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Por definição, a ostra não é vegana, mas então, por que muitos questionam essa afirmação? Entenda o debate

Em teoria, o questionamento se a ostra é vegana pode parecer simples. Afinal, esses organismos são reconhecidos pela comunidade científica como animais. E, além disso, por definição, o veganismo é caracterizado pela exclusão do consumo de todo e qualquer produto oriundo do sofrimento animal. 

Ambos esses fatores contribuem para um ressonante “NÃO!” em resposta ao questionamento de “as ostras são veganas?”. No entanto, este debate já foi amplamente disseminado na mídia e dentro do movimento vegano em geral. 

Mas, de onde vem essa dúvida, e, afinal, a ostra é vegana?

A carne de laboratório é vegana?

A origem da ostra vegana 

Não se sabe exatamente qual foi a primeira justificativa para o consumo de ostras dentro do veganismo. Porém, muitos reconhecem a fala de Peter Singer, autor do livro Animal Liberation, neste debate. 

A obra de 1975 é, muitas vezes, considerada fundamental no início do movimento dos direitos animais. Nela, o filósofo australiano argumenta que o ser humano deve rejeitar o especismo e que todos os seres capazes de sofrer e sentir dor são dignos de consideração.  

Seguindo essa mesma crença, porém, Singer justificou o consumo de ostras quando questionado. 

“Acho improvável que as ostras sintam dor. E mesmo que você pense que sim, então, devido à forma como são cultivadas e colhidas, pode muito bem ser que você não seja responsável por mais dor do que se comer plantas. Porque afinal as plantas também têm de ser cultivadas e muitas vezes os roedores são mortos durante a aração ou a colheita”, disse em entrevista. 

Ao longo dos anos, Singer questionou a própria fala e alegou que “não se pode dizer com qualquer confiança que estas criaturas sentem dor, por isso pode-se igualmente ter pouca confiança em dizer que não sentem dor.”

As ostras sentem dor?

Independentemente da origem do debate das “ostras veganas”, a maioria das justificativas são centradas em um principal argumento — de que esses animais não sentem dor. 

Enquanto a dor é uma questão subjetiva, a capacidade de senti-la é classificada como uma resposta do sistema nervoso central e, consequentemente, do cérebro. Biologicamente, as ostras não possuem um cérebro, o que levou muitos a presumir que não sentem dor e, portanto, seu consumo não é oriundo do sofrimento animal. 

Entretanto, não existem evidências científicas que comprovem a falta de senciência das ostras. Ademais, alguns cientistas argumentam que, embora não sintam dor, esses animais possuem um pequeno sistema nervoso que pode possivelmente responder a estímulos negativos.

Ou seja, mesmo que não sintam dor como os seres humanos, existe a possibilidade de que as ostras sejam capazes de sentir pelo menos algo parecido com a dor.

Senciência
Senciência: o que é, importância e características
ostras
Foto de Ben Stern na Unsplash

Mas, então, a ostra é vegana? 

De acordo com a The Vegan Society, uma pessoa vegana é aquela que evita “todos os alimentos de origem animal, como carne (incluindo peixes, mariscos e insetos), laticínios, ovos e mel – além de evitar materiais de origem animal, produtos testados em animais e locais que utilizam animais para entretenimento”.

Adicionalmente, o termo “ostra” é usado para classificar uma série de diferentes famílias de moluscos bivalves de água salgada que vivem em habitats marinhos ou salobros e que são pertencentes ao reino animal. 

Finalmente, através de ambas as definições, não é possível classificar as ostras como veganas, uma vez que o seu consumo opõe a principal base do veganismo. 


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