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Estudo revela que comprar um novo smartphone consome tanta energia quanto usar um já existente por dez anos

Antes de comprar o novo smartphone lançado pela sua marca favorita, considere trocar apenas a bateria por uma nova. Além de poupar um bom dinheiro, a escolha pode ajudar a salvar o planeta. É o que indica um novo estudo publicado no Journal of Cleaner Production, que analisou o impacto da Indústria de Informação e Comunicação nas emissões de carbono.

Somando dados coletados do período de 2010 até 2016 com dados projetados de 2017 até 2020, pesquisadores da McMaster University encontraram números alarmantes. O setor analisado inclui computadores de mesa, notebooks, monitores, smartphones, entre outros, e o seu impacto ambiental só cresce. Esse ramo da indústria representava 1% da pegada de carbono em 2007 e o número não só já triplicou como está a caminho de passar os 14% até 2040. Isso é quase a metade de todo o impacto ambiental da indústria de transportes.

Os smartphones são particularmente ruins nesse cenário por terem um ciclo de vida curto, de em média dois anos. Eles são mais ou menos dispensáveis e são alvos fáceis da obsolescência programada, mas o grande problema é que fazer um novo celular representa 85% a 95% das emissões totais de CO2 do aparelho ao longo de seus dois anos de vida – em especial por conta da extração dos materiais raros que compõem o interior do celular. Isso significa que comprar um novo smartphone gasta tanta energia quanto recarregar e usar um smartphone por uma década inteira.

Ainda que as pessoas estejam comprando celulares com menos frequência, as companhias de eletrônicos têm tentado compensar a quada dos lucros vendendo aparelhos maiores e mais chiques. Os pesquisadores descobriram que smartphones com a tela maior tendem a ter uma pegada de carbono consideravelmente maior que seus modelos anteriores com telas menores. O iPhone 7 Plus, por exemplo, emite 10% mais CO2 do que o iPhone 6s. Outro estudo aponta que o iPhone 6s gera 57% mais dióxido de carbono que o iPhone 4s. Além disso, os dados da pesquisa indicam que menos de 1% dos smartphones usados são reciclados, apesar dos programas de reciclagem dirigidos por várias fabricantes dos aparelhos.

Dessa forma, a pesquisa da McMaster University indica que ficar com o celular por um ano a mais que seja (usando-o por três anos) já faz uma diferença considerável na pegada de carbono de cada pessoa, simplesmente porque ninguém terá que explorar os materiais necessários para produzir um novo aparelho.

Os smartphones representam uma parcela crescente da Indústria de Informação e Comunicação, mas quem mais preocupa com relação às emissões de CO2 são os próprios servidores e centrais de processamento de dados, que até 2020 vão representar 45% das emissões totais do setor. Isso porque cada pesquisa no Google, cada acesso ao Facebook ou mesmo um Tweet bobo exigem um computador em algum lugar para processar essa informação na nuvem – e esses números podem ficar ainda piores, dependendo do quão populares as criptomoedas se tornem.

Os celulares se somam à questão dos servidores, já que um número crescente de aparelhos exige um número maior de servidores. E quanto melhores os smartphones disponíveis, mais potentes precisam ser os servidores. O ideal seria que as empresas provedoras de dados operassem 100% com energia renovável, como já está nos planos do Google, Facebook e da Apple. Mas os pesquisadores não tem esperança de que isso mude muita coisa. Para piorar, a conclusão do estudo é de que as emissões do setor só tendem a aumentar, conforme mais coisas sejam integradas à internet.

A “internet das coisas” é uma realidade que só tende a crescer e irá demandar uma infraestrutura de redes e servidores cada vez maior e melhor. A menos que a estrutura de suporte aos equipamentos eletrônicos mude rapidamente para energia 100% renovável, as emissões resultantes da internet das coisas podem ultrapassar em muito as de todos os outros dispositivos e levar as emissões do setor de Informação e Comunicação muito além do previsto no estudo, alertam os pesquisadores.

A pegada de carbono do setor já está muito além do que qualquer um poderia ter previsto ou tem a habilidade de controlar. Como consumidores, temos mais razões do que nunca para pensar muito bem antes de comprar um novo dispositivo eletrônico. Precisamos praticar o consumo consciente, comprando menos e passando mais tempo no mundo real do que conectados.

Se realmente não for possível reaproveitar o seu celular antigo, consulte os postos de coleta para o descarte correto na ferramenta de busca gratuita do Portal eCycle. Jamais jogue aparelhos eletrônicos no lixo comum!


Fonte: Co. Design

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