Países em guerra deveriam informar sua poluição ambiental ao mundo, defendem especialistas

Embora as nações signatárias do Acordo de Paris não sejam obrigadas a informar as emissões de carbono geradas por seus exércitos, aeronaves, navios de guerra e armamentos, especialistas defendem que essa situação deve ser revista.

Os governos têm a prerrogativa de decidir se suas forças armadas devem se empenhar na descarbonização. No entanto, dado o caráter aparentemente permanente dos conflitos armados na era moderna, alguns especialistas afirmam que as emissões militares já deveriam estar incluídas nas metas climáticas de cada país.

Ellie Kinney, coordenadora de campanha do Observatório de Conflitos e Meio Ambiente, uma organização sem fins lucrativos sediada no Reino Unido, enfatiza a necessidade de alterar a estrutura de relatórios estabelecida pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC). Segundo Kinney, é fundamental reconhecer a interligação entre guerra e crise climática, abrangendo não apenas conflitos, mas também a militarização em geral.

No ano passado, um grupo de organizações ambientais enviou uma carta à ONU pedindo relatórios mais rigorosos e transparentes sobre as emissões militares. Eles argumentam que a emergência climática não pode mais suportar a omissão habitual das emissões militares e relacionadas a conflitos no processo da UNFCCC e nas negociações climáticas internacionais.

Cientistas e outros especialistas também alertam para o ponto cego militar na contabilização das emissões globais. Em 2022, um comentário publicado na revista científica Nature destacou a necessidade de reconhecer e relatar oficialmente as emissões militares nos inventários nacionais, além de descarbonizar as operações militares.

No entanto, contabilizar essas emissões globais é um desafio complexo. Com a comunicação voluntária, poucos países divulgam essas emissões à ONU, e a estimativa independente é dificultada pela natureza reservada dos militares. Um relatório do Observatório de Conflitos e Ambiente de 2022 sugeriu que as forças armadas poderiam ser responsáveis por cerca de 5,5% das emissões globais de gases de efeito estufa, mas essa estimativa pode ser subestimada.

Fonte: Scientific American

Stella Legnaioli

Jornalista, gestora ambiental, ecofeminista, vegana e livre de glúten. Aceito convites para morar em uma ecovila :)

Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos.

Saiba mais