O que é onda de calor e quais seus impactos?

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Onda de calor é um fenômeno climático caracterizado por uma sequência de ao menos três dias consecutivos com temperaturas máximas ou mínimas mais altas do que as esperadas para a mesma região e para a mesma época do ano. 

De acordo com a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos, ela é causada por uma massa de ar aprisionada. Um sistema de alta pressão faz com que o ar quente desça e se acumule próximo ao solo, impedindo que ele suba e perca calor. 

Embora faça parte do sistema atmosférico, as ondas de calor estão se tornando mais comuns e mais intensas. Sendo assim, elas representam um sério risco para a saúde humana e para os ecossistemas. Além do ciclo natural que explica as ondas de calor, as mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global estão intensificando esse fenômeno.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as ondas de calor são um dos desastres naturais mais perigosos. Elas causam mortes e danos muitas vezes despercebidos, mas que merecem atenção.

Onda de calor no mundo

A frequência de ondas de calor em várias regiões do mundo tende a aumentar com o tempo, caso o aquecimento global continue a se intensificar. Segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), a probabilidade de ocorrências simultâneas de secas e ondas de calor tem aumentado no último século.

Além disso, o IPCC ressalta que a quantidade de locais onde ocorrem ondas de calor e seca está em crescimento, com projeções que indicam um forte aumento no futuro. Esses eventos podem agravar ainda mais os desafios enfrentados pelas populações, afetando sistemas de saúde e de produção de alimentos, tornando essencial a implementação de medidas de adaptação e mitigação para enfrentar os impactos das mudanças climáticas.

Onda de calor na Europa

As ondas de calor na Europa são eventos climáticos em crescimento que podem trazer temperaturas extremas para a região. Um estudo mostrou que essas ondas de calor estão fortemente ligadas ao aumento das temperaturas da superfície do Mar do Mediterrâneo. Quando estas temperaturas aumentam em 5 ou mais graus Kelvin (+5K), isso pode resultar em um aumento de 24% na precipitação sobre a Europa Central.

Essas ondas de calor também aumentam a quantidade de chuva na costa leste do Mar Adriático (mar que banha o norte e leste da Itália, por exemplo), mas ao mesmo tempo reduzem o transporte de umidade atmosférica para partes da Europa Central e dos Alpes, agravando os efeitos negativos associados ao clima quente e seco durante ondas de calor.

Portanto, quanto mais quente o planeta se torna, maiores serão os problemas decorrentes do aquecimento dos oceanos e mares, e ondas de calor poderão se tornar fenômenos lamentavelmente mais comuns.

Onda de calor na China

A China é um país de dimensões continentais, com as regiões leste, sul e sudoeste geralmente quentes e úmidas, e a porção norte seca e com maior incidência de ventos. Entretanto, segundo estudos, o país como um todo apresentou crescimentos nas temperaturas médias anuais de até 3ºC nas últimas décadas.

Esses aumentos também estão relacionados a episódios mais frequentes e intensos de ondas de calor no país, causando falta de energia, impactando atividades agrícolas, empresariais e do cotidiano da população, como o não fornecimento de serviços públicos de transporte.

Além disso, as ondas de calor também causam mortes por insolação e estresse em infraestruturas, como barragens, devido ao derretimento das geleiras causado pelo calor.

Onda de calor na América do Sul

Um estudo levantado pela ONU demonstrou que, apesar da influência de fenômenos naturais, como La Niña, o clima propenso à formação de ondas de calor cada vez mais intensas tem ocorrido com mais frequência devido às mudanças climáticas.

Enquanto países como Argentina e Uruguai vêem sua agricultura sendo cada vez mais prejudicada pelas faltas de chuva e calor intenso, o Chile sofre com uma seca que dura mais de 13 anos, a mais longa em mil anos.

O Brasil também sente os efeitos negativos do aumento de ondas de calor no mundo. Segundo um estudo, nos anos de 1930 a 1950, as ondas de calor registradas no Rio Grande do Sul ocorriam entre dezembro e fevereiro.

Porém, este cenário mudou, e as ondas de calor no sul do país estenderam-se até o mês de março, também demonstrando maior persistência em dias seguidos. Essa situação é mais intensa em áreas urbanas, onde a maior parte da população reside. Acesse a matéria “Ondas de calor no Brasil” para saber mais.

Grupos mais vulneráveis

Durante ondas de calor, os problemas de saúde mais ligados à mortalidade incluem a desidratação, a insolação, problemas musculares e edemas. Além disso, as altas temperaturas acentuam os problemas cardíacos, pulmonares e circulatórios.

Neste contexto, crianças e idosos são os grupos mais vulneráveis às variações de temperatura. Isso se dá devido à sua menor capacidade de regular a temperatura corporal.

Segundo uma pesquisa, pessoas com menor nível de educação também tendem a correr mais riscos que a média da população. Isso ocorre pois, durante uma onda de calor, há menor probabilidade deste grupo em procurar ajuda médica quando necessário.

Como se proteger de uma onda de calor?

Imagem de Freepik

Políticas que possibilitem a adaptação ao calor e promovam conforto térmico são essenciais para contornar os efeitos causados pelas ondas de calor. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos oferece dicas essenciais para ajudar as pessoas a enfrentar essas condições:

  1. Evitar a exposição direta ao sol: Busque sombra ou permaneça em ambientes internos durante as horas mais quentes do dia. O sol direto pode aumentar muito o risco de insolação e exaustão pelo calor.
  2. Manter-se hidratado: Beber água regularmente é essencial para garantir que seu corpo permaneça adequadamente hidratado, principalmente durante ondas de calor.
  3. Usar roupas leves e claras: Opte por roupas leves, soltas e de cores claras. Isso ajuda a refletir a luz solar e a manter seu corpo mais fresco. Além disso, usar chapéu e óculos de sol pode oferecer proteção adicional.
  4. Evitar refeições pesadas e quentes: Refeições pesadas e quentes aumentam a carga metabólica do corpo, tornando-o mais suscetível ao calor. Opte por refeições leves, como saladas e frutas, que são mais fáceis de digerir e não aumentam a temperatura corporal.
  5. Conhecer os sintomas de doenças relacionadas ao calor: Esteja ciente dos sinais de alerta, como tonturas, náuseas, sudorese excessiva e batimentos cardíacos acelerados. Se você ou alguém ao seu redor apresentar esses sintomas, procure ajuda médica, pois podem indicar uma condição grave relacionada ao calor.
Julia Azevedo

Sou graduanda em Gestão Ambiental pela Universidade de São Paulo e apaixonada por temas relacionados ao meio ambiente, sustentabilidade, energia, empreendedorismo e inovação.

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