Patinete elétrico: prós e contras

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O patinete elétrico vem ganhando cada vez mais espaço como alternativa de locomoção nas áreas urbanas. Eles lembram uma bicicleta, mas funcionam com um pequeno motor elétrico e dispõem de uma plataforma em que o usuário se mantém de pé, para fazer viagens de curta-distância. À primeira vista, o patinete elétrico oferece uma série de vantagens quando comparados a outras opções de mobilidade urbana, mas é importante saber que eles também têm impacto ambiental.

O uso do patinete elétrico ainda não é regulamentado em muitas cidades brasileiras, mas já está presente em algumas delas. Em São Paulo, o tráfego de patinetes elétricos já foi regulamentado, com uso restrito às ciclovias, velocidade limitada a 40 km/h e o uso obrigatório de capacetes. Nos Estados Unidos, cerca de 38,5 milhões de pessoas já fizeram viagens nesses veículos.

Empresas responsáveis pela disseminação de patinetes elétricos costumam vendê-los como uma opção ecológica para se locomover pela cidade. De fato, estudos comprovam que o patinete é menos prejudicial ao meio ambiente do que a maioria dos carros que circulam na cidade. No entanto, o processo de fabricação, transporte e manutenção desses pequenos veículos elétricos pode envolver altos níveis de emissão de carbono.

Por isso, antes de comprar – ou alugar – um patinete elétrico, é importante conhecer as vantagens e desvantagens que ele apresenta – tanto para o planeta como para uso pessoal. Vendido como livre de emissão de carbono, o patinete elétrico pode parecer uma opção incrível para transitar pela cidade sem contribuir para a poluição do meio ambiente. Mas alguns estudos já revelaram que, na verdade, ele não é tão inofensivo assim.

Imagem de Okai Vehicles em Unsplash

Patinetes elétricos: por que usar?

Menor preço

O patinete elétrico é uma opção mais econômica para se locomover pela cidade, seja comprado ou alugado. No caso do aluguel, você paga de acordo com o tempo de uso. Geralmente, paga-se uma taxa de R$ 3,00 para destravar e começar a usar o aparelho e, depois, mais alguns centavos por minuto rodado, a depender da marca. Caso você esteja pensando em comprar um patinete elétrico, o preço varia entre R$ 800 e R$ 10.000 (realmente mais barato do que comprar um carro ou uma motocicleta).

Praticidade e facilidade de uso

Se você pensa em alugar um patinete, pode encontrá-lo em partes diferentes da cidade, utilizar um aplicativo para fazer o pagamento e começar a usar. O patinete elétrico não exige carteira de habilitação, pode ser estacionado em qualquer lugar e não precisa de combustível. A forma de pagamento também é superprática: como a transação é feita por cartão de crédito, dentro do aplicativo, você não precisa se preocupar se estiver sem dinheiro na hora do aluguel.

Rapidez

A velocidade de um patinete elétrico pode chegar a até 40 km/h. Para trajetos curtos, é uma excelente opção para quem precisa de agilidade, porque evita que o usuário fique parado no trânsito.

Segurança

Existem relatos de acidentes leves envolvendo patinetes elétricos, mas, caso você siga as recomendações de uso e respeite as regras da sua cidade para utilização dos aparelhos, eles são uma alternativa segura de locomoção urbana. O capacete não é obrigatório em algumas cidades, mas é sempre melhor utilizá-lo.

Diversão

O patinete elétrico pode ser muito divertido, porque o usuário trabalha fatores como equilíbrio, desvio de rotas e cálculo de distâncias. Além disso, ajuda na prática de exercícios físicos – afinal, você precisará fazer uma caminhada para encontrar o patinete mais próximo.

Desafoga o trânsito de carros

Um ponto positivo do patinete elétrico é que, se ele for utilizado em substituição aos carros, pode desafogar o trânsito causado por eles. No entanto, não existe vantagem se o usuário trocar uma caminhada ou a bicicleta, que são opções saudáveis e sustentáveis, pelo patinete elétrico.

Longa duração da bateria

Uma carga completa da bateria do aparelho equivale à mesma quantidade de energia aplicada em uma máquina de secar roupas, durante 5 minutos. Isso porque patinetes elétricos são pequenos e não exigem tanta energia.

Patinetes elétricos: contras

Vida útil baixa

O mau uso do patinete elétrico para aluguel nas cidades e o vandalismo praticado contra os aparelhos tornam sua vida útil muito menor do que a divulgada pelos fabricantes, de dois anos. Na verdade, os patinetes disponibilizados nas ruas não costumam durar mais de dois meses. Isso resulta na necessidade de serem fabricados mais patinetes para repor os perdidos – e o impacto ambiental desse processo é alto. Para fabricar novas unidades é necessária a extração de mais matérias-primas, como o alumínio.

Transporte

Algumas empresas fabricam seus patinetes elétricos na China e os transportam para outros países em aviões, barcos ou caminhão – meios de transporte altamente poluentes. O processo de recarga dos patinetes também é prejudicial ao meio ambiente. Todas as noites, trabalhadores terceirizados – chamados de juicers ou chargers – dirigem pela cidade para recolher os patinetes, carregá-los e distribuí-los nas ruas novamente no dia seguinte.

Poluição

O processo de fabricação, envio, carregamento e transporte do patinete elétrico polui mais o meio ambiente do que um ônibus público, uma bicicleta elétrica ou normal e um ciclomotor elétrico. A vantagem fica sobre os carros: os patinetes elétricos são responsáveis por menor emissão de CO2 do que um carro normal, que rode menos do que 11 km com um litro de gasolina.

Baterias

A bateria do patinete elétrico é feita de íon-lítio. Esse tipo de material pode causar incidentes para os usuários, pois é altamente inflamável, instável e sensível. Outro problema dessas baterias é o modelo de extração de seus componentes, que é difícil e expõe trabalhadores a condições sub-humanas. O descarte é outro ponto negativo. Para minimizar o problema, é importante verificar se a fabricante do seu patinete dispõe de postos de descarte próprios para esse fim. A vida útil dessas baterias também é inferior à dos demais componentes de bicicletas elétricas, por exemplo.

Patinetes elétricos valem a pena?

Antes de comprar um patinete elétrico, é fundamental considerar todos os fatores que envolvem sua utilização: materiais e energia necessários para sua fabricação; impacto de recolhê-los, carregá-los e redistribuí-los; e eletricidade para recarregar a bateria.

Algumas empresas já estão trabalhando em maneiras de priorizar a gestão energética e o uso de fontes renováveis em todas as etapas de fabricação e uso dos patinetes elétricos, especialmente no que se refere às baterias de lítio. Para isso, elas deverão formular um logística adequado e redesenhar o modelo de negócio como um todo.

Também é importante lembrar que a emissão de gases poluentes pelo patinete elétrico pode, sim, ser justificada, caso o uso desses aparelhos diminuísse a presença de carros na cidade. Assim, é necessário promover campanhas e políticas que estimulem a substituição de veículos por patinetes elétricos.

Outra solução para minimizar o impacto ambiental do patinete elétrico seria a elaboração de aparelhos que durassem mais do que os modelos disponíveis. As empresas de patinetes elétricos devem trabalhar para prolongar a vida útil de seus aparelhos, sem ampliar os impactos de fabricação. Campanhas pela preservação dos patinetes e contra o vandalismo também fariam parte desse processo.

Empresas já estão trabalhando para colocar algumas ações em prática. A Lime e a Bird, por exemplo, revelaram a ideia de inserir no mercado modelos com baterias e peças mais duráveis. Essas medidas reduziriam significativamente o impacto ambiental do patinete elétrico.

Descarte de baterias

Caso precise descartar a bateria do seu patinete elétrico, procure a empresa fabricante. A PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos prevê que fabricantes, comerciantes, importadores e distribuidores compartilhem a responsabilidade sobre o ciclo de vida de determinados produtos, como pilhas e baterias. As empresas que descumprirem as determinações legais estão sujeitas a autuações e multas.

Isabela

Redatora e revisora de textos, formada em Letras pela Universidade de São Paulo. Vegetariana, ecochata na medida, pisciana e louca dos signos. Apaixonada por literatura russa, filmes de terror dos anos 80, política & sociedade. Psicanalista em formação. Meu melhor amigo é um cachorro chamado Tico.

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