Desenvolvimento pré-embrionário é o período da embriogênese em que acontecem as primeiras etapas de divisão e diferenciação celular. Nos humanos, esse período corresponde a pouco mais que as duas primeiras semanas de desenvolvimento após a fecundação. Entenda os estágios de desenvolvimento que ocorrem nesse período.
Das oito semanas da embriogênese, as primeiras clivagens (divisões do zigoto em blastômeros e a divisão destes, sem aumento do volume celular) ocorrem enquanto o maciço celular envolto pela zona pelúcida (uma camada proteica, resistente e permeável) migra através da tuba até a cavidade uterina.
O zigoto é uma célula totipotente resultante da fecundação, capaz de formar todas as outras células do embrião, e ao fim do primeiro dia desde a fecundação, este zigoto será dividido em dois blastômeros.
Os blastômeros passarão pelo processo de clivagem a cada vinte e quatro horas, aproximadamente. De forma que ao fim do segundo dia haverá quatro blastômeros, oito ao final do terceiro dia e dezesseis ao fim do quarto, obtendo-se a mórula no quinto dia de gestação.
Ao chegar na cavidade uterina, pelo período de dois dias, fluidos uterinos adentram a zona pelúcida, o que cria espaço entre os blastômeros. Esses espaços intercelulares formam, de forma gradual, uma cavidade única, a blastocele. Assim, ao final da primeira semana, a mórula passa a ser chamada de blastocisto (ou blástula, para outros organismos).
Os elementos constituintes do blastocisto são:
Juntamente com a formação do blastocisto, acontece o que é denominado eclosão do blastocisto, em que este é liberado do interior da zona pelúcida, que até então protegia a implantação prematura do zigoto. Além disso, nesse momento do desenvolvimento pré-embrionário, os blastômeros adquirem um formato achatado e com maior superfície de contato entre si, o que, junto de outros mecanismos, permite que suas células mantenham-se conectadas mesmo após a eclosão da zona pelúcida.
Durante a segunda semana de gestação, os componentes do blastocisto passam, simultaneamente, por um processo de diferenciação para a implantação e para a diferenciação do embrioblasto.
O blastocisto entra em contato com o endométrio através da sua região do pólo embrionário (onde está o embrioblasto) e as células do trofoblasto se proliferam em direção ao endométrio, diferenciando-se em citotrofoblasto e sinciciotrofoblasto, e estas iniciam a invasão entre as células do endométrio. As células do trofoblasto também se proliferam em direção ao interior do blastocisto para formar o mesoderma extraembrionário.
É nessa etapa que são secretados fatores que se ligam aos receptores de membrana específicos. Esses receptores preparam a superfície e o interior do endométrio para a adesão do trofoblasto ao epitélio endometrial e invasão e continuidade do ingresso do blastocisto no endométrio.
O trofoblasto ainda produz o HGC (hormônio gonadotrofina coriônica, mais conhecido pela sua sigla em inglês, HCG), que realiza a manutenção do corpo lúteo nos primeiros meses de gestação, consequentemente mantendo os níveis de progesterona necessários para a manutenção do endométrio (para que não ocorra a menstruação), o que é essencial para a implantação. É por isso que o HGC é um parâmetro laboratorial para o diagnóstico da gravidez. Saiba reconhecer os indícios de uma gravidez em “Como saber se estou grávida? Confira dicas”.
A implantação se dá na porção superior uterina, mas também pode acontecer em lugares ectópicos (fora do útero), como tuba uterina, parede externa do ovário ou dos intestinos, o que geralmente resulta em abortamentos até o terceiro mês de gestação ou em nascimentos prematuros.
A diferenciação do embrioblasto é necessária para a formação dos folhetos embrionários durante a gastrulação. Esse processo tem início com a divisão do embrioblasto em duas camadas celulares, o epiblasto e o hipoblasto. Juntos, o epiblasto e o hipoblasto possuem um aspecto circular, formando o disco embrionário bilaminar (ou bidérmico).
Acima do epiblasto é formada uma cavidade correspondente à vesícula amniótica, que é revestida nas suas laterais e teto por um conjunto de células chamadas amnioblastos. As células do hipoblasto são menores que as do epiblasto, o que permite que elas se proliferem rapidamente e revistam internamente a blastocele, o que forma a vesícula vitelínica primitiva.
O trofoblasto, além de se proliferar em direção ao endométrio, se prolifera envolvendo as vesículas amniótica e vitelínica, formando assim o mesoderma extraembrionário. No interior deste, formam-se espaços que dão origem ao celoma extraembrionário, exceto na porção caudal do disco embrionário, onde forma-se o pedículo de conexão, que participa da origem do cordão umbilical em um estágio mais avançado do desenvolvimento.
Gastrulação é o processo de formação dos três folhetos embrionários, o endoderma, mesoderma e ectoderma. Esse processo acontece na terceira semana após a fertilização e também origina a relação céfalo-caudal do futuro embrião.
Nesta fase é formada a linha primitiva, um espessamento de células do epiblasto que surge da porção caudal e cresce até a metade do disco embrionário. A linha primitiva é alongada pela proliferação de células na extremidade caudal. Já na extremidade cranial, a proliferação celular forma o nó primitivo.
A proliferação do epiblasto também inicia um movimento de interiorização em direção ao hipoblasto através da linha primitiva. O primeiro conjunto das células a ocupar o espaço das células do hipoblasto, formam o endoderma e as células que adentram o hipoblasto após o primeiro conjunto formam o mesoderma.
Concomitantemente à imigração de células pela linha primitiva, há uma imigração de células através do nó primitivo e formação de um cordão celular que origina a notocorda. Na metade da terceira semana, as células que permanecem no epiblasto após essas imigrações originam o ectoderma, o último folheto embrionário. É, assim, formado o disco embrionário trilaminar, com o mesoderma espalhado por toda sua extensão, exceto nas extremidades cefálica e caudal, o que origina, respectivamente, as membranas bucofaríngea e cloacal.
Na segunda metade da terceira semana após a fecundação, tem início o desenvolvimento do embrião, quando os folhetos embrionários começam a se diferenciar para formar os tecidos e os órgãos do embrião, além de estruturas extra-embrionárias.
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