De acordo com o Relatório Planeta Vivo lançado pela WWF em 2020, o nível de perda da biodiversidade tem alcançado níveis críticos
Biodiversidade, expressão que provém da união dos termos “diversidade” e “biológica”, significa variedade de vida ou variedade de todas as formas de vida existentes na Terra, sejam elas macro ou microscópicas. Entretanto, o nível de perda da biodiversidade tem alcançado níveis críticos. O Relatório Planeta Vivo lançado em 2020 pela rede WWF aponta que as populações globais de mamíferos, aves, anfíbios, répteis e peixes diminuíram, em média, dois terços desde 1970.
Ameaças humanas à biodiversidade
As ameaças humanas à biodiversidade, ou os vetores de mudança, são as atividades de origem humana que causam danos significativos a um ecossistema, comunidade, população ou espécie. Nesse sentido, as principais ameaças humanas à biodiversidade são: perda e transformação de habitats, exploração direta de espécies, mudanças climáticas, poluição e invasão de espécies exóticas.
A mudança no padrão de uso do solo e a consequente degradação dos habitats naturais, promovida pela agricultura, pecuária e mineração, pela construção de hidrelétricas e pelo crescimento urbano desordenado, são historicamente e ainda hoje as principais causas de perda da biodiversidade nas Américas e no Brasil.
Outros fatores importantes são poluição, espécies invasoras e superexploração dos recursos naturais. No entanto, a taxa de impacto das mudanças climáticas sobre a biodiversidade vem crescendo de maneira acelerada e as projeções indicam que por volta de 2050 o clima terá um impacto tão grande quanto a destruição de habitats.
Impactos da perda da biodiversidade
O site norte-americano TreeHugger listou cinco problemas ocasionados pela perda da biodiversidade. Entre eles, estão:
1. Custo econômico da biodiversidade perdida
O ecossistema possui funções específicas, como: polinização e irrigação. Porém, com diversas áreas afetadas, a natureza não suporta exercer adequadamente todas essas atividades. O custo estimado por causa desse prejuízo natural varia de US $2 a 5 milhões por ano, em todo o mundo.
2. Segurança alimentar reduzida
A diminuição da biodiversidade não ocorre apenas por meio do desmatamento ou da caça predatória. A introdução de novas espécies também aumenta a concorrência com os organismos locais e, muitas vezes, leva populações nativas à extinção. Em grande parte do mundo isso ocorre em pastos, com raças estrangeiras de gado sendo importadas, expulsando os nativos.
Isso significa que a população mundial de gado está se tornando cada vez menor e mais vulnerável à doenças, secas e mudanças climáticas, levando a uma redução da segurança alimentar.
3. Maior contato com doenças
A perda da biodiversidade tem dois impactos importantes na saúde humana e na propagação de doenças. Em primeiro lugar, ela aumenta o número de portadores de doenças animais nas populações locais.
A mudança nos habitats, geralmente, torna as espécies infectadas mais comuns e faz com que elas prevaleçam sobre as espécies saudáveis. Ao mesmo tempo, essa fragmentação coloca os próprios seres humanos mais próximos do contato com os animais portadores de doenças.
4. Clima imprevisível
As variações climáticas podem causar grandes problemas, como a seca, o deslocamento de pessoas e a destruição de diversos ecossistemas.
5. Perda de meios de subsistência
Manter os ecossistemas saudáveis é fundamental para a manutenção da subsistência. Quando o oceano é afetado, por exemplo, comunidades inteiras que dependem dos recursos oferecidos por ele são atingidas. Em muitos casos, os próprios seres humanos podem ocasionar esses problemas.
Importância da biodiversidade
A biodiversidade sustenta tudo o que precisamos para sobreviver na natureza: alimento, água limpa, abrigo e medicamentos. Por isso, é extremamente importante protegê-la e preservá-la. Para isso, a Organização das Nações Unidas criou os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, uma agenda com metas que devem ser cumpridas por todos os países do mundo até 2030.
Entre eles, estão: conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável; proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade; e tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos.
Preservação ambiental
O termo “preservação do meio ambiente” refere-se à proteção integral de uma área natural, sem interferência humana. Ela se faz necessária quando há risco de perda de biodiversidade, seja de uma espécie, um ecossistema ou de um bioma como um todo.
A palavra “preservação” surgiu a partir de uma corrente ideológica chamada de preservacionismo, que aborda a proteção da natureza independentemente de seu valor econômico ou utilitário, apontando o ser humano como o causador da quebra desse “equilíbrio”. De caráter protetor, propõe a criação de santuários intocáveis, sem sofrer interferências relativas aos avanços do progresso e sua consequente degradação.
As Áreas de Preservação Permanente (APPs) podem ser entendidas como um exemplo de preservação do meio ambiente, já que possuem a finalidade de preservar os recursos naturais.
Por definição, elas são “áreas protegidas, cobertas ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas”, de acordo com o Novo Código Florestal.
As Áreas de Preservação Permanente buscam atender ao direito fundamental de todo brasileiro a um “meio ambiente ecologicamente equilibrado”, conforme previsto no artigo 225° da Constituição da República Federativa do Brasil.
Conservação ambiental
A conservação ambiental é uma das correntes ideológicas mais discutidas na esfera científica. Ela pode ser caracterizada como um conjunto de ações que buscam o uso racional e sustentável dos recursos naturais, de maneira a obter alta qualidade de vida humana causando o menor impacto possível ao meio ambiente.
A preocupação com o meio ambiente surgiu na metade do século XIX, sobretudo por causa das mudanças provocadas pela Revolução Industrial. Nesse cenário, pensadores criam uma corrente ideológica chamada de conservacionismo, que contempla o amor à natureza, mas aliado ao seu uso racional e manejo criterioso pela espécie humana.
O pensamento conservacionista caracteriza a maioria dos movimentos ambientalistas, e pode ser identificado como o meio-termo entre o preservacionismo e o desenvolvimentismo, Ele também se fundamenta nas políticas de desenvolvimento sustentável, que são aquelas que buscam um modelo de desenvolvimento que garanta a qualidade de vida, mas que não destrua os recursos necessários às gerações futuras.
As Unidades de Conservação (UC’s) podem ser consideradas como um exemplo de conservação, visto que estabelecem o uso sustentável ou indireto de áreas naturais.
Por definição, elas são “espaços territoriais e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituídos pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção da lei”, de acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), estabelecido pela Lei n. 9.985, de 18 de julho de 2000.
Elas possuem a função de assegurar a representatividade de porções significativas e ecologicamente viáveis das diferentes populações, habitats e ecossistemas do território nacional e das águas jurisdicionais, preservando o patrimônio biológico existente.