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Estudo aponta impacto subestimado da aquicultura global sobre populações marinhas e questiona sustentabilidade do setor

A indústria da aquicultura, responsável por grande parte da produção mundial de peixes, tem um impacto muito maior sobre os estoques de peixes selvagens do que se pensava. Uma nova pesquisa, publicada no periódico Science Advances, revela que a quantidade de peixes selvagens capturados no oceano para alimentar os peixes cultivados é consideravelmente maior do que o calculado anteriormente. Essa descoberta desafia as visões otimistas sobre a sustentabilidade da piscicultura e lança luz sobre os impactos ambientais da crescente demanda por frutos do mar.

Estudos anteriores sugeriam que a proporção de peixes selvagens usados para produzir uma determinada quantidade de peixes de aquicultura, conhecida como, era relativamente baixa. No entanto, os novos dados mostram que essa proporção é até 307% maior do que as estimativas antigas. Espécies carnívoras, como o salmão e a truta, consomem mais do que o dobro da biomassa de peixes selvagens em comparação à quantidade de peixe cultivado que produzem, apontando para um esgotamento significativo dos recursos oceânicos.

Os pesquisadores também observaram que o uso de subprodutos e aparas de peixes selvagens, anteriormente considerados soluções para reduzir o impacto ambiental, não substituiu a captura de peixes inteiros, apenas complementou. Com a expansão rápida da piscicultura offshore, o esgotamento das populações marinhas continua acelerado, já que os peixes selvagens ainda são amplamente utilizados como matéria-prima para rações.

O estudo, conduzido por uma equipe internacional de cientistas, destaca também que as práticas de pesca associadas à aquicultura, como a liberação de capturas indesejadas, geram uma mortalidade significativa de espécies marinhas, ampliando ainda mais o impacto sobre os ecossistemas. Além disso, os dados analisados indicam que muitas vezes as informações divulgadas pela indústria não são suficientes para fornecer uma visão clara dos efeitos sobre o meio ambiente.

Esse cenário levanta questionamentos importantes para formuladores de políticas e investidores que veem a aquicultura como uma alternativa sustentável à pesca tradicional. Para mitigar esses impactos, os cientistas sugerem maior transparência nos relatórios da indústria sobre os ingredientes utilizados nas rações, além de uma revisão das políticas que incentivam a expansão desse setor sem considerar os danos ambientais.

A pesquisa também explora as compensações ambientais relacionadas à redução do uso de peixes selvagens na alimentação de peixes cultivados. Enquanto algumas estimativas indicam uma queda no uso de peixes selvagens entre 1997 e 2017, esse declínio exigiu um aumento expressivo no uso de culturas terrestres, como soja e milho, elevando o impacto em outros ecossistemas. Assim, a escolha das espécies que devem ser produzidas em larga escala se torna um ponto crítico para a sustentabilidade da aquicultura.

Com a crescente demanda global por frutos do mar, essas novas descobertas sublinham a urgência de repensar o papel da piscicultura no fornecimento de alimentos.


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