Paraquat é o nome dado a um ingrediente ativo utilizado na composição de agrotóxicos. Ele funciona como um herbicida, entretanto, apresenta impactos negativos para a saúde das pessoas e para o meio ambiente. Esses impactos levaram a sua proibição no Brasil em 2017, que foi concretizada três anos depois, em 2020.
O paraquat é um ingrediente ativo, do grupo químico bipiridílio, e é utilizado como herbicida para eliminar espécies vegetais invasoras. Ele atua nas plantas invasoras inibindo a fixação de gás carbônico. Dessa forma, as plantas produzem superóxidos que, por sua vez, destroem as suas membranas celulares.
O paraquat é solúvel em água, facilitando a sua dispersão, e utiliza a luz solar para desidratar as plantas. Dessa forma, ele contribui para a eliminação de ervas daninhas, porém prejudica a flora nativa e, consequentemente, a fauna.
Por conta dos seus danos ambientais e de saúde, o uso, produção e comercialização desta substância é proibida no Brasil. O paraquat era utilizado nas culturas de algodão, arroz, banana, batata, café, cana-de-açúcar, citros, feijão, milho, soja e uva.
De acordo com a classe toxicológica estabelecida pelo Brasil, o paraquat se enquadra no grau mais elevado de toxicidade, a classe I, extremamente tóxica. A exposição a esse agrotóxico pode ocorrer a partir do contato com a pele, olhos, ingestão e mucosas respiratórias.
Quando absorvido pelo corpo, ele é espalhado por todo o organismo a partir da corrente sanguínea. Com isso, ele se concentra no cérebro, fígado, rins e pulmões. O paraquat é rapidamente eliminado do corpo através dos rins, entretanto, se for ingerido, a eliminação pode ser prolongada para até 7 dias. Além disso, o produto pode provocar necrose tubular, que pode resultar em uma permanência da substância no organismo durante um período de 10 a 20 dias.
A ingestão da substância pode provocar queimação ou úlceras na boca, náusea, diarreia, vômito e dores abdominais. Outros efeitos são problemas no trato gastrointestinal, perfuração do esôfago, insuficiência renal aguda, coma, convulsões, arritmia e asfixia, que podem levar à morte. A intensidade dos sintomas ocorre de acordo com a quantidade ingerida pela pessoa.
No caso de inalação do herbicida, os sintomas mais leves são náuseas e dores de cabeça. Entretanto, em grandes quantidades o paraquat provoca sangramento no nariz e úlcera no nariz e garganta.
Quando ocorre o contato do paraquat com os olhos, a vítima pode sofrer com úlceras e problemas na córnea, que afetam a visão. Por fim, o contato com a pele provoca ferimentos, além de um grau de toxicidade elevado. Outros efeitos que o paraquat pode provocar na vítima são falta de coordenação e arrastamento dos membros.
O paraquat é classificado na segunda classe mais perigosa de substâncias perigosas ao meio ambiente. Isso porque ele é altamente persistente no meio, permanecendo nos ecossistemas e contaminando o solo, a água e os seres vivos.
A forma de aplicação do paraquat é por meio de um pulverizador, que aplica um jato diretamente na planta desejada. Dessa forma, o produto contamina o ar. Além disso, com a água da chuva, o produto é lixiviado e levado para o solo e os corpos hídricos, contaminando os ecossistemas.
Esse herbicida provoca a perda de cobertura vegetal e afeta a biodiversidade de insetos, já que o paraquat elimina fontes de alimento para essas espécies. Além disso, a flora serve como moradia para diferentes espécies de insetos. Em abelhas, o paraquat provoca efeitos teratogênicos, ou seja, altera a estrutura e as funções do organismo.
Além disso, o paraquat é um dos produtos contaminantes que mais provocam intoxicações embrionárias em ovos de aves. Em anfíbios, quando atinge o animal na fase embrionária, provoca alterações em seu organismo, o que pode comprometer a sua reprodução.
Peixes e outras espécies aquáticas são afetadas da mesma forma. Portanto, no caso de contaminação dos corpos hídricos com o agrotóxico, a fauna aquática é diretamente impactada.
De acordo com um estudo, o paraquat pode afetar o desenvolvimento de microalgas em ambiente aquático. O estudo demonstrou que, em 24 horas, a presença do agrotóxico na água permitiu um crescimento de algas superior do que durante o período de 48 horas sem o produto.
Esse processo pode levar ao fenômeno de eutrofização, em que um corpo hídrico concentra uma alta proliferação de algas. Assim, a quantidade de matéria orgânica na água aumenta, e a quantidade de oxigênio diminui. O resultado disso é o desequilíbrio ecossistêmico, provocando a morte de algumas espécies e a alta proliferação de outras.
Na União Europeia, o agrotóxico foi proibido em 2007. No Brasil, o paraquat foi proibido no ano de 2017, por meio da Resolução RDC nº 177, estabelecida pela Anvisa. Nela, fica expressamente proibido o uso desse ingrediente na composição de agrotóxicos. De acordo com a resolução, a comercialização, produção e uso do produto torna-se proibida a partir de três anos após a publicação da lei, ou seja, em 2020.
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