Pancs: as plantas alimentícias não convencionais

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Pancs é uma sigla para plantas alimentícias não convencionais (Pancs). A sigla é autoexplicativa: fazem parte das Pancs qualquer tipo de planta comestível que não costumamos consumir no nosso dia a dia como forma de alimento, seja por falta de costume ou de conhecimento.

Além disso, elas dificilmente são encontradas em mercados e geralmente são consideradas “mato”, “ervas daninhas” ou “invasoras”, porque algumas delas são ruderais – ou seja, crescem espontaneamente junto com plantas que cultivamos ou em vasos e calçadas. Jogando-as fora, estamos perdendo a oportunidade de consumir alimentos com um alto valor nutricional e plantas ricas em proteínas por falta de informação.

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Pancs na história

Antigamente, as plantas alimentícias não convencionais (Pancs) eram consumidas. Mas, com a falta de contato com a natureza que a vida na cidade proporcionou a partir do século 20, esses alimentos começaram a ser esquecidos.

Estima-se que o número de plantas consumidas pela humanidade caiu de 10 mil para 170 nos últimos cem anos. Só no Brasil há uma biodiversidade enorme a ser estudada: acredita-se que nosso país tenha em torno de 10 mil plantas com potencial uso alimentício!

O que é biodiversidade, sua importância e perdas

Para se ter uma ideia, a rúcula que consumimos hoje era considerada erva daninha há pouco tempo. Também são consideradas Pancs as plantas que são subaproveitadas, como a bananeira. Além dos frutos, os mangarás (corações ou umbigos) podem ser aproveitados, mas acabam desperdiçados.

Comece a incluir as Pancs em sua alimentação. Muitas dessas plantas podem ser utilizadas em várias receitas. Não se esqueça depois de fazer a compostagem dos restos de alimentos para contribuir com o meio ambiente.

De maneira geral, as pancs são alimentos alternativos nutritivos e acessíveis, com grande potencial no combate à desnutrição da população de baixa renda.

Entretanto, vale lembrar que não há um único alimento, sozinho, que seja capaz de combater a fome e a desnutrição. Para isso, é necessário viabilizar o acesso a uma dieta variada, com muitos alimentos in natura e poucos processados.

Quais são as PANCs mais comuns?

Begônia

Imagem de Grisélidis G no Pixabay

Suas flores podem ser usadas em saladas e sucos. Também cai bem com geleias e mousses.

Dente-de-leão

Imagem de Gerson Rodriguez no Pixabay

O dente-de-leão é rico em fitonutrientes. Ele possui vitaminas A e C, e as flores e folhas podem ser consumidas. As raízes torradas também podem compor uma bebida cujo sabor lembra o do café.

Vinagreira (hibisco)

Imagem editada e redimensionada de Nando1462 – Fernando Santos Cunha Filho, licenciada sob CC BY-SA 3.0

Também chamada de caruru-azedo, azedinha, quiabo-azedo, quiabo-róseo, quiabo-roxo e rosélia, a vinagreira possui partes comestíveis como olhas jovens e pontas dos ramos, assim como a flor e as sementes. Pode ser consumida crua, refogada ou cozida e possui um sabor ácido.

Serralha

Imagem de AlvesgasparSonchus, licenciada sob CC BY-SA 3.0

A serralha é fonte de vitaminas A, D e E e pode ser utilizada em saladas. Seu sabor é parecido com o do espinafre.

Araçá-do-campo

Imagem editada e redimensionada de RubensL, disponível no Wikimedia Commons

Da família da goiaba, a fruta possui vitamina A, B e C, antioxidantes, carboidratos e proteínas.

Ora-pro-nóbis

Imagem editada e redimensionada de Sther Burmann, disponível no Wikimedia e licenciada sob CC BY-SA 4.0

Ora-pro-nóbis, do latim “ora por nós”, é uma planta cactácea originária de vários países das Américas. No Brasil, ela é comumente encontrada no estado de Minas Gerais. As folhas da ora-pro-nóbis (Pereskia aculeata), que podem ser consumidas cruas ou cozidas, possuem alto teor de proteínas e fibras, além de ferro e magnésio.

Além disso, acredita-se que ela é boa para imunidade e para gestantes. Assim como costuma ser o caso de outras plantas de folhas escuras, as folhas da ora-pro-nóbis são ricas em ácido fólico (vitamina B9), o que a torna um alimento interessante para gestantes, ajudando a evitar a má-formação do feto. 

Suas folhas também possuem vitamina C, de forma que seu consumo pode auxiliar na manutenção da imunidade assim como para manter a pele saudável.

Peixinho-da-horta

Imagem editada e redimensionada de Plenuska, disponível no Wikimedia e licenciada sob CC BY-SA 4.0

O peixinho, de nomes populares peixinho-da-horta, lambarizinho, lambari-de-folha, orelha-de-coelho e orelha-de-lebre, é uma Panc de nome científico Stachys byzantina. Ele é nativo da Turquia, Armênia e Irã e pode ser encontrado facilmente em algumas regiões de clima temperado como planta ornamental. Na área científica, ele também pode ser encontrado pelos sinônimos de Stachys lanata ou Stachys olympica.

O peixinho da horta vai muito bem frito, empanado ou à milanesa. Essas plantas devem ser consumidas bem higienizadas, pois a característica aveludada de suas folhas faz com que elas prendam algumas impurezas do solo. Depois de lavá-las, seque-as para preparar receitas ou guarde em sacos de pano na geladeira.

Flor de abóbora

Flor de abóbora. Imagem editada e redimensionada de net_efekt, está disponível no Wikimedia e licenciado sob CC BY-SA 2.0

A flor de abóbora da espécie Cucurbita pepo é comestível e faz bem para a saúde. Ela é um ingrediente popular da culinária italiana, mas, no Brasil, é uma Panc. Apesar de também ser chamada de flor de abobrinha italiana, é uma planta nativa da Mesoamérica, com um sabor suave e levemente adocicado.

Outras Pancs

Quer conhecer outras Pancs? Quem sabe a capeba, capuchinha (Tropaeolum majus), e serralha. Esses são alguns exemplos de plantas comestíveis que estão no Livro de Receitas com Panc, um compilado de 11 criações dos chefs de cozinha Flávia Zanatta e Michel Abras. O livro está disponível em PDF on-line para consulta e download.

Entre as receitas estão escondidinho PANC, carne suína, filé de peixe, omelete de forno, sucos, doces e saladas. O vídeo completo da oficina, na qual os chefes falam sobre as plantas e as receitas, está disponível on-line no Canal Pedagógico da SME pelo YouTube. Assista:

Equipe eCycle

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