Pesquisadora descobre que exposição a inseticidas reduz a quantidade de espermatozoides

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Uma pesquisa recente conduzida pela Universidade George Mason, nos EUA, e divulgada pelo jornal The Guardian, indica que a exposição a diversos inseticidas amplamente utilizados pode estar ligada à diminuição na concentração de espermatozoides, levantando preocupações sobre os impactos desses produtos na fertilidade masculina. O estudo, que analisou cinco décadas de pesquisas revisadas por pares, concentrou-se na relação entre a exposição a organofosforados e pesticidas à base de carbamato e a redução na concentração de espermatozoides.

Ao todo, cerca de 1.800 homens foram incluídos nos estudos analisados, revelando uma “associação forte”, conforme descrito pela coautora Melissa Perry, reitora do George Mason College of Public Saúde. Em entrevista ao The Guardian, Perry enfatizou a necessidade de reduzir a exposição a esses inseticidas, especialmente para homens que planejam constituir família.

As descobertas surgem em um contexto de crescente preocupação com a queda global na concentração e qualidade do esperma, estimada em cerca de 50% nos últimos 50 anos. Perry sugere que os inseticidas podem desempenhar um papel significativo nesse declínio.

Os organofosforados, responsáveis por aproximadamente 15 milhões de libras de aplicação anual nas terras agrícolas dos EUA, têm sido associados ao câncer, enquanto a exposição durante a gravidez está relacionada a distúrbios do desenvolvimento neurológico, como TDAH e autismo. A Agência de Proteção Ambiental (EPA) anunciou regulamentações mais rígidas este ano, reconhecendo a toxicidade desses compostos. Os carbamatos, usados de maneira semelhante, são neurotoxinas que afetam o sistema nervoso de insetos, sendo encontrados também em gramados e ambientes internos.

Perry alerta que esses produtos químicos interferem na produção hormonal do sistema endócrino humano, impactando diretamente a produção normal de espermatozoides. Além disso, podem causar danos nas células testiculares e afetar a neurotransmissão cerebral relacionada à reprodução.

Embora os trabalhadores agrícolas enfrentem a maior exposição, aproximadamente um terço dos participantes dos estudos foram expostos principalmente por meio de alimentos e outras vias ambientais. Perry ressalta que, embora a correlação seja mais forte em exposições ocupacionais, isso pode ser devido à falta de estudos sobre exposição ambiental.

Enquanto defensores da saúde pública pressionam a EPA por regulamentações mais rígidas ou proibição desses produtos químicos, Perry destaca que a responsabilidade não deve recair apenas sobre os indivíduos. Ela enfatiza a necessidade de soluções políticas que reconheçam a ameaça à saúde pública e destaca a importância de informar-se sobre alimentos com altos níveis de resíduos de pesticidas como uma medida de proteção.

A pesquisa reforça a urgência de ações para minimizar a exposição a esses inseticidas, sublinhando que a preservação da fertilidade masculina é uma questão de saúde pública que exige medidas efetivas.

Stella Legnaioli

Jornalista, gestora ambiental, ecofeminista, vegana e livre de glúten. Aceito convites para morar em uma ecovila :)

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