A pecuária leiteira é a criação de gado para produção de leite voltada para o consumo humano. Esse setor explora, sobretudo, a criação de fêmeas, como vacas, cabras e outros animais a fim de usar seu leite para alimentar humanos, por meio de produtos lácteos que incluem queijo, manteiga, iogurte, sorvete e leite. Além desses, são utilizados subprodutos da indústria de laticínios para alimentar bezerros e para fins não alimentícios, como tinta, papel de impressão colorido de alta qualidade e, historicamente, revestimento de avião.
Embora a indústria da pecuária leiteira não vá desaparecer tão cedo, alternativas ao leite, como leite de soja, amêndoa e aveia, criaram um mercado competitivo, reduzindo a taxa de consumo de leite de vaca nos últimos anos. Dado o uso de terra e consumo de água da indústria de laticínios e a quantidade substancial de metano produzida a partir de vacas, isso pode ser considerado uma vitória ambiental gradual.
Segundo o Sentient Media, a pecuária leiteira está cada vez mais intensiva e mecanizada, onde a maioria das vacas em fazendas leiteiras nos Estados Unidos é mantidaa confinada a uma baía onde recebem comida, em vez de pastarem livremente. Ainda, são inseminadas artificialmente e produzem quantidades enormes e não naturais de leite.
Tendo em vista que cerca de oito em cada dez vacas leiteiras nos EUA (78%) vivem em operações concentradas de alimentação animal de médio e grande porte, ou seja, 200 ou mais vacas por operação. O bem-estar animal ou sua ausência, é um aspecto preocupante, quando é sabido que esses animais vivem em espaços apertados, gerando problemas de saúde, mau cheiro resultante do estrume, poluição da água e do ar.
Todos os aspectos da vida de uma vaca são gerenciados, desde sua alimentação e quanto espaço lhes é alocado até quanto tempo as vacas passam com seus bezerros antes de serem levados. Embora isso possa variar de fazenda para fazenda, essa relação desequilibrada entre pecuarista e vaca é criticada longamente por ativistas dos direitos dos animais, que acreditam que os animais têm direito à vida fora do domínio humano.
Posto que as vacas precisam estar prenhas para produzir leite. Existem duas formas padrão: (1) natural por meio da criação com touros e (2) inseminação artificial (IA), pela inserção manual de sêmen armazenado no útero da vaca. Os benefícios relatados da IA incluem reduzir o risco de doenças e melhorar a previsibilidade e o sucesso genéticos. Contudo, a abordagem requer várias etapas, incluindo limpeza meticulosa da vulva da vaca e suprimentos de inseminação, e uma técnica de inserção específica para garantir um procedimento bem-sucedido.
As vacas têm um período de gestação de cerca de nove meses. Nas fazendas de gado leiteiro, os bezerros são retirados de suas mães desde o início, às vezes até algumas horas após o nascimento, para maximizar o suprimento de leite dos produtores. E, quando os bezerros são separados, eles são alimentados com leite ou substituto do leite denso em nutrientes.
Ressalta-se que as bezerras são frequentemente criadas como vacas leiteiras, enquanto os bezerros machos são considerados inúteis para a indústria de laticínios, e podem ter dois destinos: (1) criados e vendidos para produção de carne bovina ou (2) eles são mortos cedo para serem vendidos como vitela ou abatidos ao nascer.
A maioria das fazendas usa máquinas de ordenha automáticas para ordenhar vacas. Antes da ordenha, a maioria dos produtores realiza o corte florestal, onde retira manualmente uma pequena quantidade de leite para estimular os tetos e identificar eventuais infecções presentes. A Food and Agriculture Organization recomenda que a ordenha seja feita nas melhores condições de higiene.
A indústria de laticínios é enorme, com aproximadamente 270 milhões de vacas leiteiras no mundo. Grandes operações de laticínios com milhares de vacas são mais lucrativas e têm custos de produção mais baixos – e, portanto, têm maior probabilidade de permanecer no negócio – do que fazendas pequenas (menos de 50 vacas) e médias (cerca de 300 – 400 vacas). Fazendas menores são também mais propensas a lutar por ter uma base de terra de tamanho adequado para seus rebanhos leiteiros.
Um relatório de 2021 aponta que os EUA perdeu mais da metade de suas operações de laticínios licenciadas desde 2003, caindo de aproximadamente 70 mil rebanhos para quase 32 mil. As quedas generalizadas nos preços do leite são as principais culpadas, juntamente com um aumento nos preços dos alimentos.
A pecuária leiteira causa um impacto substancial no meio ambiente, contribuindo para as mudanças climáticas e a poluição da água.
As vacas liberam o gás que produzem durante a digestão, também conhecida como fermentação entérica, predominantemente dióxido de carbono e metano, que contribuem para as emissões de gases de efeito estufa. O metano contribui com aproximadamente metade das emissões totais da indústria de laticínios. Embora fazendas e empresas leiteiras tenham experimentado ajustar a dieta das vacas para reduzir seus arrotos cheios de metano, esses projetos estão em seus estágios iniciais.
Um relatório da FAO afirma que a pecuária é responsável por 14,5% das emissões de gases de efeito estufa causadas por ações antrópicas. Além do metano e do dióxido de carbono produzidos por animais, essa estatística inclui a pegada de ração para o gado, bem como a decomposição do esterco.
A indústria de laticínios utiliza uma enorme quantidade de recursos. A escala da pecuária exacerbou a taxa de desmatamento e degradação do solo, principalmente quando combinado ao mau uso do estrume e do fornecimento de ração. Segundo a Bloomberg, 41% das terras dos EUA são destinadas à pecuária.
O consumo de água da pecuária leiteira também é um problema. De acordo com o World Wildlife Fund, são necessários cerca de 144 galões de água para produzir somente um galão de leite. Além disso, 93% vai para o cultivo de ração para vacas leiteiras. A quantidade de água usada para o leite é entre duas e 20 vezes a quantidade usada para as alternativas de leite à base de plantas.
Além de suas repercussões ambientais, a pecuária leiteira tem sido considerada cruel pelos ativistas dos direitos dos animais, que apontam para os alojamentos de gado apertados, má nutrição e disseminação de doenças entre vacas em fazendas leiteiras. Os pisos de concreto sobre os quais as vacas devem ficar em ambientes fechados causam danos nos pés e estão ligados ao aumento da dor e da dificuldade de caminhar. A impregnação forçada de gado também é uma questão importante. As vacas com taxas de fertilidade adequadas são repetidamente fecundadas ano após ano, geralmente por inseminação artificial. O resultado da reprodução seletiva por inseminação artificial é que as vacas retêm tanto leite extra que suas costas e pernas doem.
E quando não são mais férteis são abatidas ou vendidas para fazendas de carne bovina. Sendo a expectativa de vida natural de uma vaca de aproximadamente vinte anos, mas em fazendas leiteiras, essa vida útil é reduzida para quatro anos e meio a seis anos. Ainda a separação precoce da vaca-bezerro também é considerada cruel, devido ao estresse emocional e danos físicos ao bezerro e à mãe quando são separados tão cedo na vida do bezerro.Por isso, afirmam que é melhor separar o bezerro e a vaca o quanto antes, para que eles desenvolvam um vínculo.
Os pequenos produtores de leite estão saindo do negócio em razão das despesas que incluem contas do veterinário, ração para as vacas e gasolina. Por isso, a produção de leite custa mais do que os ganhos obtidos pelos pecuaristas. .
Na segunda metade do século, as máquinas de ordenha começaram a ser desenvolvidas, assim como o engarrafamento do leite e o processo de pasteurização, ou aquecimento do leite para evitar a propagação de doenças transmitidas pelo leite. E com isso, a indústria de laticínios acaba recompensando os grandes processadores em vez dos agricultores.
De acordo com estudo, a importância da atividade leiteira pode ser estimada pelo valor nutritivo eminente do leite, indispensável para alguns grupos da população, pelo desenvolvimento de renda de centenas de produtores e ainda pela expressiva presença do leite e derivados na cesta básica e, por decorrência, nos índices que calculam a inflação.
Conforme Rocha e Carvalho, nas últimas décadas a atividade leiteira brasileira se desenvolveu de maneira contínua, resultando no crescimento da produção. Pode – se considerar o consumo interno de lácteos, preços do leite e seus derivados no atacado e no varejo, preços do leite ao produtor e seu custo de produção, preços internacionais de produtos, exportação e importação de leite e derivados, como fatores que levaram para o progresso na produção de leite. Destaca-se que há décadas, a Região Sudeste é responsável pela maior parte do leite produzido no país.
Segundo Hayley, importantes atores da indústria de laticínios parecem cientes da pegada ambiental substancial dos laticínios e estão tomando medidas para reduzir as emissões nas fazendas. A U.S. Dairy oferece metas ambiciosas de sustentabilidade para alcançar a neutralidade de GEE até 2050, e a The Dairy Alliance faz referência a tecnologias agrícolas modernas e dietas “recicladas” de vacas leiteiras ao prometer o compromisso da indústria de reduzir as emissões.
Ainda que seja baseado em abordagens mais ecológicas, um relatório publicado na PLOS Climate argumenta que nada reduziria as emissões e a taxa de mudança climática como a eliminação gradual da agricultura animal. Estratégias como reduzir o desperdício de alimentos e monitorar as emissões podem ser eficientes, mas uma mudança total da agricultura animal para a vegetal teria um efeito transformador. Contudo, a curto prazo a “eliminação gradual” da agricultura animal não deve ocorrer em escala global e essa estratégia deve ser adaptada com a realidade do país, pois os países de baixa renda dependem do gado para sua renda e nutrientes, principalmente em áreas com recursos limitados.
Dito isso, há alternativas de leite à base de plantas (amêndoa, aveia e soja, por exemplo) que podem causar um significativo declínio no consumo de leite, somado as reduções em larga escala na pecuária leiteira e na pecuária comum que intensificaram esse declínio e diminuiria o impacto de futuras catástrofes climáticas.
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