Pela primeira vez, a cidade de São Paulo passou a ter mais construções residenciais em prédios do que em casas. Os imóveis horizontais de baixo padrão eram os predominantes antes dos 2000. Os dados estão em pesquisa feita pelo Centro de Estudos da Metrópole (CEM), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
O estudo Trajetória do estoque residencial formal, do município de São Paulo – 2000/2020 foi baseado em dados fiscais de registro de propriedades imobiliárias produzidos pela Secretaria da Fazenda Municipal (SF), da Prefeitura Municipal de São Paulo (PMSP), para fins de lançamento do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU). A divulgação da pesquisa foi feita pela primeira edição da nota técnica do CEM. A nota trata apenas do estoque formal, ou seja, não aborda as edificações informais, como as precárias e as não inteiramente regularizadas.
Os pesquisadores utilizaram um banco de dados de mais de 62,7 milhões de registros de edificações construídas no município de São Paulo, considerando o tipo de imóvel (vertical/horizontal) e o padrão construtivo (alto/médio/baixo).
De acordo com o estudo, o estoque imobiliário passou de 386,3 milhões de m2 em 2000 para 534,8 milhões de m2 em 2020, tendo um crescimento de 38,44%.
O estoque passou de uma predominância horizontal de padrão baixo (em imóveis) e médio (em área construída) para uma liderança de verticais de padrão médio (em imóveis e área). Os imóveis verticais de padrão alto também cresceram significativamente, em especial em área construída, mas com decrescentes metragens quadradas médias individuais.
O professor da USP Eduardo Marques e o pesquisador Guilherme Minarelli, ambos do CEM, afirmam que a a expansão dos imóveis residenciais verticais se deu, principalmente, pelo crescimento dos imóveis verticais de médio e de alto padrão. “A cidade parece estar acelerando um processo de elitização das tipologias residenciais, com aumento da participação de áreas construídas de médio e alto padrão e diminuição da participação relativa de baixo padrão”, apontam.
Os dados sugerem que os Planos Diretores de 2002 e de 2014 e as Leis de Zoneamento de 2004 e de 2016 surtiram pouco efeito sobre as trajetórias do estoque de imóveis. A exceção ficou por conta da redução pontual dos imóveis residenciais horizontais de baixo padrão entre os anos de 2014 e 2016, período em que houve elevado volume de demolições residenciais de baixo padrão, que alimentou a expansão vertical de construções de médio e alto padrões. O efeito, entretanto, foi localizado e as trajetórias prosseguem posteriormente com as mesmas tendências anteriores, relata o estudo.
Essa nota técnica integra um conjunto de estudos que serão publicados semanalmente pelo CEM até setembro e que abordarão aspectos do planejamento municipal, como o parque imobiliário, mobilidade, a participação social e o orçamento. Essa sequência de trabalhos está relacionada às discussões que serão promovidas pelo Fórum SP 21, evento que se realiza entre 21 e 30 de setembro e que visa a analisar o planejamento urbano da cidade de São Paulo. A chamada para inscrição de trabalhos para o Fórum está aberta até 26 de julho. Mais informações no site oficial do Fórum SP 21.
Criado em 2000, o Centro de Estudos da Metrópole (CEM) é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Cepid-Fapesp) e reúne cientistas de várias instituições para realizar pesquisa avançada, difusão do conhecimento e transferência de tecnologia em ciências sociais, investigando temáticas relacionadas a desigualdades e à formulação de políticas públicas nas metrópoles contemporâneas. Sediado na Faculdade de Filosofia, Letras, Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP) e no Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), o CEM é constituído por um grupo multidisciplinar, que inclui pesquisadores demógrafos, cientistas políticos, sociólogos, geógrafos, economistas e antropólogos.
Mais informações: (11) 3091-2097
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