“Que novas ações assim aconteçam e que o debate sobre mudanças climáticas chegue àqueles que mais necessitam conhecer sobre ele”, diz voluntário do Greenpeace em relato sobre as oficinas.
Por Greenpeace Brasil, com relato de Luyan Lima | Entre os dias 10 e 12 de agosto, uma parceria entre o Greenpeace Brasil, Projeto Raízes, LabExperimental e Megafone Ativismo levou para a zona leste da cidade de São Paulo oficinas de Justiça Climática e sistema eleitoral para juventudes da rede pública de ensino.
Os encontros tiveram um encerramento especial, no dia 13, o Baile na Terra. Realizado no Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes, o evento fez a ZL (Zona Leste) respirar ares de Amazônia contando com apresentações de grandes artistas indígenas, DJs da pesada e a juventude local chegando junto na dança e nas ideias!
O Baile na Terra tem como objetivo conectar o artivismo com a pauta socioambiental e, pra não deixar escapar uma das potentes ações desse encontro, dê uma olhada nesse mural feito pelos artistas manauaras André Hulk e Vandal no Centro Cultural.
As juventudes do Projeto Raízes, formado por voluntários do Greenpeace Brasil que atuam levando as pautas de Clima e Amazônia para as periferias, foram agentes chave nessa articulação, elaborando e conduzindo dinâmicas que trouxeram reflexões sobre como a crise climática se relaciona com o cotidiano nas periferias.
A seguir, leia o relato do Luyan Lima, 23 anos, estudante de Administração, voluntário do Projeto Raízes e pesquisador na área de Cinema e Educação, que participou da concepção e realização das oficinas.
Por Luyan Lima
Cansativo, estressante, nervoso, complexo; satisfatório, animador, divertido; alegre, recompensador, gratificante. Várias são as palavras que podem servir para caracterizar como foi o evento Baile na Terra, e ao mesmo tempo em que todas elas fazem sentido, nenhuma é capaz de, sozinha, descrever por completo o que foi a maratona de quatro dias em Cidade Tiradentes.
A realização do evento na zona leste da capital paulista foi fruto do esforço de diversas organizações que toparam levar para uma área distante do centro assuntos que impactam direta e principalmente as pessoas que por lá moram. Falar sobre justiça climática e explicar para elas como acontecimentos trágicos envolvendo eventos naturais estão intimamente ligados a ações humanas em locais distantes de onde elas estão significa mostrar para elas que não é porque não as vemos que essas coisas não nos atingem.
Ao longo de 23 dias, entre o final de julho e o começo de agosto, várias foram as reuniões realizadas para alinhar da melhor maneira a organização das dinâmicas que seriam postas em prática durante as oficinas, tal qual o jeito de abordagem de cada assunto a ser tratado. Megafone, Greenpeace e Raízes (braço do Green que busca justamente isso, levar para bairros da periferia esse tipo de assunto), as partes envolvidas na montagem desse momento mais teórico das oficinas, trabalharam juntos e de forma bastante próxima para que o melhor sobre cada tópico fosse levado para a apresentação.
Acontecidas em três dias diferentes, em 10, 11 e 12 de agosto, dois públicos distintos foram atingidos: o primeiro composto por alunos do ensino médio e o segundo por alunos do ensino fundamental. Ainda que os mais velhos tenham tido maior relação com os assuntos e participado mais ativamente, conversando, respondendo às questões levantadas e se movimentando mais, os mais jovens não decepcionaram e permitiram uma boa troca com quem estava lá aplicando as oficinas.
No aspecto pessoal, foi minha primeira grande experiência com o Greenpeace. Enquanto voluntário do time do Raízes, posso dizer também que foi o primeiro grande trabalho de todo o grupo. E, de um modo geral, foi uma boa experiência. Estar presente nos quatro dias, aplicando alguma parte da oficina, conversando com os alunos e trocando aprendizados com o pessoal do Green que lá estava foi bastante enriquecedor.
Entre os principais momentos eu destacaria o que uma das jovens que assistiu à oficina de sexta-feira apresentou para todos uma poesia inspirada no que viu durante o baile de sábado. Palavras dela. Ela mesma quem disse que havia sido inspirada “pelo pessoal do Greenpeace”. Creio que saber que alcançamos uma pessoa de maneira tão singular a ponto de inspirá-la neste nível é algo que vai além do que poderíamos ter como conceito de sucesso.
O Baile na Terra foi tudo aquilo que falei no início e um pouco mais. Foi inspirador para todos aqueles que estiveram envolvidos e foi um ótimo cartão de visitas para muitos dos voluntários que estavam em sua primeira ação com o Greenpeace. Que novas ações assim aconteçam e que o debate acerca das mudanças climáticas chegue àqueles que mais necessitam conhecer sobre ele.
As populações periféricas são as mais atingidas pelas consequências da crise climática, e colocar essa pauta em debate em um ano de eleições é parte fundamental da construção de um presente e um futuro mais verde e justo para todas e todos. E as juventudes têm muito a dizer sobre isso!
Clique aqui e assista ao vídeo que traz um pouco do que rolou no Baile na Terra!
É fundamental valorizarmos os saberes das periferias, dos povos quilombolas, ribeirinhos e indígenas que cuidam da terra, da vida, da resiliência dos territórios e têm de encontrar suas próprias soluções para a sobrevivência.
Este texto foi originalmente publicado pelo Greenpeace Brasil de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.