O termo peixe-caracol é usado para definir qualquer uma das 115 espécies conhecidas de peixes marinhos da família Cyclopteridae, às vezes separada como uma família distinta, Liparidae. Esses peixes são encontrados em águas frias, como no Atlântico Norte, Pacífico Norte e nos mares Ártico e Antártico, em profundezas de mais de 7 mil metros abaixo da superfície oceânica.
Esse peixe é apenas uma das milhares de espécies que habitam as águas profundas do oceano. O oceano profundo, definido como águas abaixo de 200 metros, representa 50% da superfície da Terra. No entanto, pesquisadores estimam que apenas 10-28% da vida marinha é atualmente conhecida, e a maior parte do conhecimento provém de investigadores baseados na Europa, nos EUA e no Japão.
O nome do peixe-caracol reflete a aparência das espécies. Atingindo no máximo 30 centímetros de comprimento, esses animais possuem um corpo alongado, semelhante ao de um girino, pele gelatinosa sem escamas, uma longa barbatana dorsal nas costas e geralmente um disco sugador abaixo da cabeça. Essas características fizeram com que especialistas o comparassem com caracóis.
Entre uma das características mais marcantes do peixe-caracol, além de seu habitat, é o fato de ele não possuir uma bexiga natatória — um órgão interno cheio de gás que contribui para a capacidade de muitos peixes ósseos de controlar sua flutuabilidade. Em vez disso, as espécies produzem uma substância gelatinosa que os mantém flutuantes.
As diversas espécies do peixe proporcionam uma variedade de cores em que os animais podem ser encontrados, variando entre marrom, azul, branco, rosa e até multicolorido.
Acredita-se que os animais possuem uma dieta carnívora, composta principalmente de krill, crustáceos, peixes, decápodes, anfípodes, copépodes e outras criaturas marinhas
No entanto, por habitar o fundo do mar, o conhecimento sobre o peixe-caracol é relativamente escasso, quando comparado com diversos outros organismos marinhos. Além disso, a mudança na pressão quando são transportados para a composição de estudos também compromete a saúde do peixe — de fato, muitas espécies já explodiram durante o percurso, deixando apenas seus ossos para análise.
Entretanto, as características físicas do peixe-caracol não impulsionaram a popularidade do animal. O conhecimento mundial sobre o peixe foi uma consequência de seus recordes.
O animal quebrou o recorde de vida no fundo do oceano conhecido pela humanidade. De fato, anteriormente à descoberta, especialistas acreditavam que era fisiologicamente impossível para os peixes sobreviverem em condições abaixo de 8.200 metros.
Em agosto de 2022, um time de pesquisadores da University of Western Australia e do Japão começou uma expedição de dois meses às profundas trincheiras ao redor do Japão, no norte do Oceano Pacífico, com o DSSV Pressure Drop.
O objetivo da expedição era explorar as fossas do Japão, Izu-Ogasawara e Ryukyu a 8 mil, 9 mil e 7 mil metros de profundidade, respectivamente, como parte de um estudo de 10 anos sobre as populações de peixes mais profundas do mundo.
“Passamos mais de 15 anos pesquisando esses peixes-caracol profundos; há muito mais neles do que simplesmente a profundidade, mas a profundidade máxima a que conseguem sobreviver é verdadeiramente surpreendente”, disse o biólogo marinho e professor da University of Western Australia, Alan Jamieson.
Os pesquisadores encontraram o peixe a uma altura recorde de 8.336 metros na Fossa Izu-Ogasawara, ao sul do Japão — 158 metros mais profundos do que o recorde anterior, também estabelecido por um peixe-caracol durante 2017 na Fossa das Marianas, cerca de 2 mil quilômetros a leste das Filipinas.
“A verdadeira mensagem para considerar, para mim, não é necessariamente que eles estão vivendo a 8.336 metros, mas sim que temos informações suficientes sobre este ambiente para prever que essas trincheiras seriam onde os peixes mais profundos estariam, na verdade, até esta expedição, ninguém jamais viu nem coletou um único peixe em toda esta trincheira”, concluiu Jamieson.
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