Orangotango de Sumatra usa plantas curativas para tratar feridas
Um estudo publicado esta semana na revista Scientific Reports registrou um fato surpreendente: pela primeira vez, cientistas observaram um primata se automedicando. O orangotango em Sumatra foi visto tratando uma ferida aberta na bochecha com um cataplasma feito de uma planta medicinal. Este é o primeiro registro científico de um animal silvestre curando uma ferida utilizando uma planta com propriedades medicinais conhecidas.
Embora já fossem conhecidos certos comportamentos de automedicação em animais, nunca antes havia sido documentado que os animais utilizassem plantas curativas para tratar suas próprias feridas.
Este orangotango, chamado Rakus, demonstrou um comportamento notável ao ingerir e aplicar repetidamente seiva de uma planta trepadeira com propriedades anti-inflamatórias e analgésicas, comumente usada na medicina tradicional. Além disso, ele cobriu completamente a ferida com as folhas da planta, sugerindo um processo deliberado e consciente de tratamento médico.
Embora comportamentos de automedicação na forma de ingestão de plantas específicas sejam observados em animais não humanos, sua ocorrência é relativamente rara. Os grandes símios, parentes mais próximos dos humanos, são conhecidos por ingerirem plantas para tratar infecções parasitárias e para aliviar dores musculares.
Este caso particular de automedicação em orangotangos se destaca como um evento único, ainda não documentado em outras espécies. Rakus, o orangotango ferido, selecionou cuidadosamente as folhas de uma liana específica, conhecida como Akar Kuning, mastigou-as e aplicou o suco resultante diretamente na ferida. Estudos químicos revelaram que esta planta contém compostos com propriedades antibacterianas, anti-inflamatórias e analgésicas, o que sugere uma base científica para o comportamento observado.
Este comportamento de automedicação levanta questões sobre a intencionalidade por trás desses comportamentos e sua origem evolutiva. A precisão com que Rakus tratou sua ferida sugere uma possível inovação individual, enquanto a raridade desse comportamento em outras populações de orangotangos indica que pode ser específico de uma determinada região ou grupo.