Loja
Apoio: Roche

Saiba onde descartar seus resíduos

Verifique o campo
Inserir um CEP válido
Verifique o campo

Programa de 12 semanas oferece ferramentas que auxiliam na recuperação e conscientização sobre abuso de drogas; aplicativo BeOK está disponível para download

Por Tabita Said em Jornal da USP Diário de consumo, metas de tratamento, botão do pânico. Estas são algumas das funcionalidades do BeOK, aplicativo para smartphones idealizado por duas psicólogas e pesquisadoras da USP. O app está disponível para download e se tornou uma ferramenta acessível para auxiliar o usuário de drogas a lidar com sua própria recuperação, mas com um diferencial: é baseado em pesquisa científica e prática clínica comprovada.

Utilizando técnicas de design de jogos, o BeOK oferece vídeos, testes e estatísticas sobre a evolução da pessoa dependente química, bem como reforços positivos em forma de níveis. Para isso, o usuário deve preencher um diário de consumo e acompanhar as metas de tratamento por 12 semanas. O app também dispõe de um botão de pânico personalizável. 

De acordo com as fundadoras do programa, seu diferencial está em oferecer um tratamento “padrão ouro” sem os custos e as dificuldades da terapia convencional – como escassez de profissionais qualificados, problemas com deslocamento e até mesmo o medo de julgamento. Na busca por um serviço especializado, somente um em cada seis pacientes que procuram ajuda recebe tratamento.  

“É um trabalho baseado em evidência científica em que a gente pode transportar o que fazia presencialmente para o aplicativo, mas mantendo as metodologias e abordagens no tratamento psicoterápico da dependência”, explica Flavia Serebrenic, que destaca o anonimato como uma solução adjacente da ferramenta.

A ideia do aplicativo surgiu das pesquisas de doutorado de Flavia e de mestrado de Natália Ragghianti, psicólogas e integrantes do Grupo Interdisciplinar de Estudos em Álcool e Drogas (GREA) do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina (FM) da USP. A primeira versão do app foi desenvolvida por alunos de diversas áreas do conhecimento e gerenciado pelo Núcleo de Empreendedorismo da USP, mas era restrito a um pequeno grupo de usuários para testes.

Passada a fase de validação, as pesquisadoras chegaram a um modelo mais robusto e profissional, lançando mão de recursos como vídeos, reminders e personificação para engajar o usuário a mudar o comportamento. Entre outras estratégias, o programa utiliza a entrevista motivacional e a psicoeducação para propor a melhoria da qualidade de vida da pessoa dependente química. “Não necessariamente a abstinência, mas no mínimo ajudar a pessoa a se tornar mais consciente”, pondera Flavia. Segundo a pesquisadora, a ambivalência é uma marca das pessoas nesta condição. E ter um recurso disponível no celular no momento em que ela pensa em pedir ajuda, pode ser um começo decisivo.

Ajudando pessoas a ficarem bem

Mesmo aberto ao público, o aplicativo mantém a marca da pesquisa científica, uma vez que o usuário contribui para a avaliação tanto da ferramenta, quanto da efetividade do tratamento. Além de baixar e usar o app, o usuário pode participar do ensaio clínico randomizado neste link, que tem como objetivo testar a usabilidade e, ao mesmo tempo, aperfeiçoar o auxílio a usuários de álcool, cocaína, crack e maconha. Os inscritos no estudo devem assinar um termo de consentimento e poderão receber o tratamento completo gratuitamente.

Todo o conteúdo do aplicativo é fundamentado em abordagens cientificamente comprovadas como efetivas pelas especialistas em dependência química. O embasamento científico envolve técnicas como Entrevista Motivacional, Terapia Cognitivo-Comportamental, Prevenção à Recaídas, Treinamento de Habilidades Sociais e Manejo de Contingências, mas agrega a vantagem da vasta prática clínica das psicólogas.

“A nossa proposta não é a de uma terapia on-line, e sim uma intervenção on-line. Nesta primeira versão do nosso app, não há interação com um profissional; é totalmente inteligência artificial, numa abordagem baseada em evidência”, destaca Natália. Ela conta que um dos objetivos futuros da pesquisa é dispor de uma equipe de plantão para os casos em que a inteligência artificial não seja suficiente.

AA: Acessível e Anônimo

A chamada mHealth ou Mobile Health está presente em relógios que monitoram a frequência cardíaca, biossensores para medir a taxa glicêmica de pacientes diabéticos e, claro, nos aplicativos para smartphones que acompanham a saúde do usuário. No primeiro trimestre de 2021, mais de 53 mil aplicativos médicos estavam disponíveis no Google Play Store, a loja oficial de aplicativos do sistema Android.

O futuro do setor é promissor, mas precisa de apoio para emplacar. Para isso, Flavia e Natália tornaram o BeOK um modelo de negócio. Pensando em expandir a pesquisa e o número de usuários atendidos, atualmente a startup das pesquisadoras busca por parceiros.

Com um pé na pesquisa e outro no social, a empresa dá novos passos apresentando a ideia como um potencial benefício corporativo. “Hoje você tem esse cuidado com a qualidade de vida nas empresas, como o gympass. Ele pode entrar nesse contexto de benefício ao colaborador e seus familiares”, propõe Natália.

Em pouco mais de uma semana de uso irrestrito, o BeOK já tem mais de mil contas ativas e contabilizou mais de 900 usuários, até o momento. 


Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos. Saiba mais