Pesquisa global mostra que quase nove em cada 10 pessoas apoiam um tratado da ONU sobre poluição por plástico, mas os governos agirão?

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Uma média de quase nove em cada 10 pessoas pesquisadas em 28 países, entre eles o Brasil, acha importante ter um tratado global para combater a poluição plástica, mas ainda é incerto se esse maciço apoio público global resultará na adoção de um tratado global ambicioso e juridicamente vinculativo.

A Ipsos entrevistou mais de 20.000 adultos no final de 2021 para a Plastic Free Foundation, com parceria do WWF para divulgar os resultados. Esta é a primeira pesquisa global abrangente sobre a necessidade de um tratado sobre a poluição por plástico. Ela deve fortalecer ainda mais a defesa de um tratado que defina altos padrões globais para abordar todas as fases do ciclo de vida do plástico e um caminho para acabar com a poluição plástica até 2030.

Os países da América Latina lideram, com 93% dos entrevistados reconhecendo a importância de um tratado global de plásticos, seguidos pela Europa e região Ásia-Pacífico. A proporção de pessoas que acham que um tratado é importante foi maior no México (96%), na China (95%) e no Peru (95%).

“Sabemos que as pessoas estão extremamente preocupadas com a crescente crise da poluição plástica e, em 2021, cerca de 140 milhões de pessoas em todo o mundo participaram do Plastic Free July, mas a ação individual não é suficiente. É preciso haver metas e mandatos claros e ambiciosos que reformulem nosso relacionamento com os plásticos, para que a saúde das pessoas e do meio ambiente não estejam em risco pela poluição plástica. A pesquisa é um apelo claro de pessoas de todos os cantos do mundo para que seus governos ajam agora”, disse Rebecca Prince-Ruiz, fundadora e diretora executiva da Plastic Free Foundation.

A pesquisa também descobriu que 85% dos entrevistados querem que fabricantes e varejistas sejam responsabilizados por reduzir, reutilizar e reciclar embalagens plásticas. Essas demandas estão alinhadas com uma abordagem de ciclo de vida completo para o gerenciamento da poluição plástica, que Peru e Ruanda propuseram para avaliação dos Estados membros da ONU antes da negociação de duas semanas que teve início em 21 de fevereiro, com uma decisão a ser tomada de 1 a 2 de março na conclusão do segmento de alto nível da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

Após o foco crescente na questão da poluição plástica que começou na UNEA (Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente) em 2014, 156 nações, ou ¾ dos Estados membros da ONU, agora expressaram publicamente seu apoio a um tratado global de plásticos.

A conscientização e a preocupação do público com a crise ganharam força à medida que o problema do consumo excessivo de plástico e da poluição cresceu exponencialmente: a modelagem sugere que se continuar tudo na mesma, a geração de resíduos plásticos duplicará e o descarte de plástico no oceano triplicará até 2040, em comparação com os níveis de 2016 [1]; 2.144 espécies de micróbios, plantas e animais são reconhecidamente afetados pela poluição plástica[2]; e os custos sociais, ambientais e econômicos do plástico produzido apenas em 2019 são estimados em pelo menos US$ 3,7 trilhões (+/- US$ 1 trilhão) ao longo de sua vida útil estimada.[3]

Tem crescido a pressão sobre os governos por um tratado juridicamente vinculativo para lidar com a crise da poluição plástica. Mais de 2 milhões de pessoas em todo o mundo assinaram uma petição do WWF pedindo isso, enquanto mais de 100 empresas globais e mais de 700 organizações da sociedade civil também apoiaram os pedidos de um tratado.

A pesquisa não apenas reflete o esmagador apoio público global a um tratado de plásticos, mas também destaca o tipo de metas fortes e ambiciosas que as pessoas gostariam de ver seus governos endossarem.

“Nossa crise de plásticos ameaça sair do controle e já é hora de governos de todo o mundo assumirem a liderança. Pessoas em todo o mundo deixaram claras as suas opiniões. O ônus e a oportunidade estão agora com os governos para adotar um tratado global de plásticos – um que seja juridicamente vinculativo e estabeleça regras e regulamentos globais que abordem todo o ciclo de vida do plástico – para que possamos eliminar a poluição plástica no meio ambiente até 2030. Não podemos aceitar nada menos”, disse Marco Lambertini, Diretor Geral do WWF Internacional.

Equipe eCycle

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