A pegada de pesticidas consiste no rastro deixado no meio ambiente pelo consumo de pesticidas no mundo. Esse conceito leva em conta os impactos negativos que o uso de pesticidas oferece para os ecossistemas e a saúde humana.
Os pesticidas são produtos utilizados no cultivo agrícola para o controle de pragas e ervas daninhas. Eles podem ser de vários tipos, como fungicidas, rodenticidas, algicidas, inseticidas e herbicidas, e são utilizados de acordo com a necessidade de eliminar ou prevenir organismos em uma cultura.
O estudo realizado para determinar a pegada de pesticidas deve levar em conta a quantidade de pesticida presente em um local, bem como seu ingrediente ativo e os ambientes em que esse produto atingiu. Outros aspectos para serem considerados são os impactos dos pesticidas para o meio ambiente e a saúde.
Para realizar o cálculo da pegada de pesticidas, é necessário considerar o ciclo de vida do produto. Dessa forma, é possível analisar os impactos do pesticida durante a sua produção, aplicação e o descarte de suas embalagens. Esse conjunto de informações determina a pegada de pesticidas.
Entretanto, nem sempre é possível mensurar essas variáveis. De acordo com um estudo realizado na Nova Zelândia, uma das dificuldades para a delimitação da pegada de pesticidas no país é a falta de dados sobre o uso destes produtos.
Alguns modelos que mensuram o destino dos pesticidas foram elaborados por pesquisadores. Entretanto, grande parte deles tem enfoque em apenas uma área ambiental, como corpos hídricos ou o solo, tornando os dados incompletos.
A pegada de pesticidas tem como objetivo fornecer as informações mais precisas em relação à dispersão de pesticidas no ambiente e seus impactos. Para que isso seja possível, é necessário combinar diferentes modelos de avaliação.
Os pesticidas são substâncias aplicadas em espécies vegetais para a eliminação ou prevenção de pragas. Mas, eles podem ter efeitos negativos no meio ambiente, contaminando a água, o solo e o ar.
Um dos efeitos provocados pelo uso de pesticidas é a perda de biodiversidade, devido à eliminação de espécies vegetais e animais de uma área. Além disso, as áreas que recebem esses produtos são, em geral, monoculturas. As monoculturas são modelos de produção agrícola em que apenas uma espécie vegetal é cultivada. Assim, ocorre um desequilíbrio ecossistêmico, que impede a existência de algumas espécies, criando um ambiente propício para o aparecimento de pragas
Outro efeito dessa prática é a contaminação do solo e da água. Com a irrigação ou a água da chuva, o produto é lixiviado, atingindo camadas profundas do solo e, consequentemente, os lençóis freáticos. Com isso, o pesticida é destinado para os ecossistemas aquáticos, provocando danos na saúde de animais, como peixes. Além disso, a presença de pesticidas em corpos hídricos pode favorecer a eutrofização.
Insetos polinizadores também são diretamente afetados pelos pesticidas. O acefato, um pesticida do grupo dos inseticidas, pode provocar danos no sistema nervoso de abelhas, impedindo a sua chegada nas colmeias, além da morte. Isso afeta diretamente a polinização das espécies vegetais realizada por esses insetos.
Quando é degradado, o acefato se transforma em metamidofós, um composto utilizado como inseticida e acaricida nas culturas de algodão, amendoim, batata, feijão, soja e tomate. A sua toxicidade é superior à do acefato, com isso, provoca danos maiores à saúde humana, como problema nos músculos respiratórios, paralisia, perda de memória, taquicardia, convulsões, coma, e danos à saúde mental.
Outro subproduto do acefato é o clorotalonil, um fungicida aplicado em culturas de amendoim, banana, batata, berinjela, cenoura, feijão, melão, melancia, pepino, pimentão, rosa, soja, tomate e uva. Para o ser humano, é considerado moderadamente tóxico, e sua exposição pode ser por via oral, respiratória, ocular ou dérmica.
Ele pode provocar irritação nos olhos, na pele e no sistema respiratório. Outros sintomas são vômito, náusea, diarréia, tontura, sonolência, dor de cabeça e depressão. Além disso, em grandes quantidades, o produto pode gerar edema pulmonar, insuficiência renal, intoxicação nos rins e morte.
Outro inseticida que afeta os polinizadores é o imidacloprido. Ele é altamente tóxico para as abelhas, prejudicando o desempenho das minhocas no solo e a polinização das espécies vegetais. Por isso, o seu uso é recomendado fora da temporada em que as abelhas se encontram mais presentes. Além disso, ele prejudica o aprendizado das abelhas. Dessa forma, muitas delas se perdem no caminho de volta à colônia. Além disso, o inseticida pode provocar paralisia e problemas nas funções sensoriais para identificação do pólen.
O imidacloprido contamina a melada, substância produzida pelos insetos polinizadores. A melada tem um papel importante para o fornecimento de carboidratos para os insetos. Assim, quando contaminada com o imidacloprido, facilita a ingestão do inseticida por esses animais.
Para a saúde humana, o imidacloprido pode provocar danos respiratórios e problemas na tireoide. Se o produto for ingerido, ele pode levar a efeitos colaterais, como tontura, sonolência, tremores e espasmos. A alta exposição ao imidacloprido pode provocar diarreia, falta de coordenação e perda de peso. Porém, ele não se acumula no organismo, sendo eliminado com facilidade.
A relação comercial entre países com legislações diferentes sobre o uso de pesticidas pode contribuir para a disseminação de pesticidas no mundo. De acordo com um estudo, isso acontece entre o Brasil e o Reino Unido. Alguns pesticidas permitidos e utilizados no Brasil são proibidos no Reino Unido. Entretanto, o comércio entre eles pode contribuir financeiramente para o aumento no consumo de pesticidas, mesmo que indiretamente.
Isso porque o Brasil exporta carne para o Reino Unido. Essa carne, por sua vez, vem de animais alimentados com soja. A soja é cultivada com pesticidas nocivos e proibidos no Reino Unido. De acordo com os especialistas, além de prejudicar a saúde dos consumidores de carne, isso pode contribuir para a flexibilização da legislação do Reino Unido. O mesmo acontece com outros alimentos exportados pelo Brasil, como uvas e laranjas.
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