Por Nações Unidas Brasil | O documento já estima que atualmente 559 milhões de crianças e adolescentes estão expostos a ondas de calor frequentes. A quanto mais ondas de calor meninas e meninos estiverem expostos, maior a chance de problemas de saúde, incluindo doenças respiratórias crônicas, asma e doenças cardiovasculares. Bebês e crianças pequenas correm o maior risco de mortalidade relacionada ao calor.
O UNICEF defende que é necessário aumentar, urgentemente, o financiamento para adaptar os serviços públicos e proteger crianças, adolescentes e comunidades vulneráveis do agravamento das ondas de calor e outros choques climáticos.
Atualmente, 559 milhões de crianças e adolescentes estão expostos a ondas de calor frequentes*, de acordo com um novo estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Além disso, 624 milhões de crianças e adolescentes estão expostos a um dos outros três indicadores específicos de altas temperaturas – episódios de ondas de calor de longa duração e alta intensidade ou temperaturas extremamente elevadas (veja as definições para cada um desses indicadores no fim desta publicação).
Durante um ano em que as ondas de calor bateram recordes tanto no hemisfério sul quanto no hemisfério norte, o relatório “O Ano Mais Frio do Resto da Vida Deles: Protegendo Crianças e Adolescentes dos Impactos Crescentes das Ondas de Calor” (disponível somente em inglês) destaca o já extenso impacto das ondas de calor para meninas e meninos e revela que, mesmo nos níveis mais baixos de aquecimento global, em apenas três décadas, ondas de calor mais regulares são inevitáveis para crianças e adolescentes em todos os lugares.
Ainda não há muitos estudos sobre o impacto das ondas de calor em crianças, mas já se sabe que elas estão entre os principais grupos afetados, junto com idosos. Elas são menos capazes de regular a temperatura do corpo em comparação com os adultos. A quanto mais ondas de calor meninas e meninos estiverem expostos, maior a chance de problemas de saúde, incluindo doenças respiratórias crônicas, asma e doenças cardiovasculares. Bebês e crianças pequenas correm o maior risco de mortalidade relacionada ao calor.
Além dos efeitos diretos na saúde das crianças e dos adolescentes, as ondas de calor podem impactar os ambientes em que eles vivem, a segurança alimentar, a mobilidade, o acesso à água, a educação e os meios de subsistência futuros.
“Uma em cada três crianças vive em países que enfrentam temperaturas extremamente elevadas e quase uma em cada quatro crianças está exposta a ondas de calor frequentes, e isso só vai piorar”, disse a diretora executiva do UNICEF, Catherine Russell. “Mais crianças e adolescentes serão afetados por ondas de calor mais longas, mais intensas e mais frequentes nos próximos trinta anos, o que colocará em risco sua saúde e seu bem-estar. Quão devastadoras essas mudanças serão, depende das ações que tomarmos agora. No mínimo, os governos devem limitar urgentemente o aquecimento global a 1,5°C e dobrar o financiamento da adaptação até 2025. Essa é a única maneira de salvar a vida e o futuro das crianças e dos adolescentes – e o futuro do planeta”.
“Os choques climáticos de 2022 forneceram um forte alerta sobre o crescente perigo que se aproxima de nós”, disse a jovem ativista climática e embaixadora do UNICEF, Vanessa Nakate. “As ondas de calor são um exemplo claro. Por mais quente que este ano tenha sido em quase todos os cantos do mundo, provavelmente será o ano mais frio do resto de nossa vida. Os líderes mundiais precisam corrigir o curso em que o mundo está, levando o tema à COP27, focando nas crianças e nos adolescentes de todo o mundo, especialmente aqueles mais vulneráveis, que vivem nos lugares mais afetados. A menos que eles ajam, e logo, este relatório deixa claro que as ondas de calor se tornarão ainda mais duras do que já estão destinadas a ser”, alerta.
O relatório estima que, até 2050, todos os 2,02 bilhões de crianças e adolescentes do mundo serão atingidos por ondas de calor cada vez mais frequentes, seja como parte de um cenário de ‘baixas emissões de gases de efeito estufa’ com um aquecimento global estimado de 1,7°C ou um ‘cenário de emissões muito elevadas de gases de efeito estufa’ com aquecimento global de 2,4°C em 2050.
O número de crianças e adolescentes afetados por ondas de calor de longa duração subirá de atualmente 538 milhões para 1,6 bilhão em 2050, no caso de um aquecimento de 1,7°C, e para 1,9 bilhão, no caso de um aquecimento de 2,4°C.
Além disso, milhões a mais de crianças e adolescentes serão expostos a ondas de calor de alta intensidade e temperaturas extremamente elevadas, dependendo do grau de aquecimento global alcançado.
Produzido em colaboração com The Data Collaborative for Children e lançado em parceria com a embaixadora do UNICEF Vanessa Nakate e o Rise Up Movement, com sede na África, o estudo ressalta a necessidade urgente de adaptação dos serviços dos quais crianças e adolescentes dependem à medida que os impactos inevitáveis do aquecimento global se desenrolam. Também defende a continuação das medidas de mitigação, para evitar os efeitos mais nefastos do calor elevado.
O relatório segue a publicação do UNICEF do Índice de Risco Climático das Crianças em 2021. Leia o sobre o IRCC aqui (versão do resumo executivo disponível em português).
Ondas de calor – quando, por três dias ou mais, a temperatura máxima diária está entre as 10% mais altas da média quinzenal histórica de um determinado local.
Ondas de calor frequentes – quando há uma média de 4,5 ou mais ondas de calor por ano.
Ondas de calor de longa duração – quando a duração média das ondas de calor é de 4,7 dias ou mais.
Ondas de calor de alta intensidade – quando o aumento médio da temperatura for de 2°C ou mais acima da temperatura média quinzenal histórica.
Temperaturas extremamente elevadas – quando as temperaturas registradas estão acima de 35°C por 83,54 dias ou mais por ano.
Cenário 1 em 2050 – “cenário de baixas emissões de gases de efeito estufa” com aquecimento global estimado em 1,7°C até 2050. Utilizado na modelagem climática, esse cenário estabelecido pelo IPCC é denominado de “SSP1”.
Cenário 2 em 2050 – “cenário de emissões muito altas de gases de efeito estufa”, com aquecimento global estimado em 2,4°C até 2050. Utilizado na modelagem climática, esse cenário estabelecido pelo IPCC é denominado “SSP5”.
Este texto foi originalmente publicado por Nações Unidas Brasil de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.
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