O peixe-palhaço (Amphiprion ocellaris) é uma espécie de peixe conhecida por suas cores vibrantes e por sua relação simbiótica com anêmonas. Ele é nativo de recifes de corais nos oceanos tropicais Pacífico e Índico, do noroeste da Austrália, Sudeste Asiático e Indonésia a Taiwan e Japão.
A espécie tornou-se popular em 2003, devido ao famoso longa-metragem da Pixar, Procurando o Nemo, do diretor Andrew Stanton. Desde então, o peixe tornou-se uma das espécies mais reconhecíveis de peixe, devido às suas características um tanto marcantes.
Quase semelhante à um palhaço, o peixe-palhaço possui uma coloração laranja brilhante que é interrompida por três faixas brancas com finas bordas pretas. A maioria dos peixes da espécie também possui 11 espinhos na nadadeira dorsal e um anel marrom ao redor da pupila do olho.
São peixes relativamente pequenos, podendo chegar até cerca de 11 centímetros de comprimento.
O peixe-palhaço vive em águas quentes, como o Mar Vermelho e os Oceanos Pacífico. O habitat natural do animal são as anêmonas, que vivem através de uma relação simbiótica com o peixe.
A anêmona protege o peixe de predadores e fornece restos de comida, enquanto, o peixe-palhaço usa suas cores brilhantes para atrair outros peixes e animais marinhos para a anêmona. Essas outras espécies servem de alimento às anêmonas, morrendo através do veneno da espécie.
Diferente de outras espécies de peixe, o protagonista do filme da Pixar possui uma protetora camada de muco ao redor de seu corpo. Isso impede que ele seja afetado pelos nematocistos picantes das anêmonas.
No entanto, são apenas algumas espécies de anêmonas que abrigam o peixe-palhaço. De fato, só 10 das mais de mil espécies de anêmonas são hospedeiras adequadas para esses peixes. Os peixes estão associados principalmente a três espécies – Heteractis magnifica, Stichodactyla gigantea e S. mertensii.
Além dos restos do alimento das anêmonas, o animal se alimenta, principalmente de algas e pequenos invertebrados.
No que se diz respeito aos peixes-palhaços, a sua reprodução é um tanto diferente. Assim como algumas outras espécies do mundo animal, esses peixes são conhecidos por trocar de sexo.
Todos os peixes-palhaço nascem com órgãos sexuais masculinos e femininos imaturos, e cada indivíduo tem a capacidade de mudar de sexo dependendo das condições ambientais.
Tipicamente, esses peixes vivem em um grupo composto por uma fêmea (o maior membro), o macho reprodutor (o segundo maior membro) e vários indivíduos neutros não reprodutores com órgãos sexuais não desenvolvidos. Se a fêmea morrer, o maior membro remanescente do grupo se tornará uma fêmea, e o segundo maior indivíduo servirá como o próximo macho reprodutor depois que seus órgãos sexuais masculinos se desenvolverem completamente.
Durante a reprodução, que ocorre em anêmonas ou em rochas protegidas pelos tentáculos de anêmonas, as fêmeas botam entre 100 a mil ovos. Ambos os pais tomam conta do ninho e esperam entre 8 a 12 dias até que os ovos eclodam — que pode acontecer a qualquer hora durante o ano.
Existem cerca de 30 espécies conhecidas de peixe-palhaço. Uma pertence ao gênero Premnas, enquanto as restantes estão no gênero Amphiprion.
De acordo com Kina Hayashi, do Instituto de Ciência e Tecnologia de Okinawa, no Japão, as espécies de peixes-palhaço que vivem nos mesmos locais tendem a ter uma ampla variedade de padrões de listras – de três barras brancas verticais a nenhuma.
Essa característica dos peixes levanta uma questão que é bastante importante na sobrevivência do peixe: como eles se protegem de possíveis predadores de outras espécies?
Pensando nisso, Hayashi e seu time de pesquisadores criaram um cardume para garantir que os peixes nunca tivessem entrado em contato com outras espécies de peixes-palhaço. Após os peixes atingirem a marca de 6 meses, os pesquisadores introduziram espécies como A. clarkii, A. sandaracinos A. polymnus e intrusos da sua própria espécie ao habitat para descobrir qual seria a reação da espécie isolada.
Durante a observação, notou-se que esses peixes atacavam majoritariamente intrusos da mesma espécie — eles enfrentaram 80% dos peixes por até 3 segundos. Por outro lado, os intrusos de outras espécies tiveram mais facilidade.
A espécie A. sandaracinos — sem barras laterais e com uma linha branca no dorso — quase não foi confrontada, enquanto a A. clarkii e a A. polymnus — com duas e três barras brancas, respectivamente — foram atacados moderadamente.
O acontecimento levantou mais algumas dúvidas, como: o peixe-palhaço é capaz de contar as listras de outras espécies para identificá-las?
Para tentar entender esse comportamento, o time isolou pequenos cardumes de três peixes de peixes-palhaço jovens em tanques individuais. Em seguida, filmou as reações dos peixes a um modelo de peixe laranja simples ou a modelos pintados com uma, duas ou três faixas brancas, mantendo um registro de quantas vezes os peixes morderam e perseguiram os intrusos.
De novo, foi possível observar que os peixes atacam com mais frequência os modelos que pareciam com a sua mesma espécie.
Hayashi sugere que a aversão do peixe-palhaço à própria espécie pode estar relacionada com o seu desenvolvimento. Essa espécie forma inicialmente duas listras brancas aos 11 dias de idade, antes de ganhar a terceira, 3 dias depois.
A especialista suspeita que os peixes-palhaço que crescem com outros jovens de duas listras podem ver os peixes com duas barras brancas como competidores. Ou seja, talvez eles sejam capazes de identificá-los contando as listras de cada espécie.
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