Os recentes rumos da política ambiental no Brasil indicam um cenário perigoso para sua biodiversidade.
O atual cenário preocupa especialistas da Aliança Onça-Pintada, uma rede colaborativa de instituições criada em 2014 para ampliar ações de pesquisa e conservação da espécie na Amazônia brasileira.
O Instituto Onça-Pintada (IOP) é uma organização não governamental brasileira criada por dois biólogos em 2002. Sua missão é promover a conservação das onças-pintadas através de aplicações de manejo em cativeiro e em vida livre, além da realização de pesquisas científicas nos biomas Amazônia, Cerrado, Caatinga, Pantanal e Mata Atlântica.
Os trabalhos estão diretamente relacionados com a onça pintada e suas presas e abordam os mais diversos aspectos, dentre eles: programas de monitoramento em longo prazo das populações de onças-pintadas e suas presas naturais em vida livre, programas de manejo para solucionar os conflitos entre este predador e os pecuaristas, ecologia, epidemiologia, modelagem, genética, formulação e desenvolvimento de políticas públicas, pagamentos por serviços ambientais, educação ambiental, além de projetos de cunho cultural, educacional e social cujas ações contribuam para a conservação do animal e da biodiversidade como um todo.
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